São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2008

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TÊNIS

Na mosca

Ovacionado na despedida, Guga mostra que, de novo, a despeito da crítica, manda em sua vida e toma a decisão certa

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

POR MAIS de uma década, Gustavo Kuerten agüentou calado as críticas que lhe foram dirigidas. Grande parte delas injusta, descabida (a história e ele próprio mostraram que ele estava certo).
Do início ao fim da carreira, mesmo nos pontos mais críticos, Guga respondeu em quadra, com categoria incontestável e gestos elegantes, toda e qualquer crítica. Em vez de reagir com ironia ou desrespeito, Guga tratou de jogar, ganhar, melhorar, trabalhar, ignorar o resto.
No início, campeão em Roland Garros, a pergunta mais comum era: "Não é a hora de ele procurar treinador experiente, consagrado?". A resposta "Larri é um pai para mim" não convenceu muita gente. Mas Guga, hoje todos admitem, fez o certo.
No ponto mais crítico, quando sofria com dores e cirurgias, nunca deixou a "caça às bruxas" chegar.
Por que não admitiu o problema físico antes? Por que demorou a operar? Por que operou? Por que a recuperação foi assim, e não assado? Por que voltou nesse torneio, e não no outro? Que interesses estão por trás disso? Quem errou? Questões que ele, sabiamente, ignorou.
Mais para o fim, questionado sobre sua capacidade de manter a integridade nos jogos do circuito, Guga deu de ombros. Despreocupado com a repercussão de suas atuações, tratava de falar sempre das partidas, da expectativa, das chances de vitória, da emoção de entrar em quadra, como fazia quando estava no topo.
Aos que perguntavam se já não havia passado da hora de se aposentar, o silêncio. Aos que faziam piadinhas durante as derrotas, o desprezo.
Sua despedida no domingo mostra que, de novo, Guga acertou. Fechou a carreira profissional jogando até onde e quando quis. Mostrou-se, como sempre, dono da própria vida.
Agora todos me perguntam para onde vai o "Guga pós-raquete". Mochilar, surfar, namorar e tocar violão, provavelmente. Vai querer cargo na CBT? Atuará como treinador ou será o capitão na Davis? Fará exibições para angariar fundos para o Instituto Guga Kuerten? A julgar pelo histórico, Guga pode surpreender ou incomodar, mas não vai errar.

MAIS
Muita gente não leu a primeira análise após a despedida de Guga.
Assinantes da Folha e do UOL podem ler em www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk2605200805.htm.

AINDA POR LÁ
Justine Henin se aposentou, mas surgiu no fim de semana em... Roland Garros. Ela diz que jogará tênis só para "manter a forma física".

FUTURES
Marcel Felder (URU) "bisou" Caldas Novas e venceu o Future de Uberlândia. Na final, bateu Eric Gomes. Na Itália, Daniel Silva faturou o Future de Parma, no sábado, ao bater Diego Veronelli (ARG).


reandaku@uol.com.br

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