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OUTRO LADO
Contador nega haver empresas e contas no exterior
DA SUCURSAL DO RIO
O contador que desde os
anos 70 faz as declarações de
renda do empresário Pelé
como pessoa física, Nilton
Chagas, afirmou que o ex-ministro dos Esportes nunca
informou a posse de empresas e contas bancárias no exterior à Receita Federal porque não as possui.
A Folha desde terça-feira
tentou entrevistar o ex-atleta, mas ele, "por ora, não tem
interesse de se manifestar".
A posição foi transmitida
por um diretor da Pelé Pro,
empresa do ex-atleta em São
Paulo, Luiz Carlos Telles. O
diretor da Pelé Pro disse que
há "procedimentos para a
regularização das questões
tributárias" de Pelé. "É algo
que na próxima entrega [da
declaração de renda] sairá
tudo corrigido", afirmou.
Ontem, na Vila Belmiro,
onde viu Santos x Fortaleza,
Pelé se limitou a dizer, em
entrevista à TV Tribuna, que
o assunto já é conhecido e
que não falaria sobre isso.
Num processo que tramita
na Barra da Tijuca (zona
oeste do Rio), um advogado
de Pelé, Arnaldo Blaichman,
negou que o seu cliente tenha sido dono da Vinas Inc.
ou seja dono da PS&M Inc.
A Vinas (soma das primeiras
sílabas dos sobrenomes Viana e Nascimento) foi aberta
nas Ilhas Virgens em 1990.
Em 1992, teve o nome mudado para PS&M.
No processo da Barra, Pelé
argumenta que foi enganado
por Hélio Viana. Durante
nove anos, fez, de acordo
com sua versão, numerosas
transações pela PS&M Inc.
pensando que, na realidade,
negociava pela PS&M Ltda.,
empresa com sede no Rio.
Blaichman disse nos autos,
porém, que Pelé de fato é o
proprietário da Leros Ltd. e
da Glory Establishment. De
acordo com o contador de
Pelé, as duas offshore não
constam da declaração de
renda do ex-ministro. A Folha tentou, sem sucesso, entrevistar o advogado. Alertado sobre o conteúdo das reportagens, disse que, sobre
processos, prefere se manifestar nos autos.
Outro advogado de Pelé,
Sérgio Chermont de Britto,
disse que não falaria. "Mesmo que o cliente autorize, o
código de ética me proíbe de
dar entrevistas. Se eu violar o
código, estarei arriscado a
receber uma representação." Em um documento,
ele se referiu à PS&M Inc.
como pertencente a Pelé.
Hélio Viana, ex-sócio de
Pelé até o final de 2001, afirmou que nunca declarou ao
fisco a posse das empresas
com as quais fez diversos negócios no exterior porque
não é dono das mesmas.
O empresário disse, nos
autos do processo da Barra e
em entrevista à Folha, que as
offshore são de Pelé.
Há pelo menos um contrato da PS&M Inc. no qual
Viana assina como vice-presidente-executivo. Em outros assina pela empresa,
sem referência ao seu cargo.
Viana disse que teve procuração para representar a
empresa das Ilhas Virgens.
Os advogados de Pelé anexaram ao processo da Barra
correspondência de Viana
tratando da abertura da Vinas Inc. e da mudança de nome desta para PS&M Inc.
O empresário declarou
que foi um laranja de Pelé.
Laranja é "o agente intermediário, especialmente no
mercado financeiro, que efetua, por ordem de terceiros,
transações geralmente irregulares ou fraudulentas, ficando oculta a identidade do verdadeiro comprador ou
vendedor".
(MM E SR)
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