DO ENVIADO A ASSUNÇÃO

Ele ganhava um bom dinheiro, tinha as mulheres que queria e ganhou o apelido de Morteiro Mágico pelos golaços que fazia de falta. De repente, os dramas: a dispensa injusta, a fratura que o alijou nove meses dos campos e o fim do sonho da seleção e de jogar na Europa.
O meia-atacante trocou a vida de fábula para ser motorista. Parou numa mina com outros 32 companheiros no Chile. E saiu de lá como herói para reencontrar o futebol.
Homenageado em vários lugares, Franklin Lobos já tem um recente dissabor com o esporte: a troca de comando na seleção chilena.
"Me convidaram para palestras de motivação para as categorias de base, mas isso ficou no ar com a nova eleição na federação e a perda de um grande presidente [Mayne-Nicholls] e um dos melhores técnicos do mundo [Marcelo Bielsa]", disse Lobos.
O 27º mineiro resgatado da mina San José disse que teve muitas alegrias no Cobresal, humilde time chileno com o qual foi campeão da segunda divisão em 1983/84. Ajudou a classificá-lo para uma inédita Libertadores em 1986.
"Foi um sofrimento o que tive recentemente, mas houve uma dor grande na minha carreira: não joguei a Libertadores. Fiz o gol contra a Universidade Católica e nos classificamos. Tive um problema com o técnico e ele me dispensou. Ele estava louco. Depois, ele reconheceu que tinha se equivocado."
Lobos voltou ao Cobresal em 1987 e esteve a ponto de jogar a Copa América.
"Voltei e joguei com Zamorano. Fui para a seleção, íamos para a Copa América da Argentina. Me quebraram a tíbia e o perônio antes do torneio e fiquei nove meses sem jogar. Estava vendido ao Brugge, da Bélgica, mas a transferência caiu."
Sua maior característica era o chute forte. "Era tecnicamente muito bom, não era de correr muito. Fazia muitos gols de falta. Contra o Serena, bati três faltas e fiz três gols, daí veio o apelido de Morteiro Mágico. Contra o Brasil, perdemos de 3 a 2 no Pré-Olímpico para 1984, mas classificamos no saldo de gols. Foram os melhores momentos da carreira." (RBU)


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