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Blatter usa projeto para trocar verba por voto
RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A YOKOHAMA
A compra de votos de dirigentes
é oficial neste ano nas eleições para a presidência da Fifa.
Joseph Blatter, que teria assumido a máxima entidade do futebol
em 1998 pagando a africanos,
aposta as suas chances agora em
um projeto chamado Goal, pelo
qual ele envia dinheiro para várias
federações nacionais.
Tal projeto começou em 1999
com o objetivo de apoiar só as federações mais carentes, mas nos
últimos meses virou arma política. No último ano da gestão Blatter, foram aprovadas cerca de 80
liberações de verba para federações. Só em março, quando as
candidaturas foram oficializadas,
foram acertados 30 projetos Goal.
O grupo que determina quais
países são agraciados com o Goal
é formado por aliados de Blatter.
Entre esses, está Bin Hamman, dirigente do Qatar que teria intermediado a compra de votos de 98
-ele preside o Goal Bureau, que
distribui as verbas do Goal.
O membro europeu desse grupo é o espanhol Angel Maria Villar Llona, único dirigente do Velho Continente no Comitê Executivo da Fifa que votará em Blatter.
Entre as irregularidades na gestão do suíço apontadas pelo secretário-geral da Fifa, Michel Zen-Ruffinen, está o envio de dinheiro
por meio do Goal sem a aprovação do Comitê Executivo da entidade. ""O projeto Goal é usado por
Blatter como parte dessa administração alegre da Fifa", afirmou
Antonio Matarrese, italiano que
integra o Comitê Executivo.
A Libéria, que lidera o movimento na África contra Issa Hayatou, foi o primeiro país a receber dinheiro do Goal -em novembro de 1999, o principal estádio da Libéria foi reformado.
A Fifa concluiu projetos Goal
em só 11 países após três anos,
mas, nas últimas semanas, já prometeu dinheiro para 106 nações.
São 204 federações filiadas à Fifa. Se as 106 que estão para ser
atendidas pelo Goal votarem em
Blatter, o suíço será reeleito.
A Europa, continente com melhor estrutura no futebol, tem hoje 17 federações recebendo dinheiro do Goal. A Fifa prometeu a
conclusão de projetos nesses países para pouco tempo após a eleição -um deles ficaria pronto em
junho, seis estariam terminados
em agosto, três em setembro, um
em outubro e um em dezembro.
Nas últimas semanas, Blatter
tratou de visitar especialmente os
países que estão sendo ajudados
pelo Goal. É o caso de Zâmbia, Lesoto, Moçambique e Mali.
Em geral, o projeto Goal concede US$ 400 mil. A federação croata, por exemplo, fez a sede de sua
federação com essa verba.
Mas não é só com o Goal que a
Fifa deu dinheiro na gestão de
Blatter a federações. A da Eslovênia recebeu US$ 500 mil para reformar sua sede, mas só 10% dessa verba veio do Goal -US$ 450
mil saíram de outro programa de
assistência financeira da Fifa.
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