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Um ano após morte de Serginho, São Caetano sofre pena no campo
KLEBER TOMAZ
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Se um ano após a morte do zagueiro Serginho a Justiça ainda
procura alguém para condenar, o
São Caetano já foi condenado.
Desde que o defensor não voltou de uma parada cardiorrespiratória aos 30 anos de idade, em
27 de outubro de 2004, contra o
São Paulo, no Morumbi, pelo Brasileiro, o clube caiu em desgraça.
O time do ABC paulista, fundado em 1989 e que teve uma ascensão meteórica há cinco anos, perdeu popularidade, a fama de melhor defesa do país e o apoio político que foi chave na sua subida.
Não por acaso, ocupa, sem contar os jogos da noite de ontem, a
15ª posição no Brasileiro.
Após a morte do zagueiro, o time sumiu da televisão. É ao lado
do Paysandu o único clube desta
edição do Nacional a não ter uma
partida exibida pela TV Globo para a cidade de São Paulo. A situação é bem diferente do período
em que sagrou-se vice-campeão
brasileiro (2000 e 2001), vice da
Taça Libertadores (2002) e campeão paulista (2004).
A média de público da equipe,
que já era baixa -chegou a registrar 4,5 mil pagantes quando o time mandava seus jogos no estádio Anacleto Campanella- também despencou. Hoje o índice do
clube é de 2,2 mil pessoas.
E a defesa do São Caetano, símbolo de eficiência, desandou. A
média de gols contra sua meta,
que já foi de 0,80 em 2003, subiu
para 1,45 neste ano. Thiago, Neto
e Douglas formam atualmente o
trio de zagueiros do time, que já
teve a dupla Serginho e Dininho.
Outra derrota do time que tem o
apelido de "Azulão" foi no campo
político. O prefeito morto Luiz
Olinto Tortorello, que administrou São Caetano do Sul até 2004,
era o principal padrinho do time.
Além de ter ajudado a fundar o
clube, foi seu presidente de honra.
Apesar de o atual sucessor, José
Auricchio Júnior, ser do mesmo
partido (PTB), não tem ligação estreita com a equipe de futebol.
"Um era mais apaixonado por
futebol. Era uma paixão paternal.
O outro é menos apaixonado", resume Mauro Chekin, secretário
de Esporte e Turismo do município. Segundo ele, a única ajuda da
prefeitura ao clube é ceder o estádio por tempo indeterminado.
Ninguém da diretoria do clube
foi encontrado para falar do assunto. O presidente e o médico do
clube, respectivamente, Nairo
Ferreira de Souza e Paulo Forte,
foram acusados de homicídio doloso qualificado por motivo torpe.
Segundo polícia e Ministério
Público, os dois e o atleta foram
avisados pelo médico Edimar
Bocchi, do Incor (Instituto do Coração), para que Serginho parasse
de jogar por apresentar problema
cardíaco. Podem ser condenados
a até 30 anos de reclusão.
Depois disso, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva suspendeu Nairo por dois anos. Forte levou gancho de quatro anos.
Em entrevista à Folha, Forte nega a acusação, se declara inocente
e promete escrever um livro para
limpar sua imagem.
"Sangue, Futebol, Suor e Lágrimas será o título do livro. Nele
contarei a minha versão, que é a
verdadeira dos fatos. Eu e o Serginho jamais fomos informados de
que ele deveria parar de jogar",
afirma o médico, que trabalha em
sua clínica particular de ortopedia, mas presta serviços ao clube,
que perdeu R$ 1 milhão com a
morte de Serginho.
A viúva não foi encontrada, mas
seu irmão, Luzio Nunes, informou que ela irá entrar com um
processo contra o promotor do
caso, Rogério Zagallo, que teria
dito que ela "se prostituiu" por
defender o São Caetano.
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