São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 2011

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MOTOR

FÁBIO SEIXAS - fabioseixas.folha@uol.com.br

O botão, a asa traseira e os números sem coração

NÃO HÁ NADA mais belo no automobilismo do que uma boa disputa por posição.
O perseguidor se aproxima, volta após volta, descontando milésimos de segundo. Alcança o perseguido. Procura, estuda um caminho. Calcula os riscos. Parte para o bote. Coloca o carro lado a lado. Rodas se tocam. Faíscas. E então o perseguidor passa à frente. Ou desiste, para tentar tudo de novo mais tarde. Ou sai da pista. Ou os dois batem, e a polêmica se instaura.
É a essência, sempre foi, desse antigo negócio chamado corrida de automóveis. A F-1 viveu duelos célebres, que encheriam este espaço: Piquet x Senna na Hungria, Villeneuve x Arnoux em Dijon, Mansell x Berger no México, Hakkinen x Schumacher (e Zonta no meio) em Spa...
E ainda bem que temos boa memória. E o YouTube. Porque lances assim, por ora, só em gravações.
Na semana passada, o site oficial da F-1, gerido por Ecclestone, fez festa para os números de ultrapassagens -uma estatística, diga-se, que sempre foi desprezada e sobre a qual é complicado encontrar dados confiáveis.
Agora, porque é o resultado do regulamento que inventou, Ecclestone acha que o levantamento vale a pena.
Espalha um "boom" em ultrapassagens na F-1: de 2,3 para 24,5, em média por GP, até Barcelona. Pronto, todo mundo copiou e colou a informação. Eba!
Supondo que os números estejam certos, porém, há uma questão crucial, fundamental: com que qualidade?
O piloto chega, aperta um botão, abre a asa, passa. Para, provavelmente, levar o troco na volta seguinte.
Assim as ultrapassagens vão crescendo em progressão geométrica, e Ecclestone continua sorrindo.
Na frieza dos números, qualquer ultrapassagem, qualquer Liuzzi x Glock turbinado pela asa traseira, é igual às quedas de braço citadas ali em cima. Não, não se deixe enganar. Números não têm coração.

RECORDAR É VIVER

Ainda bem que existe YouTube. No link www.bit.ly/motor1, algumas das maiores ultrapassagens da história, ao som de Dodgy e Cardigans


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