|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RECIFE
Reforma do estádio é mais lembrada que jogo único
DA REPORTAGEM LOCAL
A vitória do Chile por 5 a 2 sobre os EUA foi praticamente
esquecida por quem esteve no
campo. A odisséia da torcida do
Sport para ajudar na adequação
da Ilha do Retiro às exigências
da Copa do Mundo não.
Os pernambucanos que viveram a única partida do Mundial
de 1950 no Nordeste citam
muito mais o esforço para reformar o estádio que os lances
do jogo ao rememorar a Copa.
"Só aconteceu o jogo graças
aos torcedores do Sport, que fizeram o trabalho de reforma, já
que o governo não deu dinheiro", conta o jornalista e pesquisador Haroldo Praça, 91.
Para receber o Mundial, o estádio do Sport precisava de
obras: ampliação do alambrado
e construção de três túneis.
"O povo começou a ajudar,
foi uma grande mobilização.
Não era raro ver torcedores levando tijolos de carroça. Cada
um doava o que podia, e assim
foi acontecendo a obra."
O aposentado Fernando Caldas Bivar, 73, era adolescente
na época. Como hoje, ele freqüentava o clube quase diariamente. E cita um fato que o
marcou na história da reforma
da Ilha do Retiro.
"Lembro que os sacos de cimento usados na obra eram levados em barcos, pela equipe
de remo do clube. Os atletas
carregavam o material de construção até o local da obra", declara o conselheiro, hoje encarregado de cuidar do museu do
Sport e que tem um livro publicado sobre o clube.
"A partida foi inusitada, porque nunca havíamos visto um
jogo desse porte. Lembro do
Jules Rimet [francês, presidente da Fifa] na tribuna do Sport",
conta Bivar, revelando orgulho.
Praça narra também a atmosfera no Recife, às vésperas
do jogo. "Vieram pessoas de todos os Estados vizinhos para a
partida. A expectativa foi muito
grande. Era extraordinário,
porque era uma rara consideração importante ao Norte e ao
Nordeste receber aquele confronto de Copa do Mundo."
Mas e do jogo em si, quais são
as lembranças mais vivas?
"Apesar dos sete gols, o jogo
foi sem graça. Não dava para vibrar muito, porque os times
eram ruins. Os EUA eram ainda
piores do que são hoje no futebol. Mas os dois foram aplaudidos", aponta Praça, autor do gol
da vitória do Sport nos 6 a 5 sobre o Santa Cruz na inauguração do estádio, em 1937. (LF)
Texto Anterior: Porto Alegre: Iugoslávia faz forte "física" e impressiona Próximo Texto: Curitiba: Derrotado, carteiro dos EUA brilha pelo fôlego Índice
|