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FUTEBOL
Paulistas tentam desmentir título de os mais faltosos, enquanto cariocas abandonam drible temendo contusão
Santos e Vasco renegam vocação na final
MARCELO TEIXEIRA
da Agência Folha, em Santos
SÉRGIO RANGEL
da Sucursal do Rio
O Vasco superou os rivais que
apareceram pela frente com os dribles de Felipe e Ramon para chegar
à final do Torneio Rio-São Paulo.
Já o Santos fez seu caminho cometendo faltas -pelas estatísticas, em geral, o time mais faltoso é
o vencedor da partida.
E, agora, os finalistas prometem
deixar de lado seus trunfos para
chegar ao título, que começa a ser
disputado às 18h30, no Maracanã.
A mudança no estilo de jogo da
equipe carioca se deve à violência
santista na competição.
Segundo o Datafolha, o drible foi
a principal vantagem do time carioca no campeonato. De acordo
com a pesquisa, o Vasco faz 35 tentativas por jogo, quando a média
geral é de 26 dribles.
""Como o time do Santos tem um
estilo muito forte, os jogadores vão
ter que se movimentar e tocar rápido a bola para fugir das faltas. Não
podemos prender muito o jogo. Se
fizermos isso, vamos facilitar muito para eles", afirmou o técnico do
Vasco, Antônio Lopes.
A equipe paulista comete 35 faltas por partida (a média geral é de
25). Além disso, o time já teve seis
jogadores expulsos, mas foi beneficiado pelo regulamento da competição, que não prevê suspensão
automática. Só o atacante Alessandro foi expulso duas vezes.
""Leão foi meu treinador, e sei
que fará uma marcação nos principais jogadores do nosso time. Esse
é o estilo de jogo dele. Para surpreendê-los, decidimos jogar com
mais velocidade e evitar o contato", disse o lateral-direito Zé Maria, que foi comandado pelo técnico rival quando atuava na Lusa.
Na primeira partida entre os dois
clubes na competição, o atacante
Donizete, um dos destaques do time do Vasco, teve de ser substituído após se contundir em um lance
com o volante Marcos Assunção.
A preocupação com a violência é
tanta no Vasco que o vice-presidente de futebol do clube, Eurico
Miranda, decidiu tentar pressionar os adversários.
Na sexta-feira, ele até ameaçou
entrar na Justiça comum caso um
dos seus jogadores sofra alguma
contusão grave na partida.
Disse que entrará com uma ação
também contra o árbitro, se ele for
conivente com a violência.
"Violência é balela"
Por seu lado, os jogadores do
Santos minimizaram as declarações do dirigente vascaíno Eurico
Miranda. E negam acreditar que
foi estabelecido um "clima de
guerra" para o jogo de hoje.
"Isso tudo é balela", afirmou o
zagueiro Argel, alvo preferido dos
ataques de Miranda.
"Eu quero que me mostrem fatos. Estou há um ano e dois meses
no Santos e fui expulso apenas
uma vez e ninguém está aí sem jogar por culpa minha", afirmou.
Argel não acredita que as declarações de Miranda possam criar
um clima propício para a ocorrência de jogadas violentas.
"O Vasco, assim como o Santos,
vai entrar para jogar. Eu conheço o
Antônio Lopes e sei o tipo de jogo
que ele aprecia", disse o zagueiro.
"Mas o Santos não vai mudar sua
maneira de atuar. É um time determinado, sem estrelas e forte no
conjunto", conclui.
O goleiro Zetti também desprezou os comentários de Miranda.
"Somos profissionais e respeitamos os colegas do outro lado. O
Santos joga desta forma, é forte na
marcação, mas não é violento. O
futebol hoje é assim. É competitivo, corpo a corpo", afirmou.
"Apesar disso, não somos um time que joga na defesa. Jogamos
para a frente e fazemos gols, como
já mostramos no Maracanã", ressalvou Zetti, lembrando a semifinal contra o Botafogo.
O técnico Leão disse simplesmente que não comentaria opinião
de quem quer que fosse sobre a
possível "violência santista", por
achar que a alegação não se justifica e por ter sido já bastante debatida. "Essa história está desgastada.
Para mim, não existe", afirmou.
Ele comentou, no entanto, outras
declarações de Eurico Miranda,
como a afirmação de que foi dispensado do Vasco pelo dirigente
em 1980. "Nessa época, o Eurico
não passava de um coadjuvante no
Vasco", afirmou.
Leão afirmou também que para
arrancar sua juba "é preciso muita
coragem". Provocador, Miranda
havia afirmado que Leão sem a juba era um gatinho e miava.
Viola e Alessandro
O atacante Viola afirmou que
não existe qualquer problema de
relacionamento entre ele e o atacante Alessandro.
No final da primeira partida com
o Botafogo, Viola havia reclamado
de "individualismo" no time do
Santos, sem citar nomes.
"Quiseram me jogar contra o
Alessandro. A única coisa que eu
disse é que, como jogo enfiado, por
determinação do Leão, preciso receber bolas na área e, às vezes, essas bolas não chegam", disse.
O atacante ironizou o comportamento de Eurico Miranda. "Eu tiro
o chapéu para ele. Queria tê-lo no
meu time, porque faz tudo o que
quer e acaba sempre dando certo."
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