São Paulo, sábado, 27 de julho de 2002

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Bombril acerta com o Santos e sonda Scolari


Plano da empresa, que tem no comando amigo do treinador, é bancar seu salário no clube paulista e convencê-lo a ser garoto-propaganda da marca


FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Uma parceria que pode terminar com a volta de Luiz Felipe Scolari a São Paulo promete agitar o futebol paulista. O Santos assina, na semana que vem, contrato com a Bombril, que estampará sua logomarca na camisa do clube no Campeonato Brasileiro.
E, no que depender da empresa, Emerson Leão não ficará no Santos. O presidente da Bombril do Brasil, o italiano Gianni Grisendi, tem conversado com o técnico pentacampeão mundial para convencê-lo a treinar a equipe do litoral no Nacional-2002.
Scolari e Grisendi se conheceram no período em que o técnico dirigia o Palmeiras, e o executivo, a Parmalat, então parceira do clube. Mesmo após o rompimento da multinacional com o clube do Parque Antarctica, os dois mantiveram contato e hoje são amigos.
O projeto de Grisendi é ambicioso. Inclui a contratação de Scolari como garoto-propaganda da Bombril -a multinacional bancaria o salário do técnico, que ganha R$ 370 mil da CBF -e de atletas para reforçar o Santos.
Não custa lembrar que a Bombril pertence a Sergio Cragnotti, que controla a Lazio, um dos maiores clubes da Itália.
E que Scolari não esconde de ninguém que seu desejo é trabalhar na Europa, se possível na Itália. Pelo raciocínio, o Santos poderia até servir como ponte para Scolari trabalhar em Roma caso o novo técnico da Lazio, Roberto Mancini, ex-auxiliar de Sven Goran Eriksson, não emplaque.
Sem proposta, o gaúcho chegou a dizer a pessoas próximas que poderia ficar no Brasil até o início de 2003, quando o mercado europeu se abre novamente. Mas, na quarta-feira, em evento da Nike em Assunção, voltou a falar como técnico da seleção, aumentando o mistério em relação a seu futuro.
A Grisendi, Scolari disse que, por motivos éticos, não poderia aceitar de imediato a proposta. Alegou que só poderá discutir a viabilidade do projeto depois da conversa que terá com Ricardo Teixeira, no início de agosto.
O dirigente espera contar com o técnico no primeiro amistoso da seleção após o pentacampeonato, no próximo dia 21, em Fortaleza, que será a ratificação do apoio da CBF à candidatura de Ciro Gomes (PPS) ao Planalto.
Hoje, na Vila Belmiro, a diretoria do clube paulista, que enfrenta o Corinthians, deve anunciar inicialmente apenas um acordo de patrocínio com a Bombril. Mas, se Scolari aceitar o convite de seu amigo, o vínculo pode se estreitar.
A negociação entre Santos e Bombril teve início pouco antes da Copa. Marcelo Teixeira, presidente santista, e Grisendi já fecharam os principais pontos do acordo. O tempo de duração do contrato e os valores estão sendo mantidos sob sigilo pelas partes.
Com o patrocínio ao Santos, a Bombril volta a investir no futebol depois de estampar sua logomarca na camisa de outro paulista, o São Paulo, entre 1997 e 1998.
O retorno da empresa ao esporte mais popular do país coincide com a divulgação de notícias que dão conta de que a multinacional, que fatura R$ 500 milhões por ano no país, enviou R$ 1,3 bilhão ao exterior em operações irregulares, realizadas entre abril de 1996 e fevereiro do ano passado.
Após investigação que durou dois anos, o Banco Central pediu que a empresa seja investigada por evasão de divisas, fraude cambial e lavagem de dinheiro.
As direções do Santos e da Bombril foram contatadas pela reportagem para comentar a parceria e o convite a Scolari, mas tanto Marcelo Teixeira como Gianni Grisendi não foram localizados até o fechamento desta edição.


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