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São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2003

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OUTRO LADO

Contador nega haver empresas e contas no exterior

DA SUCURSAL DO RIO

O contador que desde os anos 70 faz as declarações de renda do empresário Pelé como pessoa física, Nilton Chagas, afirmou que o ex-ministro dos Esportes nunca informou a posse de empresas e contas bancárias no exterior à Receita Federal porque não as possui.
A Folha desde terça-feira tentou entrevistar o ex-atleta, mas ele, "por ora, não tem interesse de se manifestar".
A posição foi transmitida por um diretor da Pelé Pro, empresa do ex-atleta em São Paulo, Luiz Carlos Telles. O diretor da Pelé Pro disse que há "procedimentos para a regularização das questões tributárias" de Pelé. "É algo que na próxima entrega [da declaração de renda] sairá tudo corrigido", afirmou.
Ontem, na Vila Belmiro, onde viu Santos x Fortaleza, Pelé se limitou a dizer, em entrevista à TV Tribuna, que o assunto já é conhecido e que não falaria sobre isso.
Num processo que tramita na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio), um advogado de Pelé, Arnaldo Blaichman, negou que o seu cliente tenha sido dono da Vinas Inc. ou seja dono da PS&M Inc. A Vinas (soma das primeiras sílabas dos sobrenomes Viana e Nascimento) foi aberta nas Ilhas Virgens em 1990. Em 1992, teve o nome mudado para PS&M.
No processo da Barra, Pelé argumenta que foi enganado por Hélio Viana. Durante nove anos, fez, de acordo com sua versão, numerosas transações pela PS&M Inc. pensando que, na realidade, negociava pela PS&M Ltda., empresa com sede no Rio.
Blaichman disse nos autos, porém, que Pelé de fato é o proprietário da Leros Ltd. e da Glory Establishment. De acordo com o contador de Pelé, as duas offshore não constam da declaração de renda do ex-ministro. A Folha tentou, sem sucesso, entrevistar o advogado. Alertado sobre o conteúdo das reportagens, disse que, sobre processos, prefere se manifestar nos autos.
Outro advogado de Pelé, Sérgio Chermont de Britto, disse que não falaria. "Mesmo que o cliente autorize, o código de ética me proíbe de dar entrevistas. Se eu violar o código, estarei arriscado a receber uma representação." Em um documento, ele se referiu à PS&M Inc. como pertencente a Pelé.
Hélio Viana, ex-sócio de Pelé até o final de 2001, afirmou que nunca declarou ao fisco a posse das empresas com as quais fez diversos negócios no exterior porque não é dono das mesmas.
O empresário disse, nos autos do processo da Barra e em entrevista à Folha, que as offshore são de Pelé.
Há pelo menos um contrato da PS&M Inc. no qual Viana assina como vice-presidente-executivo. Em outros assina pela empresa, sem referência ao seu cargo.
Viana disse que teve procuração para representar a empresa das Ilhas Virgens. Os advogados de Pelé anexaram ao processo da Barra correspondência de Viana tratando da abertura da Vinas Inc. e da mudança de nome desta para PS&M Inc.
O empresário declarou que foi um laranja de Pelé. Laranja é "o agente intermediário, especialmente no mercado financeiro, que efetua, por ordem de terceiros, transações geralmente irregulares ou fraudulentas, ficando oculta a identidade do verdadeiro comprador ou vendedor". (MM E SR)


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