São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 2006

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Primeira vez

Sem erros e sem ordens, Massa vence na Turquia

Dentre os 27 brasileiros que já correram na F-1, ferrarista é o sexto a triunfar

Largando da pole, piloto escapa de ter que dar lugar para Schumacher graças a falha do alemão, que deixou o rival Alonso entre os dois

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL

Felipe Massa não errou. Michael Schumacher, sim: uma escapada na curva 8, a mais desafiadora do circuito de Istambul. E assim o brasileiro transformou ontem uma pole position que tinha contornos de fantasia numa vitória real, concreta, tranqüila. E inédita.
Aos 25 anos e na sua 66ª corrida na F-1, Massa venceu o GP da Turquia, 14ª etapa do Mundial. Foi seu primeiro triunfo na categoria, o 89º do Brasil, o primeiro desde setembro de 2004, quando Rubens Barrichello ganhou o GP da China.
Entre os 27 brasileiros que já correram no principal campeonato do automobilismo, tornou-se o sexto vitorioso, juntando-se a Emerson Fittipaldi, José Carlos Pace, Nelson Piquet, Ayrton Senna e Barrichello. E foi o segundo que mais demorou para desencantar, só atrás do antecessor na Ferrari.
"Sou brasileiro de coração e o mais importante, quando você está lá em cima e ouve o hino nacional, é lembrar de onde você veio. Sei das dificuldades do Brasil e sei que hoje estou sendo uma pessoa importante para meu país. Espero continuar sendo muitas vezes", declarou, voz embargada, a tônica de suas entrevistas após a corrida.
Fernando Alonso foi o segundo colocado, e Schumacher ficou em terceiro. E mais do que completar o pódio de Istambul, o posicionamento dos dois explica a vitória de Massa.
Antes da prova, o brasileiro admitia que não teria chances se Schumacher estivesse atrás de si: abriria para o companheiro, que duela com o espanhol pelo título. Mas a equipe foi pega de surpresa e antes que desse a ordem, Alonso se intrometeu entre seus dois pilotos.
Aconteceu na 13ª volta. Saindo na pole pela primeira vez na carreira, Massa liderava a prova, 1s955 à frente do alemão, que volta a volta reduzia a diferença. Alonso era o terceiro.
A Ferrari imaginava ter o GP sob controle. No ritmo que impunha, Schumacher superaria o companheiro em seis ou sete voltas ou no primeiro pit stop.
Mas o plano virou pó quando o italiano Vitantonio Liuzzi rodou na primeira curva. O motor apagou, exigindo o safety-car.
A maioria dos pilotos decidiu antecipar o pit. Schumacher, porém, teve que esperar o serviço no carro do parceiro antes de trocar pneus e reabastecer. Resultado: perdeu a segunda colocação para o espanhol.
A Ferrari manteve a calma: tinha um "plano B". Com mais gasolina, o alemão teria quatro voltas a mais que Alonso até o segundo pit. Quatro voltas com pista limpa para acelerar e abrir vantagem para parar nos boxes e retornar à frente do rival.
Mas aí, o imponderável: Schumacher errou na 28ª volta. Foi para a grama e perdeu 4s732. Alonso desgarrou e após 15 voltas viu pelo retrovisor o alemão sair dos boxes 0s988 atrás. Ou seja: não tivesse errado, retomaria o segundo posto.
Sem a sombra do companheiro, Massa se deu ao luxo de controlar o ritmo. Venceu. E, ainda de capacete, chorando, deu a declaração mais completa entre todas que soltou até o fim do dia. "Sinto pelo Michael. Mas foi fantástico para mim."


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