São Paulo, domingo, 26 de dezembro de 2004

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FUTEBOL

A última polêmica do centenário

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Você pensa que o ano do centenário da Fifa já acabou e que as polêmicas envolvendo os festejos da entidade também acabaram? Estátua! Literalmente.
A obra de arte criada para eternizar os cem anos da Fifa é conhecida ainda por pouca gente e tem tudo para gerar polêmica pelos próximos cem anos. Lembra da criticada lista elaborada com a ajuda de Pelé dos que seriam os cem mais "representativos" jogadores da história? Pois bem, a lista foi reduzida para 15 nomes, que viraram estátua em Zurique. Assim como a camisas são "retiradas" e "penduradas" na NBA como forma de homenagem, 15 atletas estarão agora para sempre com os seus lendários uniformes esculpidos na cidade que abriga a máxima entidade do futebol.
Uma sequóia gigante de 101 anos se transformou em uma peça de mais de 10 m e 2,5 toneladas pelas mãos de Stephan Schmidlin. A idéia passa por uma árvore genealógica do futebol, que tem em sua base algumas das maiores lendas, como Pelé, Franz Beckenbauer e Sir Bobby Charlton. Acima deles, está uma outra fornada de craques, mais jovens, como Cruyff e o controverso Maradona.
Os jogadores, como em uma pirâmide circense, se apóiam uns nos outros e, no topo, seguram um globo terrestre, o "futebol".
Apenas dois brasileiros estão nessa seleta homenagem. As duas camisas amarelas que aparecem na obra são a 10 (do "Rei", é claro) e a 9 de Ronaldo, o "Fenômeno". O Brasil tem o mesmo número de integrantes que a França e a Inglaterra na estátua -os franceses Platini e Zidane e os ingleses Bobby Chalton e Beckham representam os seus países na peça.
Há, simpaticamente, uma mulher: a norte-americana Mia Hamm. Tem, politicamente, um africano: o camaronês Roger Milla. E figura, comercialmente, um asiático: o japonês Nakata.
São poucos os números de camisa "eternizados" pela Fifa: o 10 de Argentina, Brasil e França (essa última duplamente), o 9 de Brasil, EUA e Portugal, o 1 da antiga União Soviética e da Itália, o 7 da Inglaterra e do Japão, o 5 da Alemanha, o 13 da Inglaterra, o 14 da Holanda e o 23 de Camarões.
Se muitos craques fizeram falta àquela polêmica e inchada lista do Pelé no começo do ano, quantos não farão à "árvore da bola"?
A Fifa encheu o calendário de festividades e, talvez pelo excesso de promoções, deu suas escorregadas. A eleição de melhor jogador do ano, por exemplo, inovou com os votos dos "boleiros". Mas os sindicatos dos atletas, chamados a participar, tiveram seus votos descartados, em atitude mais que estranha. A lista que apontou Ronaldinho merecidamente como o melhor do planeta ignorou mais de 20% dos votos que foram colhidos, uma "virada de mesa" nada sutil que alterou por completo o resultado final da eleição.
Ídolos lamentando por terem sido esquecidos em homenagens, sindicatos e algumas federações reclamando por serem barrados em votação, clubes pedindo dinheiro e movendo ação pela cessão de atletas às seleções, jogadores morrendo em campo sistematicamente... Muita coisa precisa ser feita e melhorada no 101º ano.

Aluga
A Fifa não vai mais vender sua atual e aconchegante sede em Sonnenberg, região montanhosa e pomposa de Zurique. O antigo hotel que foi reformado e ampliado nos últimos anos será alugado, segundo Urs Linsi, secretário-geral da entidade. Já há ofertas. A Fifa se muda de casa pouco antes da Copa de 2006. A nova sede será em terreno perto do zoológico de Zurique. O novo terreno, só para lembrar, foi adquirido, não se sabe por quanto, junto ao Credit Suisse First Boston (CSFB), banco que tirou o presidente Joseph Blatter e a Fifa de apertos financeiros e que teve Linsi como diretor por quase 20 anos.

Festeja
A formal festa que fechou o centenário da Fifa acabou com show de Lionel Richie no palco e, acredite, de Platini na pista de dança.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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