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JOSÉ GERALDO COUTO
A beleza continua sendo fundamental
Ao examinar as críticas
mais frequentes de comentaristas e leitores à
seleção de Scolari, percebi que
elas se dividem em dois grupos:
há os que não "sentem firmeza"
na equipe com vistas à disputa
do título e há os que, simplesmente, lamentam seu futebol
pobre e sem inspiração.
Querendo ou não, temos sempre em mente dois paradigmas
opostos: o da seleção de 94, que
venceu sem encantar, e a de 82,
que fez o contrário. Já deixei
claro que, se tiver que optar entre a vitória e o bom futebol, fico
com o segundo. Não foram poucos os leitores e colegas que me
malharam por isso.
Paciência. Vejo o futebol como meio de expressão de uma
cultura -e penso que o futebol
da seleção de 82 expressa uma
cultura muito mais refinada e
que a da seleção de 94 (apesar
dos gols de Romário e Bebeto).
Se o mundo admira e louva
nosso futebol, não é tanto pelo
fato de termos vencido quatro
Copas (a Alemanha ganhou
três e ninguém gosta dela), mas
porque as tornamos mais belas.
Para reforçar meu ponto de
vista, recomendo a leitura do
magnífico ensaio "82 - A seleção
recalcada", do psicanalista Tales Ab'Saber, publicado no caderno Mais! anteontem.
Contra o triste "futebol de resultados" (a "resignação ao
possível", segundo Ab'Saber)
que tem vingado entre nós, o
texto faz justiça a "uma de nossas mais belas jornadas humanas". Um brinde a Telê, Zico,
Falcão, Cerezo, Sócrates e Júnior. Evoé.
jgcouto@uol.com.br
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