São Paulo, segunda-feira, 28 de setembro de 2009

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JUCA KFOURI

Fiel da balança


Se a luta pelo título parece uma utopia, o Corinthians pode ser a pedra também no caminho do líder Palmeiras


A RIVALIDADE estadual pode decidir o Brasileirão, como foi demonstrado no Morumbi.
Porque, ainda em fase de remontagem, o Corinthians deu um calor danado no São Paulo. E só não venceu porque Dentinho teve um gol, que seria o do 2 a 0, mal anulado, e Washington, um gol, o do 1 a 1, mal validado por outra má arbitragem.
O jogo quase foi decidido por uma situação curiosa: o maior nome tricolor, Rogério Ceni, foi vetado na última hora, e o maior nome alvinegro, Ronaldo Fenômeno, ganhou de presente um gol de Bosco, que substituiu o goleiro, assim como do assustado zagueiro André Dias.
Mas a arbitragem foi ainda mais decisiva, embora seja justo realçar a exuberante exibição do são-paulino Hernanes, a boa volta também do capitão corintiano William, a estreia aceitável do habilidoso Defederico e a estranhamente desligada atuação de Borges num tricolor que, no geral, foi superior.
Tudo somado, mais o empate do Inter, quem agradece é o Palmeiras. Que, no entanto, deve já ir se preocupando com seu jogo do dia 1º de novembro, em São José do Rio Preto, contra este Corinthians que faz o papel de fiel da balança.

Atlético palmeirense
Falar de São Marcos é chover no molhado. Razão pela qual, o nome do jogo na sofrida vitória do Palmeiras, no sábado, foi o de Danilo, 25 anos, 1,84 m, 72 quilos.
Um zagueiro que deu passe para gol, fez gol contra e a favor, salvou gol na linha fatal e valeu bem mais que os R$ 100 mil que o Palmeiras teve de pagar para utilizá-lo contra o rubro-negro Atlético com quem tem vínculo trabalhista.
Ele vale bem mais do que pesa.

Gratidão
Que os brasileiros campeões mundiais de futebol de 1958 merecem nossa eterna gratidão é indiscutível. Assim como os de 1962 e daí por diante, porque enterraram o complexo de vira-latas.
Muitos deles estão em má situação ou deixaram suas famílias assim. E gratidão, sabe-se, não enche barriga ou paga contas.
É, porém, obrigação da CBF tratar desses heróis nacionais.
Botar dinheiro público para atendê-los é uma demasia por diversas razões, por melhores que sejam as intenções e por mais que os jogadores mereçam muito mais, por exemplo, que os privilégios que os políticos se permitem.
Demasia porque não se pode pensar em dar aposentadoria ou indenizar um Pelé, quando se quer ajudar um Moacir.
Sim, a carreira de atleta é curta e a aposentadoria por tempo de serviço é quase uma impossibilidade. Nada impede, no entanto, que a CBF tenha um fundo de pensão para amparar quem vestiu e veste sua camisa, assim como um plano de assistência médica contratado com empresas particulares, algo já prometido e jamais cumprido.
Porque, se a moda pega, não só Paulo Maluf terá anistia por ter dado fuscas aos campeões de 1970 como teremos a repetição das indenizações dadas a algumas vítimas da ditadura, que, como disse Millôr Fernandes, na verdade nada tinham de idealistas, apenas estavam fazendo investimento.

blogdojuca@uol.com.br

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