São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 2002

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JOSÉ GERALDO COUTO

A beleza continua sendo fundamental

Ao examinar as críticas mais frequentes de comentaristas e leitores à seleção de Scolari, percebi que elas se dividem em dois grupos: há os que não "sentem firmeza" na equipe com vistas à disputa do título e há os que, simplesmente, lamentam seu futebol pobre e sem inspiração.
Querendo ou não, temos sempre em mente dois paradigmas opostos: o da seleção de 94, que venceu sem encantar, e a de 82, que fez o contrário. Já deixei claro que, se tiver que optar entre a vitória e o bom futebol, fico com o segundo. Não foram poucos os leitores e colegas que me malharam por isso.
Paciência. Vejo o futebol como meio de expressão de uma cultura -e penso que o futebol da seleção de 82 expressa uma cultura muito mais refinada e que a da seleção de 94 (apesar dos gols de Romário e Bebeto).
Se o mundo admira e louva nosso futebol, não é tanto pelo fato de termos vencido quatro Copas (a Alemanha ganhou três e ninguém gosta dela), mas porque as tornamos mais belas.
Para reforçar meu ponto de vista, recomendo a leitura do magnífico ensaio "82 - A seleção recalcada", do psicanalista Tales Ab'Saber, publicado no caderno Mais! anteontem.
Contra o triste "futebol de resultados" (a "resignação ao possível", segundo Ab'Saber) que tem vingado entre nós, o texto faz justiça a "uma de nossas mais belas jornadas humanas". Um brinde a Telê, Zico, Falcão, Cerezo, Sócrates e Júnior. Evoé.

jgcouto@uol.com.br



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