São Paulo, quinta, 28 de maio de 1998

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FUTEBOL
Governo vai designar 1.860 soldados ao sistema de prevenção a terrorismo; número de detidos já chega a 49
França mobiliza militares contra o terror

RODRIGO AMARAL
enviado especial a Ozoir-la-Ferrière

O governo francês anunciou ontem que 1.860 militares especializados no combate ao terrorismo vão reforçar a segurança da Copa-98, que começa no próximo dia 10.
O anúncio é mais um sinal de que, a menos de duas semanas do início do Mundial, a grande preocupação do governo francês é a ocorrência de um ataque terrorista durante a competição.
Ainda ontem, por exemplo, foi anunciada a detenção de mais duas pessoas suspeitas de participar de movimentos islamistas, que poderiam estar elaborando uma ação terrorista.
Na terça-feira, em uma operação que envolveu também as polícias da Bélgica, da Suíça, da Alemanha e da Itália, a polícia francesa interrogou 53 pessoas, das quais deteve 47, por essa suspeita.
Esses 47 suspeitos, além dos 2 de ontem, ficarão até quatro dias detidos e à disposição da Justiça.
O governo francês também pediu ontem a extradição de quatro suspeitos que foram detidos na terça na Alemanha e na Suíça.

Prevenção
Os militares especializados em terrorismo integrados ontem à segurança da Copa vão participar da operação "Vigipirate", que tem o objetivo de prevenir a ocorrência de atentados terroristas.
Eles vão atuar na vigilância de aeroportos, estações de trem e monumentos das cidades que vão ser sede de jogos e abrigar equipes participantes da Copa.
O principal temor do governo francês é a ocorrência de atentados de grupos fundamentalistas islâmicos baseados na Argélia.
A operação dos dois últimos dias, por exemplo, visou a encontrar militantes do GIA (Grupo Islamista Armado) e de outros movimentos terroristas dissidentes do próprio GIA.
O GIA é, hoje, o principal grupo fundamentalista armado da Argélia e vive uma verdadeira guerra civil com o governo daquele país.
Como o governo francês é acusado de apoiar o argelino, a França é o principal alvo dos atentados desses terroristas islâmicos.
Ao GIA são atribuídos diversos atentados realizados na França na década de 90. O mais recente (a explosão de uma bomba que deixou três mortos em Paris, em dezembro de 1996) colocou em marcha a operação "Vigipirate", que jamais foi totalmente desmobilizada e recebeu um reforço para o período da Copa do Mundo.
O Ministério do Interior, que responde pela segurança dentro do país, divulgou ontem que o reforço da operação "Vigipirate" já estava previsto, mas ainda não havia sido anunciado por razões de segurança.
Ontem, porém, o ministro do Interior, Jean-Pierre Chevènement, voltou a afirmar, em entrevistas a redes de TVs, que têm sido coletadas cada vez mais informações de que atentados estariam sendo elaborados.
Além dos grupos fundamentalistas islâmicos, o governo francês também teme a ocorrência de atentados de grupos nacionalistas europeus, como o ETA, que defende a independência do País Basco (Espanha), e o FNCL, que luta pela independência da região francesa da Córsega.



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