São Paulo, domingo, 27 de outubro de 2002

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FUTEBOL

Agora é 2006

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Eleição é a bola da vez.
O que acha da possibilidade de Ricardo Teixeira, presidente da CBF, suceder Joseph Blatter na Fifa em 2006? Se não gostou, pode ficar com pulgas atrás da orelha. Uma das conseqüências das CPIs do futebol no Brasil foi a aproximação maior do máximo dirigente do futebol nacional da Fifa. Blatter deu todo o amparo para Teixeira e o acolheu tão bem nos momentos de dificuldade que ele virou o braço esquerdo do suíço (o braço direito, o argentino Julio Grondona, vive de mãos dadas e em harmonia com o braço esquerdo).
Nos últimos dias, Blatter reforçou o que já disse n vezes. Não ficará na Fifa após a próxima Copa -não é preciso ter 30 anos ou mais para saber como passa rápido o tempo entre um Mundial e outro.
E não há hoje campanha clara para ocupar a nobre cadeira . A oposição está ainda mais enfraquecida após a derrota na última eleição. Lennart Johansson, a cabeça da esquerda, pode abandonar o barco em 2006, pois, como Grondona e Blatter, acredita que sua idade avançada não é recomendável para um presidente.
Os braços direito (camaronês Issa Hayatou) e esquerdo (o sul-coreano Chung Mong Joon) do sueco que preside a Uefa tiveram que engolir uma renovação (?) na Fifa altamente favorável a Blatter, que terá quatro anos para jogar a sujeira embaixo do tapete -Grondona cuida das finanças, o suspeito de compra de votos Bin Hamman distribui dinheiro com o projeto "Goal" e Teixeira verifica as contas da entidade. Essa velha guarda da Fifa tem a companhia agora de alguns membros de uma geração mais boleira, capitaneada por Michel Platini, que em sua breve carreira de cartola mostrou total apoio ao padrinho político Blatter.
O nome Franz Beckenbauer, que já surgiu algumas vezes quando se tratou de sucessão de Blatter, seria solução mais centro para a disputa (?) política na Fifa. Homem firme, sem rabo preso e o único a vencer a Copa como jogador (1974), técnico (1990) e dirigente (2006). Mas até 2006 as atenções dele estarão presas ao Mundial de seu país e ao seu time, o Bayern. Seria um forte candidato, mas pelo jeito não será.
Teixeira passou pelo furacão (???) das CPIs e fincou raízes na entidade que está calcada ainda na semente de João Havelange, seu próximo. Mantém posto em vários importantes comitês na entidade e nunca teve tanta força e presença (física mesmo) em Zurique como agora. Hoje, sem dúvida, é a opção mais clara da situação para 2006. O terreno está sendo preparado. Como Havelange, Teixeira lucrou com títulos mundiais da seleção. Ainda tem alguns meses para tirar proveito político de amistosos, como os que a Ásia recebeu e vai receber. Internamente, assim como o Campeonato Brasileiro (a união nacional) saiu na esteira do tri, o Nacional moralizado, sem virada de mesa e em dois semestres com turno e returno, está previsto para a primeira temporada após o pentacampeonato.
Teixeira ensaiava sair da CBF em 2003. Descansaria em Miami, mas seu caminho político parece outro (até críticos antigos estão hoje em fase "paz e amor" com ele). O 27 de outubro, que deve consagrar a opção atual de Teixeira à presidência, mostra também uma "onda" no país rumo à direção da Fifa. Agora é 2006.

Felipão
O ex-técnico da seleção brasileira recebeu proposta da federação mexicana de US$ 1,56 milhão por ano. O argentino Ricardo Lavolpe, que ficou com o cargo, recebeu oferta menor (US$ 900 mil). Carlos Bianchi, outro argentino, tinha proposta intermediária (US$ 1,2 milhão). As chances de Scolari e Bianchi treinarem equipes no próximo Mundial, em 2006, porém, parecem mesmo agora maiores até do que as de Lavolpe.

Simon
O árbitro brasileiro, um dos melhores que surgiram nos últimos anos, teve um ano não muito feliz, com atuações criticadas na Copa do Brasil e, mais importante que isso, na Copa do Mundo. Porém foi "premiado" com a escalação para o Mundial interclubes, em Yokohama, entre Real Madrid e Olimpia (o São Caetano está mesmo fora). Mas, para 2006, Simon não deverá estar na Copa da Alemanha.

E-mail:
rbueno@folhasp.com.br


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