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SÃO PAULO
Pacaembu antecipa Maracanazo em empate do Brasil com a Suíça
DA REPORTAGEM LOCAL
A grande decepção seria 18
dias mais tarde. Mas os torcedores que estiveram na única
apresentação do Brasil no Pacaembu naquela Copa sentiram antecipadamente o amargor de um fracasso no final.
Na tarde de 28 de junho de
1950, a equipe nacional vencia
a Suíça por 2 a 1 até os 43min do
segundo tempo, quando os visitantes empataram com Fatton.
"Esperávamos uma goleada,
que nunca aconteceu. O Brasil
vinha de uma série de resultados bons nos amistosos preparatórios e estreara com goleada
[4 a 0, sobre o México] no Rio.
Mas emperrou na Suíça", relembra Rubens Ribeiro, 80, jornalista aposentado e organizador do museu da Federação
Paulista de Futebol.
Ele narra que aquele frustrante empate serviu como
combustível nas discussões
bairristas entre paulistas e cariocas. "Ficou a impressão de
que São Paulo tinha secado a
seleção brasileira. Porque no
Rio era só festa, um festival de
goleadas, e aqui o time parou."
No fim do jogo, os torcedores
demonstraram a insatisfação.
Um grupo mais exaltado chegou até a queimar a bandeira da
CBD (Confederação Brasileira
de Desportos), a antecessora da
CBF, nas tribunas. "Claro que
não foi como a frustração da
perda do título, mas foi quase",
diz Ribeiro, um dos 42 mil pagantes que assistiram ao empate com os suíços no Pacaembu.
A rigor, não foi o único resultado no estádio que contrariou
a maioria dos torcedores.
Três dias antes, a Itália, então
campeã mundial, estreara no
Mundial no mesmo palco.
Apesar de ter reformulado o
elenco às pressas -em razão da
queda do avião com a delegação
do Torino, clube que cedia atletas à Azzurra, um ano antes- e
apoiada pela grande colônia estabelecida na capital paulista, a
equipe frustrou o público.
Abriu o placar, mas levou três
gols da Suécia, que acabou vencedora por 3 a 2.
Mesmo com os italianos eliminados, 26 mil pessoas foram
ver sua partida de despedida no
Pacaembu (uma vitória por 2 a
0 sobre o Paraguai).
O estádio ainda seria usado
em três confrontos da fase final
-nenhum deles envolvendo a
seleção brasileira-, incluindo
uma "partida fantasma".
Enquanto Brasil e Uruguai se
enfrentavam diante de 200 mil
torcedores no Rio, suecos e espanhóis jogaram em São Paulo,
em partida iniciada no mesmo
horário da decisão e que definiu
o terceiro colocado da Copa.
Nova zebra sueca, que fez 3 a
1 no jogo que teve 11 mil pagantes (menos de 25% de ocupação
do estádio à época). (LF)
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