São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

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MOTOR

Pacote entregue

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

A encomenda finalmente chegou ao seu destino. A GPWC sentou à mesa nesta semana para "sugerir" mudanças na F-1 e desistir de montar uma categoria própria em 2008.
A holding formada pelas grandes montadoras envolvidas com o esporte reagiu ao pacote histérico da dupla Mosley/Ecclestone e acenou com a pizza que parecia impossível há alguns meses: mais dinheiro para os times, regulamento estável e TV aberta. Acrescentou-se uma quarta reivindicação, "transparência", demagógica e decorativa, a azeitona da pizza.
De diferente do que já propunha, apenas o tom transigente. Foi a primeira vez que o grupo abriu mão da tal categoria própria. Ecclestone, ainda em Xangai, encampou novo discurso, afirmando que o futuro da F-1 é promissor e que a Volkswagen será a próxima montadora a ter uma equipe nas pistas. Na Europa, já se fala que a Porsche tem um projeto para 2005. Enfim, a crise econômica mundial foi esquecida em apenas uma semana.
Ontem, uma pré-reunião foi realizada pelos times com a FIA. A de segunda-feira será para a imprensa. Devem passar apenas algumas das exigências técnicas, a palhaçada do rodízio vai virar folclore. Prepare-se para a volta dos treinos de classificação na sexta-feira e para a limitação dos motores. O polêmico lastreamento é zebra, a padronização de componentes mais ainda. Qualquer coisa fora disso será surpresa ou tragédia, pois qualquer coisa fora disso os grandes times não acatarão e haverá impasse.
E na improvável hipótese do impasse, a coluna vai ter que passar a falar de rali, Nascar, o que melhor sobrar. Mas isso, claro, não vai acontecer.

O que pode acontecer na segunda-feira, segundo a agência Reuters, é a exclusão do GP da Bélgica por causa das leis antitabagistas. Ao contrário de outros países europeus, que concordaram com o prazo dado pela FIA para o fim do cigarro na F-1, em 2006, o governo belga tem uma lei local que prevê o banimento já para 2003.
Essa expectativa deixou a corrida na condicional nos últimos dois calendários, mas tudo acabou se resolvendo de última hora. Parece que a coisa agora vai ser diferente. São os times que ainda dependem do cigarro que defendem o veto. E o final da novela é mais do que melancólico, a F-1 vai perder Spa, de longe seu circuito mais espetacular. E com Bahrein e Xangai na fila, não deve voltar. Coisas assim é que deixam a categoria chata. E coisas assim eles não mudam.

E falando em cigarro, Interlagos deveria, pelo menos em tese, sofrer restrições parecidas no ano que vem. A legislação brasileira prevê banimento total da publicidade de cigarro no esporte a partir do mês de janeiro. Segundo consta, a lei não vai mudar e não haverá exceção. Os carros é que correrão como na Inglaterra e na França, sem as logomarcas.
E o que o bananal tem que Spa não tem? Ecclestone por trás da organização de um dos mais caros (e rentáveis) GPs do calendário. O argumento oficial, ser a única corrida da América do Sul, em uma categoria que se vende como Mundial, não é suficiente.
Ecclestone ganha muito dinheiro por aqui. Interlagos só sai do calendário se isso mudar.

GP Brasil 2003
A organização do evento começou a vender nesta semana ingressos para a corrida pelo telefone (0/xx/11) 3328-3231. O mais barato, o velho e bom setor G, sai por R$ 218. O mais caro -para mortais, claro-, o setor D chega a R$ 1.095. Aceita cartão de crédito, parcela em cinco vezes e diz que entrega em casa.

Forca
Montoya se casa hoje à noite, em Cartagena, com esquema de segurança equivalente a visita de chefe de Estado. O centro histórico da cidade, onde fica a Igreja de Santo Toribio, local da cerimônia, será fechado para pedestres e carros, o que causou protestos de comerciantes. O enlace, para 300 convidados (Barrichello, sabe-se lá por quê, e o pessoal da Indy, na Austrália, são sentidas ausências), é tratado como o evento do ano na Colômbia. Explica-se, Montoya, apesar de estar ainda no início de sua carreira na F-1, já é considerado um dos maiores nomes da história do esporte no país.

E-mail mariante@uol.com.br



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