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Primeira vez
Sem erros e sem ordens, Massa vence na Turquia
Dentre os 27 brasileiros que já correram na F-1, ferrarista é o sexto a triunfar
Largando da pole, piloto escapa de ter que dar lugar para Schumacher graças a falha do alemão, que deixou o rival Alonso entre os dois
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL
Felipe Massa não errou. Michael Schumacher, sim: uma
escapada na curva 8, a mais desafiadora do circuito de Istambul. E assim o brasileiro transformou ontem uma pole position que tinha contornos de
fantasia numa vitória real, concreta, tranqüila. E inédita.
Aos 25 anos e na sua 66ª corrida na F-1, Massa venceu o GP
da Turquia, 14ª etapa do Mundial. Foi seu primeiro triunfo
na categoria, o 89º do Brasil, o
primeiro desde setembro de
2004, quando Rubens Barrichello ganhou o GP da China.
Entre os 27 brasileiros que já
correram no principal campeonato do automobilismo, tornou-se o sexto vitorioso, juntando-se a Emerson Fittipaldi,
José Carlos Pace, Nelson Piquet, Ayrton Senna e Barrichello. E foi o segundo que mais demorou para desencantar, só
atrás do antecessor na Ferrari.
"Sou brasileiro de coração e o
mais importante, quando você
está lá em cima e ouve o hino
nacional, é lembrar de onde você veio. Sei das dificuldades do
Brasil e sei que hoje estou sendo uma pessoa importante para
meu país. Espero continuar
sendo muitas vezes", declarou,
voz embargada, a tônica de suas
entrevistas após a corrida.
Fernando Alonso foi o segundo colocado, e Schumacher ficou em terceiro. E mais do que
completar o pódio de Istambul,
o posicionamento dos dois explica a vitória de Massa.
Antes da prova, o brasileiro
admitia que não teria chances
se Schumacher estivesse atrás
de si: abriria para o companheiro, que duela com o espanhol
pelo título. Mas a equipe foi pega de surpresa e antes que desse a ordem, Alonso se intrometeu entre seus dois pilotos.
Aconteceu na 13ª volta. Saindo na pole pela primeira vez na
carreira, Massa liderava a prova, 1s955 à frente do alemão,
que volta a volta reduzia a diferença. Alonso era o terceiro.
A Ferrari imaginava ter o GP
sob controle. No ritmo que impunha, Schumacher superaria
o companheiro em seis ou sete
voltas ou no primeiro pit stop.
Mas o plano virou pó quando
o italiano Vitantonio Liuzzi rodou na primeira curva. O motor
apagou, exigindo o safety-car.
A maioria dos pilotos decidiu
antecipar o pit. Schumacher,
porém, teve que esperar o serviço no carro do parceiro antes
de trocar pneus e reabastecer.
Resultado: perdeu a segunda
colocação para o espanhol.
A Ferrari manteve a calma:
tinha um "plano B". Com mais
gasolina, o alemão teria quatro
voltas a mais que Alonso até o
segundo pit. Quatro voltas com
pista limpa para acelerar e abrir
vantagem para parar nos boxes
e retornar à frente do rival.
Mas aí, o imponderável:
Schumacher errou na 28ª volta.
Foi para a grama e perdeu
4s732. Alonso desgarrou e após
15 voltas viu pelo retrovisor o
alemão sair dos boxes 0s988
atrás. Ou seja: não tivesse errado, retomaria o segundo posto.
Sem a sombra do companheiro, Massa se deu ao luxo de
controlar o ritmo. Venceu. E,
ainda de capacete, chorando,
deu a declaração mais completa entre todas que soltou até o
fim do dia. "Sinto pelo Michael.
Mas foi fantástico para mim."
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