São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2004

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Contra Hungria, Parreira muda seleção e discurso

Attila Kisbenedek/France Presse
Roberto Carlos chuta no estádio Puskas, em Budapeste, que ontem recebeu 28 mil pessoas durante o treino da seleção brasileira


Adepto do conservadorismo, técnico escala 4 novidades, promete chance a novatos no decorrer da partida de hoje e fala em rever "pontos de vista"

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A BUDAPESTE

Nada de calmaria, a marca da gestão de Carlos Alberto Parreira. Hoje, às 15h30, em Budapeste, no amistoso com a Hungria, o treinador vai pisar fundo para testar novas peças na seleção brasileira.
O time que sai jogando terá quatro novidades. O técnico também promete colocar no jogo mais novatos convocados por ele.
No amistoso contra a Irlanda, há dois meses, e no duelo pelas eliminatórias contra o Paraguai, em março, Parreira só fez uma troca -poderia fazer, se a regra de partidas oficiais fosse cumprida contra os irlandeses, seis.
"Eu diria que [o processo de renovação da seleção] está bem acentuado. A natureza não dá saltos, mas a seleção ao longo do tempo vai ser reformulada, e alguns pontos de vista serão revistos", afirmou o treinador.
Em relação ao time nacional que vinha atuando, Parreira irá mudar quatro jogadores em três setores. Na zaga, Juan entra no lugar do lesionado Lúcio. No meio, Juninho Pernambucano e Edmílson ficam com as vagas de Renato e Gilberto Silva. Por último, no ataque, Luis Fabiano tem sua primeira chance como titular em uma seleção com as grandes estrelas -ele entra no posto do também machucado Ronaldo.
Em amistoso contra a Nigéria, Luis Fabiano iniciou como titular, mas Parreira usou uma base com jogadores que atuam no Brasil.
"Vou mostrar para o Parreira que, quando ele precisar do Luis Fabiano, ele pode acreditar", afirma o atacante do São Paulo.
No segundo tempo, Parreira promete nova revolução. "Tenho a idéia de pelo menos três ou quatro mudanças durante o jogo, que servem para criar alternativas".
Ele não diz quem serão os eleitos para entrar, mas as novidades da sua lista -Bordon, Mancini, Edu e Dedê- são os mais cotados, ao lado do flamenguista Felipe e do cruzeirense Alex.
Quem acaba de chegar vai no discurso marcado pela modéstia.
"Se eu jogar 30 segundos já está bom", diz o meia Edu, que no fim de semana ganhou o Inglês pelo Arsenal. "Uma coisa de cada vez", afirma o zagueiro Bordon, do alemão Stuttgart, mostrando que mais importante do que jogar é ter sido lembrado por Parreira.
Destaque no Italiano pela Roma, mas jogando praticamente como um atacante, Mancini, assim como as outras novidades, terá que mudar de função para garantir lugar na seleção de Parreira.
O treinador afirmou que a seleção brasileira não vai se adaptar à forma de jogar de alguns atletas, e sim o contrário. "O Mancini vai ter que jogar como lateral aqui", diz o treinador do time nacional.
O jogador promete não decepcionar. "É que nem andar de bicicleta, você não esquece", disse o ex-jogador do Atlético-MG quando questionado sobre a dificuldade de alterar sua função.
Com tantas mudanças, jogadores e treinador reconhecem que mais uma vez a seleção brasileira pode penar para marcar gols contra a Hungria. "Todo mundo espera que a gente jogue na seleção como no clube, mas isso é difícil agora", conta Ronaldinho.
Parreira enumera as missões que terá pela frente no amistoso de hoje na capital húngara.
"Observar jogadores, renovar, definir um esquema tático e ganhar, tudo ao mesmo tempo. Isso não é fácil", disse o treinador.

NA TV - Hungria x Brasil, ao vivo, na Globo, às 15h30


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