São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2007

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SÃO PAULO

Pacaembu antecipa Maracanazo em empate do Brasil com a Suíça

DA REPORTAGEM LOCAL

A grande decepção seria 18 dias mais tarde. Mas os torcedores que estiveram na única apresentação do Brasil no Pacaembu naquela Copa sentiram antecipadamente o amargor de um fracasso no final.
Na tarde de 28 de junho de 1950, a equipe nacional vencia a Suíça por 2 a 1 até os 43min do segundo tempo, quando os visitantes empataram com Fatton.
"Esperávamos uma goleada, que nunca aconteceu. O Brasil vinha de uma série de resultados bons nos amistosos preparatórios e estreara com goleada [4 a 0, sobre o México] no Rio. Mas emperrou na Suíça", relembra Rubens Ribeiro, 80, jornalista aposentado e organizador do museu da Federação Paulista de Futebol.
Ele narra que aquele frustrante empate serviu como combustível nas discussões bairristas entre paulistas e cariocas. "Ficou a impressão de que São Paulo tinha secado a seleção brasileira. Porque no Rio era só festa, um festival de goleadas, e aqui o time parou."
No fim do jogo, os torcedores demonstraram a insatisfação. Um grupo mais exaltado chegou até a queimar a bandeira da CBD (Confederação Brasileira de Desportos), a antecessora da CBF, nas tribunas. "Claro que não foi como a frustração da perda do título, mas foi quase", diz Ribeiro, um dos 42 mil pagantes que assistiram ao empate com os suíços no Pacaembu.
A rigor, não foi o único resultado no estádio que contrariou a maioria dos torcedores.
Três dias antes, a Itália, então campeã mundial, estreara no Mundial no mesmo palco.
Apesar de ter reformulado o elenco às pressas -em razão da queda do avião com a delegação do Torino, clube que cedia atletas à Azzurra, um ano antes- e apoiada pela grande colônia estabelecida na capital paulista, a equipe frustrou o público.
Abriu o placar, mas levou três gols da Suécia, que acabou vencedora por 3 a 2.
Mesmo com os italianos eliminados, 26 mil pessoas foram ver sua partida de despedida no Pacaembu (uma vitória por 2 a 0 sobre o Paraguai).
O estádio ainda seria usado em três confrontos da fase final -nenhum deles envolvendo a seleção brasileira-, incluindo uma "partida fantasma".
Enquanto Brasil e Uruguai se enfrentavam diante de 200 mil torcedores no Rio, suecos e espanhóis jogaram em São Paulo, em partida iniciada no mesmo horário da decisão e que definiu o terceiro colocado da Copa.
Nova zebra sueca, que fez 3 a 1 no jogo que teve 11 mil pagantes (menos de 25% de ocupação do estádio à época). (LF)

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