São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2004

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FUTEBOL

Vitórias do talento e da garra

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Não sei bem qual foi o motivo da desavença entre Pedrinho e o técnico Estevam Soares. Mas a atuação do meia palmeirense na goleada de ontem sobre o Vasco mostra que ele não pode ficar de fora do time.
Os fatos são cristalinos. Dos cinco gols alviverdes, três saíram dos pés de Pedrinho. E nas rodadas em que o jogador esteve ausente, punido por Estevam, o time não conseguiu vencer.
O Palmeiras, portanto, só tem a ganhar com o entendimento entre seu técnico e seu principal jogador. Um talento como esse é raro no futebol brasileiro de hoje, sobretudo ali, no setor de criação. Pedrinho teria vaga, hoje, em qualquer clube do país.
Mas claro que um atleta sozinho, por mais talentoso que seja, não ganha jogo. Essa foi a diferença principal, ontem, entre o Palmeiras e o Vasco. O clube carioca também tinha seu craque, Petkovic -mas o resto do time não ajudou nem um pouco.
O Palmeiras contou, além de Pedrinho, com um meio-de-campo consistente tanto na marcação como no apoio ao ataque. Pois, se Marcinho é praticamente um especialista no desarme, os outros meio-campistas do time -Magrão, Élson e Claudecir- são polivalentes, podendo tanto defender como aparecer na frente para criar e concluir.
Claudecir, em especial, voltou muito bem à equipe titular. Com seu jeito peladeiro, é um jogador de um vigor físico e de uma capacidade técnica invejáveis.
A fragilidade vascaína não tira os méritos da atuação palmeirense. A maiúscula vitória de ontem em São Januário não apenas faz o clube subir na tabela como lhe devolve a autoconfiança num momento que já se tornava delicado, para não dizer crítico.
 
Se a vitória do Palmeiras foi a de um time que parece ter reencontrado (mesmo que momentaneamente) seu futebol, a do Corinthians sobre o Goiás teve todos os ingredientes que fazem a mística do clube do Parque São Jorge.
Atuando com um jogador a menos (Wendell, expulso) contra uma equipe nitidamente superior, o alvinegro mostrou muita garra e contou com um gol salvador no finzinho da partida, marcado por um jogador contundido, Fábio Baiano, que se arrastava em campo. Nada mais típico do estilo corintiano de ser. São coisas assim que compensam o sofrimento de uma torcida fiel.
 
Quem se deu mal na rodada foi o São Paulo, que perdeu para o Grêmio e viu quatro clubes (entre eles os rivais Palmeiras e Corinthians) passarem-lhe à frente na tabela. Se Leão não conseguir arrumar a equipe e devolver-lhe a confiança perdida, dificilmente o tricolor poderá sonhar com um lugar na Taça Libertadores.
No começo da temporada, o São Paulo tinha um grande goleiro (Rogério), um grande artilheiro (Luís Fabiano) e um buraco no meio. Agora tem um grande goleiro, dois ótimos alas (Cicinho e Júnior) e só.

A força dos líderes
O Santos e o Atlético-PR mostraram ontem por que são os líderes do Brasileirão, com duas viradas espetaculares. O time paranaense fez jus ao apelido de Furacão ao virar em dois minutos uma partida que parecia perdida. Já o Santos confirmou seu estilo "matar ou morrer". Vanderlei Luxemburgo é um dos poucos técnicos que sabem que não adianta segurar empate. Depois de um primeiro tempo em que dominou o jogo, mas não conseguiu criar muitas chances de gol, o time santista cometeu um descuido fatal e viu o perigoso Obina abrir o placar para o Vitória. Mas quem tem Robinho, Elano, Ricardinho e companhia sempre pode esperar uma reviravolta. E ela veio, confirmando a supremacia do melhor ataque do torneio contra a pior defesa.

E-mail jgcouto@uol.com.br


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