São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2004

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VÔLEI

Vitórias arrasadoras nas semifinais ratificam favoritismo de Brasil e Itália nos Jogos

Com sobras e contra o maior rival, seleção volta à decisão após 12 anos

LUÍS CURRO
GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADOS ESPECIAIS A ATENAS

Doze anos depois, o vôlei do Brasil está novamente em uma final dos Jogos Olímpicos.
Medalha de ouro em Barcelona-92, sob o comando de José Roberto Guimarães, a seleção terá amanhã, contra a Itália, a oportunidade de repetir o feito, agora com Bernardinho no banco.
Mas, desta vez, chega em busca do título com a responsabilidade de ratificar seu favoritismo na partida contra seu maior rival na era Bernardinho. Na Espanha, brasileiros e holandeses eram considerados zebras.
Agora, os finalistas chegam à decisão com sobras. A mostra desta superioridade foi dada nas semifinais. O Brasil, que havia perdido na fase de classificação com um time misto, teve uma vitória tranqüila sobre os EUA: 3 sets a 0 (25/16, 25/17 e 25/ 23).
Os italianos foram ainda mais arrasadores. Devolveram a derrota da primeira fase e eliminaram a Rússia por 25/16, 25/17 e 25/16.
Seu outro revés na campanha olímpica havia sido para o Brasil: 3 sets a 2 em um tie-break emocionante, fechado em 33 a 31.
"Mostramos que estamos bem preparados, foi uma vitória consistente. Mas a Itália também está em grande forma. O jogo será dificílimo", avaliou o meio Gustavo, que atua no vôlei italiano.
O exigente Bernardinho, que desde que assumiu a seleção, em 2001, obteve 11 títulos em 14 torneios -sendo duas Ligas Mundiais diante dos italianos-, mais uma vez disse estar satisfeito com a performance de seus comandados. Não só técnica e tática mas, sobretudo, psicologicamente.
"O nosso melhor jogo foi contra a Rússia, mas a vitória sobre os EUA foi muito importante, porque havia um fator emocional muito forte. Valia vaga na final, era um jogo em que a equipe poderia se perder. E eles [os atletas] se comportaram muito bem."
Nas três parciais, o volume de jogo brasileiro foi impressionante: saque forte e preciso (foram cinco aces, contra nenhum dos EUA), bloqueio eficaz (9 a 5), ataques matadores (45 a 38) e menos erros cometidos (13 a 16).
Stanley, principal atacante americano, esteve muito bem marcado e fez só seis pontos.
Em um tempo técnico no primeiro set, o oposto reserva Anderson deu o tom de como a seleção jogava. "Tá bom demais", dizia aos colegas, sorriso aberto.
Tudo deu tão certo para a equipe brasileira ontem que, no terceiro set, o mais equilibrado, um lance inusitado aconteceu.
Num contra-ataque, o líbero Escadinha fez inveja ao levantador Ricardinho ao erguer de costas uma bola perfeita para o ponta Giba assinalar 24/22. Dois lances depois, o ponta Dante cravou para pôr o Brasil na final.
Terminada a partida, os jogadores se reuniram em círculo na meia-quadra brasileira por cerca de um minuto, em uma corrente.
Amanhã, às 8h30, a seleção volta à quadra. Dono de duas medalhas de bronze no comando da seleção feminina, Bernardinho busca seu mais importante ouro com o time masculino -foi campeão Mundial, em 2002, e tri da Liga Mundial, em 2001, 2003 e 2004.
Já assegurou para si o feito de conquistar medalhas por duas equipes diferentes como treinador. Zé Roberto, dono do único ouro olímpico do país, pode se juntar a ele hoje, se mantiver a tradição de Bernardinho de colocar a seleção feminina no pódio.


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