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AUTOMOBILISMO
Brasileiro aproveita Ferrari "relaxada" para triunfar na China e sacramentar sua posição no Mundial
Barrichello ganha a 2ª corrida e o 2º vice
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A XANGAI
Foram duas provas após o heptacampeonato de Michael Schumacher; foram duas poles e duas
vitórias de Rubens Barrichello.
Aproveitando o clima "mais relaxado" da Ferrari, segundo ele
próprio, o brasileiro venceu ontem, em Xangai, o primeiro GP da
China da história da F-1.
Com o triunfo, abriu 29 pontos
de folga para Jenson Button e garantiu o vice-campeonato, repetindo o que fizera em 2002. Barrichello tornou-se, assim, o quarto
piloto nos 55 anos de categoria a
levar mais de um vice e a não ter
no currículo o título mundial.
Os outros foram o sueco Ronnie
Peterson (71 e 78), o belga Jacky
Ickx (69 e 70) e o eterno vice de
Juan Manuel Fangio, o inglês Stirling Moss (de 55 a 58).
"Eu acho que não faz sentido essa história de as pessoas dizerem
que só estou ganhando porque o
Schumacher já é campeão. Mais
equipamento, eu não tenho. A
única coisa que existe é que o time
está mais relaxado e isso talvez
ajude um pouco", disse o brasileiro, que, em sua carreira, nunca
havia conseguido duas poles e
duas vitórias consecutivas.
Na China, como na Itália, havia
duas semanas, Barrichello foi o
melhor piloto do fim de semana.
No sábado, conseguiu a 12ª pole
de sua vida na F-1 com uma volta
voadora e precisa, apenas 0s166
melhor do que a de Kimi Raikkonen, o segundo no grid. E, ontem,
garantiu sua nona vitória após superar um problema com os pneus
e a pressão do finlandês.
Observado pelos 200 mil torcedores chineses que lotaram as
suntuosas arquibancadas do mais
novo e mais moderno circuito da
F-1, Barrichello manteve a ponta
na largada, seguido de perto pelo
McLaren de Raikkonen, seu carrapato na primeira parte do GP.
Os dois abriram a segunda volta
separados por apenas 0s629. Ao
fecharem a quinta, o finlandês estava a 0s563. Na volta seguinte, a
diferença chegou a míseros 0s284.
Barrichello sofria ainda com a
falta de aderência de seus pneus
dianteiros, que se desgastavam
muito rápido no asfalto chinês.
O brasileiro não se livrou de
Raikkonen nem quando entrou
nos boxes, na 12ª volta -o finlandês entrou junto, logo atrás.
E a perseguição continuou. Entre a 16ª volta -quando reassumiu a liderança- e a 24ª, Barrichello não conseguiu abrir mais
de um segundo de vantagem.
Mas então, percebendo que seria complicado tentar um bote na
pista, Raikkonen optou por mudar de estratégia. Antecipou o segundo pit e acabou indo para os
boxes na 27ª volta. Só aí que Barrichello pôde respirar.
"Estava trancado atrás do Rubens e tentamos mudar o momento do pit para ver se eu conseguia ganhar a posição. Mas não só
essa idéia não funcionou como eu
ainda caí para terceiro lugar",
afirmou o finlandês, que foi batido nos boxes pelo BAR de Button.
Com o inglês, Barrichello não
teve muitos problemas. E deu-se
ao luxo de reduzir o ritmo nas voltas finais para evitar alguma pane.
A dez voltas do fim, tinha 7s563
sobre Button. Na última, a diferença foi de apenas 1s035.
"Não tinha porque acelerar e
forçar o carro naquele momento.
E, além disso, meus pneus voltaram a sofrer com a aderência."
Agora, o brasileiro vai descansar. Passará os próximos dias na
Tailândia antes de embarcar para
o Japão, onde a F-1 corre no dia 10
de outubro. Sua cabeça, porém, já
está no GP Brasil, última etapa do
campeonato, no dia 24.
"Acho que vou ficar mais feliz
com uma vitória no Brasil do que
se tivesse conquistado o título.
Vou chegar a Interlagos com uma
boa chance de vencer. Seria a realização de um sonho", declarou.
Há 11 anos na F-1, Barrichello
pontuou somente uma vez em casa: quando obteve uma quarta colocação, em 1994. De lá para cá,
nenhum brasileiro chegou aos
pontos. Mas, também, nenhum
teve nas mãos o que ele terá agora.
A Ferrari em final de temporada,
mais resistente e confiável. E, de
quebra, mais "relaxada".
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