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MOTOR
Os CDFs
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
"Este é um dos melhores times da história da F-1."
Ross Brawn não economizou ao
falar do próprio trabalho, logo
após o quinto título de Michael
Schumacher, o quinto que o mais
notável parceiro do piloto alemão
controlou do pit wall pelo rádio.
Existem relacionamentos na
F-1 que são difíceis de decifrar, explicar. Alguns a história tratou de
elucidar, outros, de esquecer. Esse,
de um piloto com seu diretor de
equipe, vai merecer diversas reflexões, mas só será devidamente
compreendido quando e se os envolvidos derem chance para isso.
Moss não poupou críticas a
Schumacher mesmo antes da
consumação do pentacampeonato. Fora o grande adversário de
Fangio, e os repetidos fracassos
diante da genialidade do argentino o levaram naturalmente a respeitá-lo incondicionalmente. Não
é uma tentativa de justificar o
próprio "não-feito". É simplesmente o que anos de prática o levaram a forjar como lógica: Fangio era imbatível e ponto.
De maneira semelhante, Prost
surpreendeu ao louvar o arquiinimigo Senna quando de sua
morte. Não era apenas uma repentina polidez típica de funerais.
Sentiu necessidade de declarar
publicamente que aquele sujeito
com que tanto disputou era talvez
sua maior razão de correr: como
ele mesmo disse, Alain Prost não
existiria sem Ayrton Senna.
Talvez seja necessário esperar a
aposentadoria ou coisa pior de
Schumacher ou Brawn para que
um fale do outro de maneira mais
realista. O que temos até agora
são apenas elogios e, por vezes,
fragmentos da relação de trabalho mais eficiente dos últimos
tempos, talvez da história da F-1.
É evidente que a sintonia entre
os dois é enorme. Brawn faz as
contas e propõe alternativas.
Schumacher cumpre a que lhe parecer mais viável -na verdade,
como já relatou várias vezes o engenheiro, quase sempre é a inviável, e com absoluto sucesso.
O processo é tão eficiente que
acaba gerando desconfiança. Nos
tempos de Benetton, o carro, diziam os detratores, carregava
uma parafernália de equipamentos proibidos. Na Ferrari, o comportamento pouco esportivo, que
não se limita a este ano, basta
lembrar o primeiro jogo de equipe
escancarado entre o alemão e o
parceiro Irvine, em Suzuka, ainda nos bons tempos da McLaren.
Legal ou não, ético ou não,
Brawn e Schumacher estabeleceram um padrão de trabalho de
equipe inédito: nunca um time foi
tão perfeito, maquiavélico até, na
busca de um resultado. Isso explica muitas coisas, de jogadas geniais, como cumprir o stop & go
no lugar de tomar a bandeirada
na pista (Silverstone-98), a episódios nefastos, como o da segunda
vitória de Barrichello.
Brawn e Schumacher, como dizem os ingleses, sempre fazem a
lição de casa. Por isso são letais. E
se matar interessa ao público, são
tratados como gênios. Caso contrário, apenas como uma dupla
de pilantras. Pior, serão gênios a
despeito de tudo de sensacional
que conseguiram antes. Pilantras
apesar de todas as frias atitudes
que não puderam, quiseram ou,
sabe-se lá, conseguiram evitar.
Schumacher é penta, Brawn é
penta. Só não correram juntos em
1996, o primeiro ano do alemão
da Ferrari, fiasco provavelmente
calculado para o primeiro impor
a uma ainda bagunçada Maranello a contratação do segundo.
Até nisso trabalharam.
O hexa não é um sonho.
Será?
Empresários brasileiros estudam comprar parte da Arrows. Mas
esperam mudança na direção do time. Leia-se: Craig Pollock no lugar de Tom Walkinshaw. "Queremos ter uma opção de compra no
futuro", diz Javenal de Oms, dono do autódromo de Curitiba.
Barrichello
Ao contrário de que fez no ano todo, a atitude do brasileiro desde
domingo parece alheia ao sucesso ferrarista. Bem na hora que o time se prepara para levá-lo ao vice. Só falta a ficha ter caído agora.
Indy
Chris Pook cogita correr só em circuitos mistos e de rua. A Green,
de Michael Andretti, prepara as malas para quem sabe seguir para
a IRL, Cristiano da Matta conversa com a Toyota para ir para a F-1,
e Christian Fittipaldi flerta com a Nascar. Daqui a pouco vai faltar
gente nas arquibancadas, nos boxes e na pista também.
E-mail mariante@uol.com.br
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