São Paulo, terça-feira, 27 de março de 2007

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longe de casa

Contra Gana, Brasil amplia seu exílio

Em Estocolmo, seleção disputa hoje sua 17ª partida longe do país, onde não atua desde 2005, por questões comerciais

Jogadores até sentem saudades de atuar no Brasil, mas gostam da comodidade e do conforto de defender a seleção em solo europeu


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A ESTOCOLMO

Os habitantes de Trosa (calcinha, em sueco), cidade a quase uma hora de carro de Estocolmo, tiveram ontem uma oportunidade que os brasileiros não vão ter por dois anos.
Desde outubro de 2005, quando pegou a Venezuela em Belém, a seleção, que hoje faz amistoso contra Gana, novamente em solo sueco, não joga ou treina no país. Já são 17 partidas longe de casa. Pelo calendário, só deve voltar a fazer isso em outubro, quando pega o Equador pelas eliminatórias.
Computados apenas os jogos com padrão Fifa, quase 80% dos times nacionais reconhecidos pela entidade jogaram em seus domínios desde que começou o exílio brasileiro.
Na lista de companheiros do Brasil, a Argentina é a única digna de nota, mas pelo menos o time de Tevez fez parte da sua preparação para a Copa-06 nos arredores de Buenos Aires.
Os "exilados" são países onde o futebol é inexpressivo, como a Samoa Americana, ou envolvidos em conflitos, casos de Afeganistão e Iraque -porém, outros países em conflito, como Haiti e Líbano, até chegaram a jogar em seus territórios.
A distância do Brasil até chateia os jogadores, mas os que atuam na Europa preferem celebrar as vantagens logísticas. "De Milão até aqui [Suécia] são apenas duas horas de vôo", afirma Kaká. "O desgaste de jogar na Europa é muito menor", pondera o capitão Lúcio, que atua na Alemanha.
A não liberação dos atletas pelos clubes europeus é uma das explicações pelo tempo que o Brasil não atua em casa.
Philippe Huber, o dono da Kentaro, empresa que organiza os amistosos da seleção, diz que adoraria fazer um jogo no Brasil, mas que isso deve ser perguntado ao presidente da CBF.
Sem nada a ter com isso, os habitantes de Trosa ganharam um presente inesperado. O treino de ontem estava marcado para o estádio Rassunda, palco do jogo contra Gana. Mas os organizadores disseram que o gramado está com problemas e seria melhor evitar um desgaste. De quebra, evitaram um treino com muita gente e a possibilidade de novas invasões.
Na bucólica Trosa, os fãs ficaram separados da seleção por uma cerca bem distante do gramado, que estava cheio de lama. "O campo estava bastante pesado", reconheceu Dunga.
O cenário parecia tão amador que um repórter sueco perguntou se o técnico não se sentia como no começo da carreira, no interior do Brasil. "A paixão do futebol é igual em qualquer lugar", foi a resposta.
Depois de mais uma excursão sueca, o Brasil disputará dois novos amistosos na Europa em junho. Um provavelmente contra a Inglaterra no novo Wembley. O outro pode ser contra o México. Logo depois o time disputa a Copa América da Venezuela. Antes do retorno ao Brasil pelas eliminatórias, no Maracanã, a seleção deve jogar nos EUA, no amistoso que a AmBev, patrocinadora da CBF, tem direito a explorar a cada temporada.
NA TV - Brasil x Gana Globo, ao vivo, às 14h30

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