|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Governo vai designar 1.860 soldados ao sistema de prevenção a terrorismo; número de detidos já chega a 49
França mobiliza militares contra o terror
RODRIGO AMARAL
enviado especial a Ozoir-la-Ferrière
O governo
francês anunciou ontem que
1.860 militares
especializados
no combate ao
terrorismo vão
reforçar a segurança da Copa-98,
que começa no próximo dia 10.
O anúncio é mais um sinal de
que, a menos de duas semanas do
início do Mundial, a grande preocupação do governo francês é a
ocorrência de um ataque terrorista durante a competição.
Ainda ontem, por exemplo, foi
anunciada a detenção de mais
duas pessoas suspeitas de participar de movimentos islamistas, que
poderiam estar elaborando uma
ação terrorista.
Na terça-feira, em uma operação
que envolveu também as polícias
da Bélgica, da Suíça, da Alemanha
e da Itália, a polícia francesa interrogou 53 pessoas, das quais deteve
47, por essa suspeita.
Esses 47 suspeitos, além dos 2 de
ontem, ficarão até quatro dias detidos e à disposição da Justiça.
O governo francês também pediu ontem a extradição de quatro
suspeitos que foram detidos na
terça na Alemanha e na Suíça.
Prevenção
Os militares especializados em
terrorismo integrados ontem à segurança da Copa vão participar da
operação "Vigipirate", que tem o
objetivo de prevenir a ocorrência
de atentados terroristas.
Eles vão atuar na vigilância de
aeroportos, estações de trem e
monumentos das cidades que vão
ser sede de jogos e abrigar equipes
participantes da Copa.
O principal temor do governo
francês é a ocorrência de atentados de grupos fundamentalistas
islâmicos baseados na Argélia.
A operação dos dois últimos
dias, por exemplo, visou a encontrar militantes do GIA (Grupo Islamista Armado) e de outros movimentos terroristas dissidentes
do próprio GIA.
O GIA é, hoje, o principal grupo
fundamentalista armado da Argélia e vive uma verdadeira guerra
civil com o governo daquele país.
Como o governo francês é acusado de apoiar o argelino, a França
é o principal alvo dos atentados
desses terroristas islâmicos.
Ao GIA são atribuídos diversos
atentados realizados na França na
década de 90. O mais recente (a explosão de uma bomba que deixou
três mortos em Paris, em dezembro de 1996) colocou em marcha a
operação "Vigipirate", que jamais foi totalmente desmobilizada
e recebeu um reforço para o período da Copa do Mundo.
O Ministério do Interior, que
responde pela segurança dentro
do país, divulgou ontem que o reforço da operação "Vigipirate"
já estava previsto, mas ainda não
havia sido anunciado por razões
de segurança.
Ontem, porém, o ministro do
Interior, Jean-Pierre Chevènement, voltou a afirmar, em entrevistas a redes de TVs, que têm sido
coletadas cada vez mais informações de que atentados estariam
sendo elaborados.
Além dos grupos fundamentalistas islâmicos, o governo francês
também teme a ocorrência de
atentados de grupos nacionalistas
europeus, como o ETA, que defende a independência do País
Basco (Espanha), e o FNCL, que
luta pela independência da região
francesa da Córsega.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|