São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2008

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TOSTÃO

O que é e o que quer ser

O Boca Juniors é um time do mundo, e o Fluminense quer e pode ser. São times com várias semelhanças e diferenças

BOCA JUNIORS e Fluminense são duas equipes que, quando jogam bem, jogam bonito.
Os dois times possuem dois meias habilidosos e criativos. Riquelme atua livre, entre o meio-campo e o ataque. Joga como se enxergasse a partida da arquibancada. Sua única função tática é não ter nenhuma função. De vez em quando, dá uma mãozinha na marcação para não dizerem que ele não é um jogador de conjunto.
O outro meia, Dátolo, marca ao lado dos dois volantes e, quando o time recupera a bola, avança com muita habilidade pela esquerda.
Thiago Neves e Conca, que fez parte da minha seleção do Brasileiro de 2007, quando jogava pelo Vasco, atuam na mesma posição de Riquelme. Não participam também da linha de marcação do meio-de-campo. Os dois volantes ficam sobrecarregados. Por isso, Cícero deve jogar mais atrás, ficando Dodô no banco. Na segunda partida contra o São Paulo, Cícero foi um segundo atacante.
Palermo e Washington são muito parecidos. Ambos são altos, fortes, goleadores, excepcionais nas jogadas aéreas e lentos. Raramente driblam. Às vezes, pisam na bola. Já o outro atacante do Boca, Palacio, movimenta-se com talento e velocidade nas costas dos laterais ou entre o lateral e o zagueiro.
O Boca varia na postura tática, sem trocar de jogadores. Quando atua em casa ou precisa da vitória no campo do adversário, marca por pressão e está sempre perto do gol, como fez contra o Cruzeiro, em Buenos Aires, e contra o Atlas, no México. Fora da Bombonera, a pressão deve ser menor.
Quando joga fora de casa e já tem uma vantagem, como na partida contra o Cruzeiro, no Mineirão, o Boca marca mais atrás, forma uma linha de quatro zagueiros e outra de três armadores e atrai o adversário para contra-atacar.
O Fluminense não deveria jogar muito atrás. Facilita a pressão do Boca e dificulta o contra-ataque. Na marcação sobre Riquelme, prefiro a marcação mais de perto e por zona, sem um jogador específico para acompanhá-lo por todo o campo.
O Fluminense não tem um craque como Riquelme, não tem dois atacantes que se completam, possui menos eficiência tática, mas tem vários excelentes jogadores, zagueiros melhores do que os do Boca, dois laterais que apóiam bem -em certos momentos isso é ruim- e uma grande vontade de fazer história, de ser um time do mundo, que o Boca Juniors já é.

Copa do Brasil
A emoção está em vários lugares nesta quarta-feira. São quatro semifinalistas com a mesma qualidade técnica. Sport e Botafogo saíram na frente de Vasco e Corinthians. Quem serão os finalistas? Não sei.

Propaganda
Vi pela televisão um comercial da Timemania e da Caixa Econômica Federal. Pelé é o garoto-propaganda. Apareço de costas em um lance da Copa de 1970, perto de Pelé.
Sei o meu lugar e que a intenção não é explorar meu nome, mas tinham obrigação de pedir minha autorização. Se pedissem, não daria, por dinheiro nenhum.
Não sou garoto-propaganda nem sou a favor da Timemania. Peço que retirem o anúncio.


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