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FUTEBOL
Ostentando a sua fibra
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Foi menos sofrido do que se
esperava: Palmeiras e Botafogo se garantiram na Série A com
uma rodada de antecedência,
com uma pequena ajuda um do
outro. Por incrível coincidência,
os dois se encontram na despedida. Como será? Uma partida de
baixo nível técnico, devido ao relaxamento natural, ou uma bela
festa de futebol, justamente pela
falta de compromisso? Esse pode
ser quase um jogo-exibição, competitivo, mas alegre como Guga x
Saretta no Ibirapuera. Nem a
classificação pode ser alterada!
A Série B deste ano ajudou a
desmentir veredictos talhados em
pedra, do tipo "não há mais amor
à camisa". Como muitos já observaram, Marcos foi incrivelmente
palmeirense. Depois de entrar em
campo para pegar a Alemanha
na final da Copa, imagine o que é
ser xingado de cachorro por reclamar do gramado do Gigante do
Agreste... Que era ruim mesmo;
que bom para os jogadores que
usam o estádio normalmente que
ele passou por reformas!
A Segundona tem mesmo campos horríveis, que nem a exposição na TV pôde melhorar. A Série
A também tem seus "pastos". O
país do futebol não consegue oferecer bons gramados.
Mas a Série B também tem bons
jogadores e bom futebol. Em algumas partidas, o Palmeiras jogou
muito bem e deixou aquele gosto
de que "pode ganhar de qualquer
um". Em outras, teve muita dificuldade e deu a impressão de que
"não ganha de ninguém". "Ninguém" e "qualquer um" da Série
A, naturalmente. Na média, acredito que esse time poderia ganhar
mais do que perder. Contra os times grandes, pode levar vantagem por ter a "pegada" da B
-marcar em cima, correr atrás
de todas as bolas- tendo um
bom contra-ataque para explorar
os espaços. Contra um time pequeno, jogaria de igual para igual
-com alguns talentos a mais.
Mas quem disse que esse time
vai continuar? Lúcio fala em proposta do Corinthians, Magrão pode pular o muro (só há um lugar
em que ele não jogaria...), Jair pode emigrar, Vágner também... Está aberta a temporada de boatos,
no embalo das comemorações.
Este campeonato, além de redimir Levir Culpi pela queda em
2002, deveria consagrar Jair Picerni. Mas, talvez por seu jeito
caipira meio doido (e muito divertido), muitos ainda duvidam
da sua capacidade -como se a
melhor campanha, o melhor ataque e a melhor defesa pudessem
ser um feliz acaso. Jair suportou
briguinhas no elenco e críticas no
clube e, com o tempo, achou a melhor formação para o time. Impôs
a filosofia dos "três pontos" e ensaiou contra-ataques incríveis.
Ninguém ali sabia prender bola
no ataque, e isso às vezes era problema, mas jogar na base da velocidade deu mais certo que errado.
E, nos elogios à torcida, é preciso reconhecer o papel das organizadas, organizadoras da grande
festa. Elas provaram (para os outros e para si) que não precisam
ser inimigas da sociedade. Milhares de machos reunidos sempre
terão problemas, mas a instituição pode existir para o bem. Que
assim seja na Primeirona!
Que ausência!
Se o Cruzeiro for campeão neste fim de semana sem o Alex em
campo, que amarga ironia! É
claro que o Cruzeiro não é só
Alex; nenhum jogador é campeão sozinho. Se o camisa 10
fosse para qualquer outra equipe, ela se transformaria automaticamente na melhor do
campeonato, só pela sua presença? Mas a máquina celeste
sem ele também seria outra coisa, completamente diferente.
Que pressão!
Leão, Léo e outros atletas têm
todo o direito de declarar seu
apoio e preferência por Marcelo Teixeira, mas dizer que vão
embora se ele não for eleito soa
a chantagem. Afinal, eles jogam
pelo Santos ou pelo presidente?
E ninguém garante que eles não
vão embora assim mesmo...
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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