São Paulo, sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

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"Novo Guga", Bellucci tenta se firmar

Com meta de sair dos torneios menores, número um do Brasil troca estréia em São Paulo por qualifying na Austrália

Brasileiro, que mudou de treinador mesmo após salto de 117 posições no ranking, afirma que também precisa de melhora extra-quadra


Ricardo Nogueira/Folha Imagem
O brasileiro Thomaz Bellucci, 85º tenista do ranking e que afirma falar pouco para não dizer besteira, saca em treino em São Paulo para a próxima temporada

FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde que Gustavo Kuerten deixou de ser número um do Brasil em 14 de fevereiro de 2005, o posto foi ocupado por cinco tenistas, mas nenhum deles se estabeleceu na principal série de torneios do circuito.
O paulista Thomaz Bellucci, 20, detentor da chancela de melhor tenista do país na atualidade, inicia a temporada 2009 com esse objetivo em mente.
"A meta é conseguir sair dos challengers [torneios com premiação e pontuação menores]", disse o brasileiro. "Preciso me estabelecer nos ATP Tour."
Mas, mais do que discurso, Bellucci coloca o plano em prática. Ele inicia a temporada disputando o qualifying do Torneio de Brisbane, evento australiano que concede 250 pontos no ranking ao campeão.
Todos os outros ex-números um brasileiros em atividade optaram por estrear na temporada em um challenger no Parque Villa-Lobos, em São Paulo, que reserva 80 pontos ao vencedor.
Dos 508 pontos que colocam o paulista de Tietê (159 km de São Paulo) na 85ª colocação no ranking mundial, 383, ou 75,39%, são de challengers -série na qual conquistou quatro títulos em 2008.
"Quase 80% dos meus pontos estão concentrados no primeiro semestre, então preciso começar o ano muito bem", afirmou ele, que terminou 2007 apenas como o 202º do mundo e quarto do Brasil.
Sua ascensão veio em parceria com Léo Azevedo, treinador com quem começou a trabalhar no final da temporada passada e chegou a alcançar a 67ª posição no ranking, em junho.
Os resultados o classificaram para a Olimpíada de Pequim, algo improvável, quando o trabalho com o técnico começou.
Por tudo isso, o anúncio, no mês passado, do rompimento foi considerado surpreendente.
"Foi uma decisão pessoal", afirmou Bellucci, na ocasião. "Meus planos estavam um pouco diferentes dos dele, então optei pela mudança."
Já no fim da pré-temporada com seu novo técnico, João Zwestch, o tenista não prolonga muito o assunto sobre a mudança. "O trabalho com o Léo foi bom, mas já é passado. Fiz a escolha certa", afirmou.
Agora com a necessidade de defender os pontos que conquistou na sua escalada, Bellucci diz não se sentir pressionado pelo fato de ser apontado como o novo "sucessor de Guga". "Promessas sempre vão ter umas 20. Procuro levar na boa, sem me preocupar muito."
Mas o próprio jogador admite que sentiu a pressão na Costa do Sauípe, em fevereiro.
O torneio marcava o início da turnê de despedida de Guga e o segundo ATP Tour de Bellucci.
Seu adversário foi o equatoriano Nicolas Lapentti, um ex-top ten, que não teve muito trabalhado para marcar duplo 6/2.
"Fui péssimo [naquele jogo]. Não estava preparado", afirma.
Após a temporada em que apareceu no circuito, Bellucci se mostra mais solto no contato com jornalistas. "É que sou sério. Falava menos porque é melhor não falar muito do que ficar falando besteira."
Ele diz que duas coisas que não mudaram são sua dificuldade com o inglês, idioma do circuito, e o assédio feminino.
"Minha irmã é professora de inglês. Fiz algumas aulas com ela, mas ainda preciso melhorar", afirmou. "Quanto ao assédio, não aumentou nada. Acho que preciso ser top 50 pelo menos", disse Bellucci, que é chamado de Sid (o bicho-preguiça de "A Era do Gelo") pelos tenistas brasileiros do circuito.


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