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PERFIL 1
No início, Playboy dava até pontapé em barco, conta irmão
DOS ENVIADOS A ATENAS
O palco da disputa era a lagoa de Araruama, no Rio.
Márcio Ferreira tomou uma
decisão errada e seu barco perdeu posições preciosas.
Quando percebeu que a dupla perderia a medalha de ouro, seu irmão mais novo, Marcelo, ficou furioso, deu um
pontapé no barco e quebrou o
casco. Os dois abandonaram a
regata e foram para casa de
mãos abanando.
Márcio relembra o caso para
dar uma amostra do início da
trajetória do irmão no esporte.
Ele é 11 meses mais velho que
Marcelo ("Nossos pais trabalhavam rápido. Ou faltava
muita luz") e o acompanhou
nas primeiras regatas, disputadas na classe hobbie-cat.
"Esporte é como uma cachaça. Nós dois sempre fomos
competitivos e, quando começamos a nos dar bem, fomos
em frente", recorda.
Márcio conta que a parceria
rendeu bons resultados, mas
cada um seguiu para classes
diferentes. Nunca protagonizaram um duelo, nem quando
estavam em barcos separados.
"Quem era melhor? Deixando a modéstia de lado, eu tinha
uma boa mão, mas ele era fundamental como proeiro", diz.
Márcio explica que o jeito extrovertido e companheiro do
irmão é fundamental na parceria com Grael. E volta a retomar o episódio da lagoa para
explicar como Marcelo controla as emoções durante os
campeonatos. "Acho que
aquilo serviu de alerta para ele
aprender que não adianta forçar a barra e perder a cabeça,
tem de raciocinar antes ou você fica a deriva", relata.
O filho do meio da família
Ferreira -tem uma irmã mais
velha, Ilana- parou de velejar
quando entrou na faculdade.
Hoje, é engenheiro mecânico.
Seguiu a tradição familiar.
"Eu sempre fui mais comedido. Pensava a longo prazo, em
ter uma vida teoricamente
mais estável. Ele não", teoriza.
Marcelo, ao contrário do irmão, peitou a família para seguir na vela. " Nossos pais queriam que tivéssemos uma formação cartesiana. Esporte, na
época, não era encarado como
uma profissão como agora."
Além da paixão pelos barcos,
Marcelo administra hoje um
restaurante em Niterói e ajuda
a mulher, Renata, a cuidar de
uma loja de roupas.
Em Atenas, pouco antes dos
Jogos, protagonizou um fato
inusitado. Perdeu cinco quilos
em 11 dias para chegar ao peso
exigido para tripulantes da
star. Com ginástica pela manhã e jogos de tênis à tarde, foi
de 111 kg para 106 kg "sem
muito esforço", como definiu.
Detalhe: na campanha de
Atlanta-1996, pesava 126 kg.
"Dessa época, herdei duas hérnias de disco. Não era um cara
saudável", recorda.
(ALF E GR)
Colaborou Mariana Lajolo,
da Reportagem Local
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