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FUTEBOL
Desastre em Belém
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O Papão fez jus ao apelido e
engoliu o São Paulo. O time
tricolor havia prometido cautela
contra o Paysandu, mas não
cumpriu a promessa. Começou
no ataque, bobeou na defesa e,
quando viu, já estava 3 a 0.
O desastre são-paulino foi fruto
de dois problemas: as sucessivas
mudanças de escalação, provocadas sobretudo por contusões, e a
crônica desorganização defensiva. O problema não é de falta de
defensores. Nos gols do Paysandu
havia uma porção de tricolores
na defesa -todos mal colocados.
O Paysandu, por sua vez, está
mostrando que a conquista da
Copa dos Campeões, no ano passado, não foi um acidente.
Depois de vencer o Boca Juniors
lá em Buenos Aires, em Belém
massacrou sem dó o outrora imbatível São Paulo.
Corinthians 1 x 1 Flamengo foi
um jogo mediano -para não dizer medíocre- com um final eletrizante.
Nos últimos minutos, o time alvinegro quase conseguiu concretizar uma virada, em seu melhor
estilo. Mas ficou no quase.
O Corinthians teve a iniciativa
e atacou mais, mas no primeiro
tempo foi o Flamengo que teve as
melhores chances de gol.
Numa delas, numa falha do goleiro Doni, abriu o placar. O time
de Geninho tentou reagir, mas
não mostrou muita criatividade.
Parecia a Inglaterra dos velhos
tempos: só bola alçada na área
inimiga.
O Flamengo, sem poder de criação devido ao desfalque de Felipe,
resistiu bem e soube aproveitar os
erros corintianos.
O resultado final, se não foi justo, pelo menos serviu como um
alerta para Geninho e seus comandados. É preciso encontrar
(ou aprimorar) outras maneiras
de chegar ao gol.
No Flamengo, Athirson jogou
com a alma de sempre, e Júlio César provou que é um grande goleiro. Sua defesa de uma cabeçada
de Renato para baixo, bem no
cantinho, foi uma das mais belas
do campeonato até agora.
Os mineiros decepcionaram na
rodada e caíram juntos da liderança do campeonato, contradizendo a máxima (atribuída a Otto Lara Resende) de que "o mineiro só é solidário no câncer".
Foram dois jogos bem distintos.
No Mineirão, o Atlético foi surpreendido por dois gols de bola
parada e não teve competência
(ou imaginação) para furar o eficiente bloqueio do Coritiba.
Em Campinas, o Cruzeiro não
conseguiu reeditar o toque de bola dos jogos anteriores e chegou
poucas vezes ao gol do Guarani.
O time mineiro foi buscar o empate no final, mas merecia perder,
pois o Bugre teve mais oportunidades de gol.
Na verdade, o jogo foi muito desarticulado. Todos os lances de
perigo surgiram de erros defensivos, não de acertos ofensivos. A
partida ficou aquém daquilo que
os dois times podem dar.
E o Inter, com seu futebol feijão-com-arroz, chegou ao topo surpreendendo todo mundo.
Águas passadas
O empate fora de casa, na estréia palmeirense na Série B,
acabou tendo sabor de vitória,
ou pelo menos de alívio. Afinal
de contas, o estrago dos 7 a 2
para o Vitória, na semana passada, parece ter sido absorvido.
Nada como um longo torneio
pela frente para esquecer as
agruras do passado. Como consolo suplementar, os palmeirenses viram o algoz Vitória
perder em casa para o Inter por
3 a 0. Futebol é uma contínua
dança das cadeiras.
Dever de casa
Com a goleada sobre o Fortaleza, o Santos não apenas fez o
dever de casa -algo que não
tem sido assim tão fácil neste
Brasileirão-, como ganhou
embalo para lutar pelas primeiras colocações. Resta saber se é
fogo de palha ou vai durar.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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