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Programa de metas mexerá no bolso de cartolas
Além de resultados, planejamento e até administração serão levados em conta por técnicos do alto rendimento
Ministério do Esporte
argumenta que governo
não terá como calcular e
liberar verba, incluindo a da
Lei Piva, a quem não aderir
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O programa de metas para o
desporto brasileiro, em produção pelo Ministério do Esporte,
influirá diretamente na quantidade de dinheiro estatal que será liberado às entidades que
controlam o esporte no país.
Embora use um sistema de
meritocracia para a liberação
da verba da Lei Piva às confederações esportivas, a cúpula do
Comitê Olímpico Brasileiro
tradicionalmente se manifesta
de forma contrária à fixação de
uma meta fixa de medalhas.
Segundo a pasta do esporte,
até mesmo a liberação do dinheiro da Lei Piva, oriundo das
loterias, estará condicionada à
adesão ao programa de metas.
Já estão em estudo dentro da
pasta as ferramentas legais que
possibilitem essa mudança.
""Quem se recusar a aderir ao
programa vai sentir os reflexos
no bolso", diz Ricardo Leyser, o
secretário de Esporte de Alto
Rendimento do ministério.
Leyser explica não se tratar
de uma ação punitiva caso não
seja conquistado um determinado número de medalhas em
Olimpíadas ou Mundiais, mas a
instituição de um parâmetro.
""Não é porque o [ginasta]
Diego Hypólito caiu e a ginástica não conseguiu medalha nos
Jogos de Pequim que cortaríamos a verba da confederação.
Foi uma fatalidade. Mas é preciso metas para que seja feita
uma reflexão após os Jogos."
Apesar de não necessariamente haver sanção financeira,
Leyser admitiu que um programa de metas, em caso de maus
resultados, levará a questionamentos de mídia e público.
""Trata-se de um programa
gerencial de longo prazo. Hoje
o governo dá o dinheiro às confederações [via COB] sem saber
qual o planejamento para seu
uso. De agora em diante, o dinheiro será liberado mediante
apresentação de um projeto."
O dirigente diz que, se alguém se negar a cooperar, não
haverá como calcular valor a
ser liberado para a entidade.
As torneiras pelas quais o dinheiro público chega aos desportistas são várias. Elas vão
desde a Lei Piva e a de incentivos fiscais, passando por patrocínios estatais, até chegar a programas como o Bolsa-Atleta.
Um exemplo aleatório dado
por Leyser para fundamentar a
necessidade de um planejamento é o de que ""quando se fala em dez medalhas olímpicas,
é preciso saber e planejar 30 finais, 50 semifinais e daí até
chegar ao trabalho com a base".
""Como pensamos no longo
prazo, um esporte que hoje não
se destaca em Olimpíada não
sofrerá. Levaremos em conta
resultados Pan-Americanos e
Sul-Americanos", diz Leyser,
que no Canadá, durante os Jogos de Vancouver, conversou
com autoridades do Ministério
do Esporte canadense sobre o
programa de metas do país.
""No caso de algumas modalidades, é possível até haver incremento no dinheiro que as
confederações recebem em relação ao quadro atual", aponta.
Até questões de cunho administrativo e da área de marketing das confederações esportivas nacionais serão levadas em
consideração, a Folha apurou.
Antes de o governo bater o
martelo no desenho final do
programa, ele passará por consultas públicas com dirigentes,
atletas, clubes, autoridades etc.
Até o fechamento desta edição, o COB não havia respondido questões sobre o assunto
enviadas pela reportagem. A
assessoria do comitê explicou
que a pessoa que poderia falar
sobre esse assunto é o presidente da entidade, Carlos Arthur Nuzman, que está em
Vancouver acompanhando os
Jogos Olímpicos de Inverno.
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