UOL


São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AÇÃO

Passando o limite

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Noronha cobrou caro, há duas semanas, a taxa que o surfe exige dos menos prudentes. Um surfista iniciante morreu sexta-feira depois de ser duramente castigado pelas pesadas e ocas ondas da Cacimba do Padre.
Uma ondulação de no mínimo seis pés havaianos, que muita gente jura ter quebrado com oito, é uma cena maravilhosa, tentadora e arriscadíssima.
No ano passado, o documentário que mostra as etapas do circuito mundial revelou que até mesmo os profissionais de grosso calibre tremem quando o mar ultrapassa seus limites. Quem assistiu à etapa Teahupoo no Tahiti viu medo no rosto de boa parte desses profissionais.
Tem que fazer parte do arsenal de um bom surfista a capacidade de avaliar até onde vão suas habilidades e onde fica a barreira imposta por seus limites.
Lisandro, um surfista amador que trabalha com o Ibama, fez o que pôde tentando trazer de volta à vida um surfista que não soube executar com precisão essa avaliação. O rapaz morreu.
Em tempo, no fim de semana seguinte, os surfistas locais, aproveitando a estrutura deixada, fizeram sua competição interna em ondas consideradas cabulosas por quem teve o privilégio de assistir da praia. Detalhe, o prêmio para o campeão era um par de óculos escuros.
O snowboarder Jeffrey Anderson, 23, morreu de forma bizarra no fim de semana passado.
Uma das maiores promessas do esporte, o norte-americano estava "treinando" para a competição da qual iria participar em Nagano, no Japão, na escada do hotel em que estava hospedado.
Como se treinar na escada na véspera do prova já não fosse suficientemente esquisito, eram 3h15 da madrugada quando Jeffrey, que descia as escadas lateralmente e de costas para aprimorar manobras, perdeu o equilíbrio e rolou 50 pés até finalmente parar, já desacordado.
Foi levado ao hospital, mas pronunciado morto devido a traumatismos cranianos.
 
Na sétima edição dos X-Games de inverno, um esporte ganhou em popularidade dos demais.
Trata-se do SnoCross, uma corrida de motos de neve modificadas e envenenadas, que fazem um barulho do diabo e se enfrentam em uma pista cheia de calombos, desvios e obstáculos.
É cristalino como o gelo que o que assombra e deleita os americanos são tombos espetaculares e saltos de mais de três andares. Não é preciso dizer que o pacato resort que sediou os jogos foi transformado em pista de combustão espontânea.
Quem pilota uma moto dessas na neve, com nove outros indivíduos em calorosa perseguição, não necessariamente quer interagir com o ambiente. É também discutível que tipo de coeficiente esportivo uma atividade que requer motores diferentemente regulados pode ter. Mas tamanho foi o sucesso desse tal SnoCross que ele parece ter entrado de vez na lista de esportes dos jogos.

Embalado
Apesar de estar sem seu principal patrocinador, Neco Padaratz, depois de ganhar o WQS de Fernando de Noronha, voltou a vencer, na terceira etapa do Abrasp SuperTrials, em Torres (RS).

Cachorrada
Está em curso a 31ª Iditarod Trail Slad Dog, uma corrida movida a cachorros. São 1.800 quilômetros, cruzando o Alasca de lado a lado. O primeiro colocado deve completar a loucura gelada em 15 dias.

Não vai rolar
Salvo um furacão do além, a segunda edição da Tow-In World Cup, cujo período de espera termina amanhã, não vai acontecer este ano. A prova de ondas grandes em Maui é organizada por brasileiros.

E-mail sarli@revistatrip.com.br


Texto Anterior: Automobilismo: FIA proíbe biombos nos boxes e divulga novo regulamento da F-1
Próximo Texto: Futebol - Soninha: Entusiasmo, desânimo, entusiasmo...
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.