São Paulo, sexta-feira, 27 de abril de 2001

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FUTEBOL

Técnico diz que empate com Peru não é suficiente para mudar rumo

Leão admite erros, mas insistirá em renovação

DA REPORTAGEM LOCAL

A "mudança de filosofia" implantada pelo técnico Emerson Leão no jogo de anteontem contra o Peru, cujo maior reflexo foi a reformulação radical do elenco, terá prosseguimento, apesar da péssima atuação da seleção no Morumbi e do empate em 1 a 1.
Na avaliação do treinador, uma partida é muito pouco para abortar as modificações.
"Não posso entrar em pânico. Tenho que ter o bom senso de continuar aquilo a que nos propusemos. Nossa comissão [técnica" é responsável por aquilo que faz, mas às vezes não é possível você ter a solução em 24, 48 ou 72 horas", afirmou Leão após o jogo.
Dos 22 atletas chamados para o jogo contra o Peru, cinco jamais haviam sido convocados para a seleção. Somente três jogadores que atuam no exterior integraram a lista, e astros como Rivaldo, Roberto Carlos, Cafu e Ronaldinho foram excluídos por Leão.
À exceção do atacante Ewerthon, que teve uma atuação razoável, as novidades do time titular foram o destaque negativo da seleção anteontem. Os estreantes Alessandro, Leomar, Mineiro e Washington estiveram apáticos, assim como os corintianos Marcelinho e Ricardinho, que não atuavam pelo Brasil desde a gestão de Wanderley Luxemburgo.
Leão demonstrou uma posição dúbia em relação ao problema. Ao mesmo tempo em que elogiou os estreantes -e defendeu também a criticada substituição de Ricardinho por Mineiro-, disse que promoverá mais mudanças nas próximas convocações.
"Nós temos que mudar uma filosofia, mas temos que saber o momento certo para mudar. Pode ter certeza de que iremos testar mais jogadores, porque ainda não temos uma equipe definida para disputar esse torneio [eliminatórias" nem o Mundial."
O dilema do técnico tem de ser resolvido até 9 de maio, quando será convocado o grupo que disputará a Copa das Confederações, no Japão e na Coréia do Sul, entre 30 de maio e 10 de junho. Mesmo que insista em novatos e atletas pouco conhecidos, é quase certo que os "estrangeiros" estarão em maior número. Ao menos Rivaldo e Cafu devem voltar.
Uma coisa é certa: Leão vai mudar a forma de treinar da seleção.
Em um dos momentos mais constrangedores da entrevista coletiva que o técnico concedeu após o jogo, ele admitiu que utilizou de forma errada o único treino coletivo que realizou antes de enfrentar o Peru.
"Se todos os adversários jogam igual contra o Brasil, dificultando os espaços, por que não houve uma simulação disso no treino?", perguntou um repórter.
"Você tem razão. Eu errei, pronto", resumiu-se a responder Leão, causando um silêncio geral.
O mea culpa do técnico prosseguiu quando ele falou sobre a falta de tempo para treinar, um dos maiores obstáculos da seleção.
"Não podemos culpar a falta de tempo em 90%, 100%. Temos de ter maior poder de fogo e o tempo certo, que, sinceramente, não é esse. Lógico que está desconfortável, mas, quando menos se espera, volta-se a fazer espetáculo. Estamos esperando encontrar esse momento o mais rápido."
Nos próximos meses, Leão terá pela primeira vez desde que assumiu um período longo para preparar seu time. A abertura da Copa das Confederações é em 30 de maio, mas a seleção embarca para o Japão dez dias antes. Caso o Brasil vá à final, Leão terá ficado 20 dias com seus atletas.


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