DOS ENVIADOS A ATENAS

Primeiro diagnóstico: Ricardinho é o cérebro, quem consegue analisar todas as possibilidades e escolhe o melhor para o time. Segundo diagnóstico: ele também é pura emoção, capaz de alavancar os companheiros durante os jogos.
É assim, com sintomas mistos de frieza e comoção, que o levantador do Brasil saiu de quadra ontem como o destaque da vitória sobre os EUA.
Mais: ele também ratificou seu posto de melhor da posição em Atenas e arrancou elogios do técnico Bernardinho.
"O Ricardo é o cérebro da equipe, mas um cérebro diferenciado. Ele carrega também uma grande carga de emoção, sem perder a capacidade de raciocinar rápido", diz o técnico.
Ontem, a principal virtude do atleta foi variar as jogadas para colocar os atacantes em situações privilegiadas. Ricardinho, 28, proporcionou uma divisão quase igualitária entre os principais pontuadores: Dante fez 15, Giba, 14, André Nascimento e Gustavo, 11 cada um. Somente André Heller, menos acionado, destoou -marcou quatro vezes.
"Essa situação é fundamental para o time. O Ricardo faz o que eu, quando era jogador, não conseguia. Eu não tinha essa capacidade", afirma.
A comparação é inevitável. O hoje treinador do Brasil era reserva do levantador William em Moscou-80 e Los Angeles-84. Ricardinho, por outro lado, foi cortado às vésperas dos Jogos de Sydney e viveu parte de sua trajetória na seleção desde 1997 eclipsado por Maurício.
Bernardinho, contudo, evita entrar em méritos técnicos. "Não posso ser comparado com ele. Eu não tinha todo esse potencial. A gente vai até onde o potencial da gente permite."
O de Ricardinho assegurou, até aqui, o posto de levantador mais eficiente da Olimpíada.
Mas nada que o faça abandonar o discurso padrão da equipe. "Neste grupo não pode haver um destaque, ninguém pode destoar. Se isso acontecer, não seremos campeões", costuma dizer. (LC E GR)


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