São Paulo, segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

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Criticado, trio defensivo vira paredão de Parreira

Com Dida, Cafu, e Roberto Carlos em campo, seleção, que pega a Rússia na quarta, leva menos de um gol por partida, mas perde brilho ofensivo

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A lealdade do técnico Carlos Alberto Parreira com os três titulares mais velhos e criticados de sua seleção brasileira tem a defesa como principal justificativa.
Desde que reassumiu o time nacional, em 2003, o treinador viu seu time ser uma fortaleza quando ele pode escalar juntos o goleiro Dida, 32, e os laterais Cafu, 35, e Roberto Carlos, 32.
Foram 22 jogos com o trio, nas quais o Brasil foi vazado apenas 14 vezes, o que significa a fantástica média de 0,64 tento sofrido por partida. Quando não contou com os três atletas, como vai acontecer nesta quarta, no amistoso contra a Rússia, em Moscou, a média da seleção cresce para 1,04, um incremento de 63%.
Sem o mesmo fôlego do passado, Cafu e Roberto Carlos já não avançam tanto, o que justifica o fortalecimento na marcação. Mas isso tem um preço, e justamente o que o torcedor brasileiro menos gosta de pagar no futebol.
Na Copa América de 2004 e na Copa das Confederações do ano passado, competições que o Brasil conquistou, o time teve média de 2,27 gols pró por jogo. Quando os dois e mais Dida estiveram em campo, a marca brasileira nesse quesito caiu para 2,04 gols.
Muito mais ousado hoje do que em toda a sua carreira, Parreira nem pensa em sacar Cafu e Roberto Carlos, movimento que deixaria a tática do quarteto ofensivo ainda mais vulnerável.
Isso porque os reservas dos dois têm características nas laterais que não agradam ao treinador. Quando foi escalado na Copa das Confederações, Cicinho foi enquadrado. Parreira lhe disse que o queria como lateral e não na função de ala, como fazia no São Paulo. "Não terei problemas em me adaptar", disse o jogador, à época. No Real Madrid, o seu novo clube, Cicinho mais uma vez desempenha, em alguns jogos, função diferente da que quer o treinador da seleção brasileira -ele já substituiu Beckham no meio-campo do time espanhol. Na lateral esquerda, o corintiano Gustavo Nery é outro sem cacoete defensivo.
Os jogadores de marcação do meio-campo da seleção, na verdade, agradecem a manutenção de Cafu e Roberto Carlos. "Para jogarmos com os quatro da frente, precisamos da ajuda de todo mundo. Não dá para descer todo mundo ao mesmo tempo", afirma o volante Emerson, o mais sacrificado no esquema montado por Parreira para o time nacional.

Vantagem
Quanto a Dida, a comparação com os outros dois goleiros que o treinador planeja levar para o Mundial é francamente favorável ao arqueiro do Milan. Enquanto o preferido de Parreira tem média inferior a um gol sofrido por jogo, o palmeirense Marcos, seu reserva imediato e titular durante a campanha da última Copa, ostenta uma média de 1,5 tento sofrido nas quatro partidas em que foi titular com Parreira.
Dida, Marcos e Júlio César, goleiros favoritos do treinador da seleção, não estarão no grupo que deve desembarcar na noite de hoje (à tarde no Brasil) na gélida Moscou, em vôo fretado. Os três estão contundidos. As vagas serão ocupadas por Rogério Ceni, do São Paulo, e Gomes, do PSV.
O time só faz um treino amanhã, no estádio do Lokomotiv, palco do amistoso de quarta-feira. Será o último duelo antes da convocação para a Copa, que começa em junho na Alemanha.


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