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TÊNIS
Na mosca
Ovacionado na despedida, Guga mostra que, de novo, a despeito da crítica, manda em sua vida e toma a decisão certa
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
POR MAIS de uma década, Gustavo Kuerten agüentou calado
as críticas que lhe foram dirigidas. Grande parte delas injusta,
descabida (a história e ele próprio
mostraram que ele estava certo).
Do início ao fim da carreira, mesmo nos pontos mais críticos, Guga
respondeu em quadra, com categoria incontestável e gestos elegantes,
toda e qualquer crítica. Em vez de
reagir com ironia ou desrespeito,
Guga tratou de jogar, ganhar, melhorar, trabalhar, ignorar o resto.
No início, campeão em Roland
Garros, a pergunta mais comum era:
"Não é a hora de ele procurar treinador experiente, consagrado?". A resposta "Larri é um pai para mim" não
convenceu muita gente. Mas Guga,
hoje todos admitem, fez o certo.
No ponto mais crítico, quando sofria com dores e cirurgias, nunca
deixou a "caça às bruxas" chegar.
Por que não admitiu o problema físico antes? Por que demorou a operar? Por que operou? Por que a recuperação foi assim, e não assado? Por
que voltou nesse torneio, e não no
outro? Que interesses estão por trás
disso? Quem errou? Questões que
ele, sabiamente, ignorou.
Mais para o fim, questionado sobre sua capacidade de manter a integridade nos jogos do circuito, Guga
deu de ombros. Despreocupado
com a repercussão de suas atuações,
tratava de falar sempre das partidas,
da expectativa, das chances de vitória, da emoção de entrar em quadra,
como fazia quando estava no topo.
Aos que perguntavam se já não havia passado da hora de se aposentar,
o silêncio. Aos que faziam piadinhas
durante as derrotas, o desprezo.
Sua despedida no domingo mostra que, de novo, Guga acertou. Fechou a carreira profissional jogando
até onde e quando quis. Mostrou-se,
como sempre, dono da própria vida.
Agora todos me perguntam para
onde vai o "Guga pós-raquete". Mochilar, surfar, namorar e tocar violão, provavelmente. Vai querer cargo na CBT? Atuará como treinador
ou será o capitão na Davis? Fará exibições para angariar fundos para o
Instituto Guga Kuerten? A julgar
pelo histórico, Guga pode surpreender ou incomodar, mas não vai errar.
MAIS
Muita gente não leu a primeira
análise após a despedida de Guga.
Assinantes da Folha e do UOL podem ler em www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk2605200805.htm.
AINDA POR LÁ
Justine Henin se aposentou, mas
surgiu no fim de semana em... Roland Garros. Ela diz que jogará tênis só para "manter a forma física".
FUTURES
Marcel Felder (URU) "bisou"
Caldas Novas e venceu o Future de
Uberlândia. Na final, bateu Eric
Gomes. Na Itália, Daniel Silva faturou o Future de Parma, no sábado,
ao bater Diego Veronelli (ARG).
reandaku@uol.com.br
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