São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2007

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RECIFE

Reforma do estádio é mais lembrada que jogo único

DA REPORTAGEM LOCAL

A vitória do Chile por 5 a 2 sobre os EUA foi praticamente esquecida por quem esteve no campo. A odisséia da torcida do Sport para ajudar na adequação da Ilha do Retiro às exigências da Copa do Mundo não.
Os pernambucanos que viveram a única partida do Mundial de 1950 no Nordeste citam muito mais o esforço para reformar o estádio que os lances do jogo ao rememorar a Copa.
"Só aconteceu o jogo graças aos torcedores do Sport, que fizeram o trabalho de reforma, já que o governo não deu dinheiro", conta o jornalista e pesquisador Haroldo Praça, 91.
Para receber o Mundial, o estádio do Sport precisava de obras: ampliação do alambrado e construção de três túneis.
"O povo começou a ajudar, foi uma grande mobilização. Não era raro ver torcedores levando tijolos de carroça. Cada um doava o que podia, e assim foi acontecendo a obra."
O aposentado Fernando Caldas Bivar, 73, era adolescente na época. Como hoje, ele freqüentava o clube quase diariamente. E cita um fato que o marcou na história da reforma da Ilha do Retiro.
"Lembro que os sacos de cimento usados na obra eram levados em barcos, pela equipe de remo do clube. Os atletas carregavam o material de construção até o local da obra", declara o conselheiro, hoje encarregado de cuidar do museu do Sport e que tem um livro publicado sobre o clube.
"A partida foi inusitada, porque nunca havíamos visto um jogo desse porte. Lembro do Jules Rimet [francês, presidente da Fifa] na tribuna do Sport", conta Bivar, revelando orgulho.
Praça narra também a atmosfera no Recife, às vésperas do jogo. "Vieram pessoas de todos os Estados vizinhos para a partida. A expectativa foi muito grande. Era extraordinário, porque era uma rara consideração importante ao Norte e ao Nordeste receber aquele confronto de Copa do Mundo."
Mas e do jogo em si, quais são as lembranças mais vivas?
"Apesar dos sete gols, o jogo foi sem graça. Não dava para vibrar muito, porque os times eram ruins. Os EUA eram ainda piores do que são hoje no futebol. Mas os dois foram aplaudidos", aponta Praça, autor do gol da vitória do Sport nos 6 a 5 sobre o Santa Cruz na inauguração do estádio, em 1937. (LF)

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