São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 2011

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LOS GRINGOS

JUAN PABLO VARSKY

Inacreditável


Jamais pensei que escreveria sobre a degola do River Plate, o maior campeão da Argentina

NÃO POSSO acreditar. Jamais pensei que escreveria sobre isso. "Isso" é o rebaixamento do River Plate, o maior campeão do futebol argentino.
Apesar de seus 57 pontos e do quinto lugar nos dois turnos, compartilhado com o Arsenal, o River teve que revalidar seu lugar na primeira divisão contra o Belgrano. Uma situação pela qual nunca havia imaginado passar e para a qual nem sequer se preparou.
Após uma troca de técnico (Juan José López substituiu Angel Cappa), o River conquistou 12 dos últimos 18 pontos em disputa no Apertura do ano passado e terminou com 31, quarto e fora de ameaça. O balanço foi tão bom que o presidente preferiu não contratar reforços para o Clausura. Tudo continuou igual em 2011. Na nona rodada, o River venceu por 1 a 0 o Banfield, com gol de Pavone, e se tornou líder, com 18 pontos.
Não era um Barcelona, mas oferecia uma ideia reconhecível: ordem, intensidade defensiva, o talento de Lamela para criar e a potência de Pavone para definir. Pensava mais na consagração do que em se manter na primeira divisão.
Mas colapsou de maneira inacreditável. Depois daquela partida, só ganhou uma mais, contra o Racing. Passou nove rodadas sem vencer. O duelo contra o All Boys, rival direto pela permanência na primeira divisão, marcou um ponto de inflexão. A debacle do goleiro Carrizo retrata a autodestruição. Todos perderam o controle. Juan José López começou a mexer em nomes e sistemas como quem mexe nas teclas de um computador para consertá-lo do jeito que der.
O presidente Passarella pediu a renúncia de Julio Grondona por uma má arbitragem. Após a subestimação e a negação, veio o fato consumado, que mostrou a improvisação do presidente e do treinador. Passarella sumiu em Córdoba e logo exaltou em demasia sua presença no Hundú Club, vestido com roupa de treinamento, como se ainda fosse o grande capitão.
O técnico escalou uma insólita equipe para a partida, cheia de garotos, muito tenros para enfrentar semelhante situação. Desamparados e sem preparação mental para esse histórico cenário, os jogadores cometeram erros de principiantes. Adalberto Román cometeu um pênalti de colegial. Mariano Pavone bateu outro com os olhos fechados. Não deram três passes seguidos. Não podiam. Díaz e Ferrero se chocaram entre eles e deram o gol ao bravo Belgrano. River na segunda divisão. A situação se supera. Ainda não posso acreditar.


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