São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2004

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TÊNIS

Essa coisa chamada saibro

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Saibro? Que horror!
Enquanto os amigos-adversários, maravilhados, descobriam aquele piso mágico, eu, impaciente já do alto dos 13 anos, xingava em pensamento quase alto o sujeito que mandou construir aquelas duas novas quadras no clube.
"Agora", imaginava então, recém-avisado pelo professor de que ali a bola iria perder velocidade, "até aqueles gordinhos chatos vão conseguir chegar e rebater todas as bolas".
A resistência ao piso aumentava a cada dia. Lógico: naquele chão lentíssimo, o garotão que se julgava o sucessor de Stefan Edberg apanhava até dos simpáticos senhores septuagenários que, depois das cinco da tarde, tinham prioridade no uso das quadras do clube. Só por causa do piso, imaginava, esses velhinhos conseguem rebater as bolas, erguer todas elas, irritar.
Nem a descoberta de que o problema não era o excesso de pó de tijolo no piso, mas a falta de talento, fez o saibro ganhar a simpatia deste colunista. Ainda parecia ser um terreno feio, sujo, pantanoso, literalmente.
Longos anos depois, finalmente visto de fora, esse piso começou a parecer um pouco interessante. Foi na época em que sujeitos sem graça como Michael Chang, Andrés Gomez, Sergi Bruguera e Thomas Muster deram lugar a um garotão brasileiro simpático.
O fato é que ter um compatriota ganhando títulos e títulos no saibro fez deste o piso nacional.
Começou a trazer para os meses de abril e maio uma expectativa boa, geralmente acompanhados de resultados bacanas. Ainda assim, pensava, faltava um pouco para a luta no saibro se igualar às emocionante batalhas que Andre Agassi, Patrick Rafter e Pete Sampras, entre vários outros, travavam nos pisos rápidos.
Eis que, em um agradável e tranqüilo fim de tarde no litoral baiano, em meio a um turbulento confronto de Copa Davis, o papo, despretensioso e à mesa de um bar, vai para as particularidades de cada tipo de piso no tênis.
E eis que, sem saber das preferências deste colunista, o técnico gente boa Marcelo Meyer passa a discorrer com empolgação sobre o maldito saibro.
"O saibro é um piso vivo! No cimento, no carpete, o piso é uma coisa morta. No saibro, não! O tenista, além de enfrentar um rival, precisa superar esse monstro que é o piso. Sim, porque um dia ele está lá, imóvel, molhado, lento, ideal para ele. Mas, dali a 24 horas, o mesmo piso se transformou: está mais seco, não mais tão lento, indócil."
"Só no saibro o piso é um aliado e um adversário. Pode ser um aliado no sábado e um tremendo adversário no domingo. Roland Garros pode começar a ser disputado sob aquele tempo seco de Paris e, de um dia para o outro, debaixo de chuva, com um piso totalmente diferente."
"Quando o torneio é no carpete, você tem um torneio do começo ao fim. Quando o torneio é no saibro, você vê um torneio por dia. Porque nunca o piso está igual! O tenista precisa domar esse piso, precisa conter essa coisa.""
Taí. Confesso: pois não é que essa coisa é legal mesmo?

Fed Cup
Maria Fernanda Alves, Carla Tiene, Larissa Carvalho e Letícia Sobral colocaram o Brasil nos playoffs do Grupo Mundial.

Circuitos infanto-juvenis
Rodrigo Starling, Bruna Cunha (18 anos), Nicolas Santos, Paula Pereira (16), André Stabile, Paula Gonçalves (14), Matheus Junqueira e Vivian Pietraroia (12) foram os campeões da segunda etapa da Credicard MasterCard Junior's Cup, em Ribeirão Preto. Nesta semana, o Circuito Banco do Brasil tem sua primeira etapa em Belo Horizonte.

Muso
Patrick Rafter tornou oficial sua relação com a modelo Lara Feltham. No sábado, fez uma cerimônia de casamento nas Ilhas Fiji.

E-mail randaku@uol.com.br


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