São Paulo, domingo, 27 de outubro de 2002

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AUTOMOBILISMO

Categoria perderá mais competidores e equipes para a rival IRL e corre em busca de novo patrocinador

Crise deixa Indy com três pilotos em 2003

TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Indy, categoria que um dia sonhou em rivalizar com a F-1, parece estar mesmo à beira do abismo. Afundada na pior crise desde que foi criada, em 1979, a liga só tem três pilotos confirmados para a próxima temporada.
Entre as equipes, acontece fenômeno semelhante. Dos 11 times que participaram do campeonato neste ano, apenas cinco já confirmaram presença em 2003.
O último golpe aconteceu quarta-feira, quando a Ganassi anunciou oficialmente que deixará a categoria em que está desde 1988 para se transferir para a IRL.
Segundo time em atividade com mais vitórias na Indy (46) -só perde para a Newman-Haas, com 68 triunfos-, o impacto de sua saída só não foi pior do que o que aconteceu no final do ano passado, quando a Penske iniciou a debandada de equipes para a IRL.
Ganhadora de quatro títulos seguidos -em 1996 com Jimmy Vasser, em 1997 e 1998 com Alessandro Zanardi e em 1999 com Juan Pablo Montoya-, a Ganassi dominou a categoria no final dos anos 90, período em que conquistou 65,3% de suas vitórias.
Outra equipe que decidiu abandonar o barco foi a Green. Comprado por Michael Andretti, o time também desembarca na IRL na temporada que vem. E, para piorar mais a situação da Indy, leva junto três pilotos de peso.
Além do próprio Andretti, que pilotará um dos carros, a equipe ainda terá o escocês Dario Franchitti e o brasileiro Tony Kanaan.
Mas a fuga de pilotos não pára por aí. Pelo segundo ano consecutivo, a Indy começará uma nova temporada sem poder ver seu atual campeão nas pistas.
Cristiano da Matta, terceiro brasileiro a conquistar o título da categoria, não correrá na Indy em 2003: o mineiro deve ser anunciado no próximo mês como piloto da Toyota na F-1. Gil de Ferran, bicampeão da Indy em 2000 e 2001 havia sido o último campeão a não defender seu título.
Outros pilotos também já anunciaram futuros bem longe da Indy. Christian Fittipaldi vai correr na Nascar, a popular stock-car norte-americana. O neozelandês Scott Dixon, escolhido como o melhor novato da categoria no ano passado, também está de malas prontas. Vai para a IRL.
Chris Pook, presidente da Cart (entidade que dirige a Indy), no entanto, não admite estar preocupado com a falta de mão-de-obra para o ano que vem. Em recente entrevista, comparou a Indy com outros esportes profissionais.
"Em outras modalidades, como beisebol, basquete e futebol os profissionais estão constantemente em mudança. Mudam de um time para outro, de um lugar para outro", afirmou Pook.
"Claro que ninguém gosta de perder as pessoas, mas estamos aqui fazendo negócios. Fazemos parte de um esporte profissional, e atletas profissionais vão e voltam. Para cada porta que se fecha, uma outra se abre", completou.
E ainda aproveitou para usar Dario Franchitti como exemplo. "Veja o Dario. Ninguém sabia quem ele era há três ou quatro anos. Todos achavam que ele era um italiano que estava tentando a sorte nos EUA. Hoje sabem que ele é escocês. Isso acontece. Você cria estrelas e elas seguem seu caminho", filosofou o dirigente.
Além de enfrentar dificuldades como a falta de equipes e pilotos de gabarito, a Cart terá que lidar com outro problema: a FedEx, patrocinadora que até este ano dava nome à categoria, anunciou nesta semana que deixará a Indy para se concentrar apenas na F-1, onde estampará os carros da Williams.
Isso sem contar que a categoria terá só um fornecedor de motores para 2003: a Ford-Cosworth. As japonesas Honda e Toyota, que estavam na Indy desde 1992 e 1996, respectivamente, também estão de mudança para a IRL.
Resta saber agora se haverá pilotos e carros suficientes para montar o grid no ano que vem.


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