São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

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FUTEBOL

Lateral e goleiro contam que exames detectaram anomalia; São Caetano rebate e afirma que Serginho era saudável

Colegas dizem que atleta tinha problema

Fernando Donasci/Folha Imagem
Jogadores de São Paulo e São Caetano rezam abraçados no gramado do Morumbi após Serginho sofrer parada cardiorrespiratória


DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio à comoção pela morte de Serginho, os jogadores do São Caetano também demonstravam incômodo. Segundo eles, o clube do ABC sabia que o zagueiro tinha um problema no coração. Exames feitos no início do ano teriam diagnosticado sinais de alteração no estado do atleta.
"Os exames foram feitos, mas o médico disse que não era nada grave", afirmou o lateral-direito Anderson Lima. "A possibilidade de acontecer alguma coisa era mínima", completou o jogador.
A idéia de que Serginho corria um risco ínfimo de sofrer algo durante uma partida ou treino era compartilhada pelos companheiros de elenco. Eles até tinham idéia da gravidade do caso.
"Eu não sabia o que era, mas havia risco sim. Era de 1%. O exame acusou que ele tinha um problema de coração. Deu tipo... Não sei explicar ao certo, era algo que acontece em coração de atleta. Um entupimento. Mas estava tudo sob controle", declarou o goleiro Silvio Luiz, muito abalado.
A diretoria do São Caetano, no entanto, negou qualquer problema com a saúde de seu zagueiro.
"Exames são feitos sempre, e o Serginho estava apto para jogar. Não tinha problema algum de coração", declarou o presidente do clube, Nairo Ferreira de Souza, que também rebateu as declarações de seu jogador. "O Silvio Luiz é goleiro, não médico."
Segundo o volante são-paulino César Sampaio, Serginho teria assinado um termo de responsabilidade para seguir jogando apesar da anomalia no coração.
Os exames no elenco foram realizados no início do ano, logo após a morte do húngaro Miklos Feher, 24, que sofria de má formação cardíaca e morreu durante partida do Benfica, seu clube.
O clima de consternação foi grande na saída do estádio do Morumbi. De acordo com os colegas, o zagueiro do São Caetano mantinha uma vida normal.
"Ele trabalhava normalmente, dizia que estava tudo bem", afirmou Silvio Luiz.
Para os atletas, a cena de Serginho sendo atendido no campo ficará marcada. "Ele caiu nos pés do Grafite de repente, e foi o alvoroço que todo mundo viu", relembrou Jean. "Isso tudo é muito triste. Por mais exames que se faça, a gente fica sujeito a esse tipo de coisa", lamentou o atacante são-paulino, que classificou a cena como estarrecedora.
Os jogadores do São Caetano saíram calados do Morumbi, e o treinador Péricles Chamusca deu o tom do clima de frustração pela perda do companheiro: "É complicado. Não dá para falar nada". (EDUARDO ARRUDA, FÁBIO VICTOR E TONI ASSIS)


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