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Criticado, trio defensivo vira paredão de Parreira
Com Dida, Cafu, e Roberto Carlos em campo, seleção, que pega a Rússia na quarta, leva menos de um gol por partida, mas perde brilho ofensivo
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A lealdade do técnico Carlos Alberto Parreira com os três titulares mais velhos e criticados de sua
seleção brasileira tem a defesa como principal justificativa.
Desde que reassumiu o time nacional, em 2003, o treinador viu
seu time ser uma fortaleza quando ele pode escalar juntos o goleiro Dida, 32, e os laterais Cafu, 35, e
Roberto Carlos, 32.
Foram 22 jogos com o trio, nas
quais o Brasil foi vazado apenas 14
vezes, o que significa a fantástica
média de 0,64 tento sofrido por
partida. Quando não contou com
os três atletas, como vai acontecer
nesta quarta, no amistoso contra
a Rússia, em Moscou, a média da
seleção cresce para 1,04, um incremento de 63%.
Sem o mesmo fôlego do passado, Cafu e Roberto Carlos já não
avançam tanto, o que justifica o
fortalecimento na marcação. Mas
isso tem um preço, e justamente o
que o torcedor brasileiro menos
gosta de pagar no futebol.
Na Copa América de 2004 e na
Copa das Confederações do ano
passado, competições que o Brasil
conquistou, o time teve média de
2,27 gols pró por jogo. Quando os
dois e mais Dida estiveram em
campo, a marca brasileira nesse
quesito caiu para 2,04 gols.
Muito mais ousado hoje do que
em toda a sua carreira, Parreira
nem pensa em sacar Cafu e Roberto Carlos, movimento que deixaria a tática do quarteto ofensivo
ainda mais vulnerável.
Isso porque os reservas dos dois
têm características nas laterais
que não agradam ao treinador.
Quando foi escalado na Copa das
Confederações, Cicinho foi enquadrado. Parreira lhe disse que o
queria como lateral e não na função de ala, como fazia no São Paulo. "Não terei problemas em me
adaptar", disse o jogador, à época.
No Real Madrid, o seu novo clube,
Cicinho mais uma vez desempenha, em alguns jogos, função diferente da que quer o treinador da
seleção brasileira -ele já substituiu Beckham no meio-campo do
time espanhol. Na lateral esquerda, o corintiano Gustavo Nery é
outro sem cacoete defensivo.
Os jogadores de marcação do
meio-campo da seleção, na verdade, agradecem a manutenção de
Cafu e Roberto Carlos. "Para jogarmos com os quatro da frente,
precisamos da ajuda de todo
mundo. Não dá para descer todo
mundo ao mesmo tempo", afirma o volante Emerson, o mais sacrificado no esquema montado
por Parreira para o time nacional.
Vantagem
Quanto a Dida, a comparação
com os outros dois goleiros que o
treinador planeja levar para o
Mundial é francamente favorável
ao arqueiro do Milan. Enquanto o
preferido de Parreira tem média
inferior a um gol sofrido por jogo,
o palmeirense Marcos, seu reserva imediato e titular durante a
campanha da última Copa, ostenta uma média de 1,5 tento sofrido
nas quatro partidas em que foi titular com Parreira.
Dida, Marcos e Júlio César, goleiros favoritos do treinador da
seleção, não estarão no grupo que
deve desembarcar na noite de hoje (à tarde no Brasil) na gélida
Moscou, em vôo fretado. Os três
estão contundidos. As vagas serão
ocupadas por Rogério Ceni, do
São Paulo, e Gomes, do PSV.
O time só faz um treino amanhã, no estádio do Lokomotiv,
palco do amistoso de quarta-feira.
Será o último duelo antes da convocação para a Copa, que começa
em junho na Alemanha.
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