São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2004

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AUTOMOBILISMO

Brasileiro aproveita Ferrari "relaxada" para triunfar na China e sacramentar sua posição no Mundial

Barrichello ganha a 2ª corrida e o 2º vice

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A XANGAI

Foram duas provas após o heptacampeonato de Michael Schumacher; foram duas poles e duas vitórias de Rubens Barrichello.
Aproveitando o clima "mais relaxado" da Ferrari, segundo ele próprio, o brasileiro venceu ontem, em Xangai, o primeiro GP da China da história da F-1.
Com o triunfo, abriu 29 pontos de folga para Jenson Button e garantiu o vice-campeonato, repetindo o que fizera em 2002. Barrichello tornou-se, assim, o quarto piloto nos 55 anos de categoria a levar mais de um vice e a não ter no currículo o título mundial.
Os outros foram o sueco Ronnie Peterson (71 e 78), o belga Jacky Ickx (69 e 70) e o eterno vice de Juan Manuel Fangio, o inglês Stirling Moss (de 55 a 58).
"Eu acho que não faz sentido essa história de as pessoas dizerem que só estou ganhando porque o Schumacher já é campeão. Mais equipamento, eu não tenho. A única coisa que existe é que o time está mais relaxado e isso talvez ajude um pouco", disse o brasileiro, que, em sua carreira, nunca havia conseguido duas poles e duas vitórias consecutivas.
Na China, como na Itália, havia duas semanas, Barrichello foi o melhor piloto do fim de semana.
No sábado, conseguiu a 12ª pole de sua vida na F-1 com uma volta voadora e precisa, apenas 0s166 melhor do que a de Kimi Raikkonen, o segundo no grid. E, ontem, garantiu sua nona vitória após superar um problema com os pneus e a pressão do finlandês.
Observado pelos 200 mil torcedores chineses que lotaram as suntuosas arquibancadas do mais novo e mais moderno circuito da F-1, Barrichello manteve a ponta na largada, seguido de perto pelo McLaren de Raikkonen, seu carrapato na primeira parte do GP.
Os dois abriram a segunda volta separados por apenas 0s629. Ao fecharem a quinta, o finlandês estava a 0s563. Na volta seguinte, a diferença chegou a míseros 0s284.
Barrichello sofria ainda com a falta de aderência de seus pneus dianteiros, que se desgastavam muito rápido no asfalto chinês.
O brasileiro não se livrou de Raikkonen nem quando entrou nos boxes, na 12ª volta -o finlandês entrou junto, logo atrás.
E a perseguição continuou. Entre a 16ª volta -quando reassumiu a liderança- e a 24ª, Barrichello não conseguiu abrir mais de um segundo de vantagem.
Mas então, percebendo que seria complicado tentar um bote na pista, Raikkonen optou por mudar de estratégia. Antecipou o segundo pit e acabou indo para os boxes na 27ª volta. Só aí que Barrichello pôde respirar.
"Estava trancado atrás do Rubens e tentamos mudar o momento do pit para ver se eu conseguia ganhar a posição. Mas não só essa idéia não funcionou como eu ainda caí para terceiro lugar", afirmou o finlandês, que foi batido nos boxes pelo BAR de Button.
Com o inglês, Barrichello não teve muitos problemas. E deu-se ao luxo de reduzir o ritmo nas voltas finais para evitar alguma pane. A dez voltas do fim, tinha 7s563 sobre Button. Na última, a diferença foi de apenas 1s035.
"Não tinha porque acelerar e forçar o carro naquele momento. E, além disso, meus pneus voltaram a sofrer com a aderência."
Agora, o brasileiro vai descansar. Passará os próximos dias na Tailândia antes de embarcar para o Japão, onde a F-1 corre no dia 10 de outubro. Sua cabeça, porém, já está no GP Brasil, última etapa do campeonato, no dia 24.
"Acho que vou ficar mais feliz com uma vitória no Brasil do que se tivesse conquistado o título. Vou chegar a Interlagos com uma boa chance de vencer. Seria a realização de um sonho", declarou.
Há 11 anos na F-1, Barrichello pontuou somente uma vez em casa: quando obteve uma quarta colocação, em 1994. De lá para cá, nenhum brasileiro chegou aos pontos. Mas, também, nenhum teve nas mãos o que ele terá agora. A Ferrari em final de temporada, mais resistente e confiável. E, de quebra, mais "relaxada".


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