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São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2003

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FUTEBOL

Ostentando a sua fibra

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Foi menos sofrido do que se esperava: Palmeiras e Botafogo se garantiram na Série A com uma rodada de antecedência, com uma pequena ajuda um do outro. Por incrível coincidência, os dois se encontram na despedida. Como será? Uma partida de baixo nível técnico, devido ao relaxamento natural, ou uma bela festa de futebol, justamente pela falta de compromisso? Esse pode ser quase um jogo-exibição, competitivo, mas alegre como Guga x Saretta no Ibirapuera. Nem a classificação pode ser alterada!
A Série B deste ano ajudou a desmentir veredictos talhados em pedra, do tipo "não há mais amor à camisa". Como muitos já observaram, Marcos foi incrivelmente palmeirense. Depois de entrar em campo para pegar a Alemanha na final da Copa, imagine o que é ser xingado de cachorro por reclamar do gramado do Gigante do Agreste... Que era ruim mesmo; que bom para os jogadores que usam o estádio normalmente que ele passou por reformas!
A Segundona tem mesmo campos horríveis, que nem a exposição na TV pôde melhorar. A Série A também tem seus "pastos". O país do futebol não consegue oferecer bons gramados.
Mas a Série B também tem bons jogadores e bom futebol. Em algumas partidas, o Palmeiras jogou muito bem e deixou aquele gosto de que "pode ganhar de qualquer um". Em outras, teve muita dificuldade e deu a impressão de que "não ganha de ninguém". "Ninguém" e "qualquer um" da Série A, naturalmente. Na média, acredito que esse time poderia ganhar mais do que perder. Contra os times grandes, pode levar vantagem por ter a "pegada" da B -marcar em cima, correr atrás de todas as bolas- tendo um bom contra-ataque para explorar os espaços. Contra um time pequeno, jogaria de igual para igual -com alguns talentos a mais.
Mas quem disse que esse time vai continuar? Lúcio fala em proposta do Corinthians, Magrão pode pular o muro (só há um lugar em que ele não jogaria...), Jair pode emigrar, Vágner também... Está aberta a temporada de boatos, no embalo das comemorações.
Este campeonato, além de redimir Levir Culpi pela queda em 2002, deveria consagrar Jair Picerni. Mas, talvez por seu jeito caipira meio doido (e muito divertido), muitos ainda duvidam da sua capacidade -como se a melhor campanha, o melhor ataque e a melhor defesa pudessem ser um feliz acaso. Jair suportou briguinhas no elenco e críticas no clube e, com o tempo, achou a melhor formação para o time. Impôs a filosofia dos "três pontos" e ensaiou contra-ataques incríveis. Ninguém ali sabia prender bola no ataque, e isso às vezes era problema, mas jogar na base da velocidade deu mais certo que errado.
E, nos elogios à torcida, é preciso reconhecer o papel das organizadas, organizadoras da grande festa. Elas provaram (para os outros e para si) que não precisam ser inimigas da sociedade. Milhares de machos reunidos sempre terão problemas, mas a instituição pode existir para o bem. Que assim seja na Primeirona!

Que ausência!
Se o Cruzeiro for campeão neste fim de semana sem o Alex em campo, que amarga ironia! É claro que o Cruzeiro não é só Alex; nenhum jogador é campeão sozinho. Se o camisa 10 fosse para qualquer outra equipe, ela se transformaria automaticamente na melhor do campeonato, só pela sua presença? Mas a máquina celeste sem ele também seria outra coisa, completamente diferente.

Que pressão!
Leão, Léo e outros atletas têm todo o direito de declarar seu apoio e preferência por Marcelo Teixeira, mas dizer que vão embora se ele não for eleito soa a chantagem. Afinal, eles jogam pelo Santos ou pelo presidente? E ninguém garante que eles não vão embora assim mesmo...

E-mail
soninha.folha@uol.com.br


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