São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 2011

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TOSTÃO

Ganha-se e perde-se


No futebol, muito mais importante do que o desenho tático do time é a execução do que foi planejado


O TÉCNICO da seleção, seja Mano Menezes ou quem for, não deveria ter o mesmo empresário que cuida também da carreira de outros atletas do time brasileiro. Os conflitos de interesse, as divagações e as confabulações são inevitáveis. Treinador da seleção não precisa ter empresário. Bastaria ter um advogado para resolver seus contratos.
Ralf, Luiz Gustavo, além de Fernandinho e Renato Augusto, que já haviam sido convocados anteriormente, são as novidades da seleção no meio-campo. Mano e Dunga convocaram uns 500 para esse setor. Há mais 500, mais ou menos do mesmo nível, atuando no Brasil ou no exterior. Todos são bons. Nenhum é excepcional.
Por quê? Uma das razões é a divisão que houve no meio-campo, entre os volantes, para marcar, e os meias de ligação, para atacar. Desapareceram os armadores, que atuavam de uma intermediária à outra e que, além de marcar, tocavam, avançavam, recebiam, tocavam, avançavam e recebiam a bola.
Mas os técnicos e a imprensa só falam no meia de ligação. O Barcelona e a seleção do Uruguai, dois times vitoriosos e completamente diferentes, não têm esse tipo de jogador.
Pulo para o Brasileirão. Em uma partida, por muito pouco, pode-se ganhar, perder ou empatar, com desenhos táticos, estratégias e filosofias bem diferentes.
Ganha-se no contra-ataque, com nove jogadores marcando no próprio campo, muito bem distribuídos, como fez o Cruzeiro contra o Corinthians.
Mas, se Wallyson não acertasse um chute espetacular -o goleiro Renan não teve culpa- e Emerson não perdesse um gol feito quando o jogo estava 0 a 0, o jornaleiro cruzeirense, de quem compro meus jornais e que chama Joel de retranqueiro, estaria hoje cuspindo maribondo.
Ganha-se também marcando por pressão, com muitos jogadores no campo da outra equipe, como fez muito bem o Corinthians, nos dez primeiros jogos, e não conseguiu fazer contra o Cruzeiro.
Ganha-se com uma dupla de atacantes -está desaparecendo-, como joga o Uruguai, com um atacante, como fez o Cruzeiro, e com três (um centroavante e um atacante de cada lado), como atuam a seleção e o Corinthians.
O ótimo treinador, já dizia Charles Miller, quando, em 1894, veio para o Brasil organizar o futebol, é o que comanda os melhores jogadores, o que os escala nas posições e funções corretas, o que os convence a executar bem o que foi planejado e o que é um bom marqueteiro.
O restante é conversa fiada.


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