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Seleção deixará de existir no momento do desembarque
DOS ENVIADOS A ATENAS
O choro na saída da seleção feminina do estádio não era o mesmo do pódio. O primeiro, foi dolorido, com um quê de raiva. O segundo, de tristeza, pela desintegração do grupo a partir de agora.
A seleção feminina deixa de
existir a partir do dia 2, quando
aterrissar no Brasil. Só voltará a se
reunir, não se sabe com que técnico ou jogadoras, em 2007, para a
disputa do Mundial da China.
"Nós formamos uma família
durante esses quase seis meses de
preparação. Fizemos tudo juntas,
perdemos juntas, ganhamos juntas, crescemos juntas. Uma chegou a ir na casa da outra", contou
Formiga, coroa de folha de oliveira na cabeça, à saída do Karaiskaki. "Com certeza vamos nos ligar,
vamos nos encontrar."
"Vai ser complicado a gente deixar esse convívio de uma hora para outra. Mas um dia a gente se
encontra de novo em outra seleção brasileira, disse Pretinha.
Algumas, com idade para isso,
se apresentarão já em setembro
para os treinos para o Mundial
sub-19. É o caso de Cristiane e da
reserva Daiane. "Depois da Olimpíada, vou continuar trabalhando. Em setembro me apresento
para o Mundial sub-19. Minha
mãe não acredita que vou passar
mais tempo longe", afirmou Cristiane, co-artilheira do torneio,
com cinco gols.
Ela, como outra 11 companheiras, também partirá atrás de um
clube para atuar. Começando da
goleira, a geração de prata do futebol feminino conhece de perto o
problema do desemprego.
"Eu estava jogando na Espanha,
mas tive que me apresentar na seleção e perdi o contrato. Espero
ter alguma proposta da Espanha.
Meu contrato era até o mês retrasado, mas, como vim para a seleção, eles me mandaram embora.
Estou mais ou menos certa com o
Rayo Vallecano, mas vamos ver",
disse Andréia.
"Estou aberta pra contratos. Espero que depois da Olimpíada, todas aqui se arranjem, inclusive
eu", completou a meia Daniela.
São poucas as que sabem exatamente onde estarão nas próximas
semanas. Marta se reapresentará
ao Umea, da Suécia, e terá a companhia de Elaine, contratada durante os amistosos de preparação
do Brasil por aquele país. Outra
que seguirá para o futebol sueco é
Formiga, que assinou com o Malmö durante a disputa dos Jogos.
Em março, pouco antes do início dos treinos, Rosana assinou
com o SV Neulengbach, da Áustria. Ainda não jogou por lá. "Vai
ser legal. Mas seria melhor ainda
saber que as outras aqui também
acertaram com outros clubes."
Apesar de também não saber
-ou não dizer- para onde vai,
Renê Simões defende a manutenção de seu plano à frente da seleção feminina. "O Brasil tem um
futuro muito brilhante se continuar colocando um projeto em
ação", disse. O que deve acontecer
segundo Carlos Arthur Nuzman,
presidente do COB. "O futebol feminino vai ser outro. O Ricardo
Teixeira [presidente da CBF] disse que vai ter uma nova estrutura,
uma nova visão."
(FSX E RD)
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