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São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2003

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"Mix" de sotaques embala o Cruzeiro rumo ao título


Com penca de olheiros espalhada pelo país, time pode se sagrar campeão brasileiro no domingo com somente 5 atletas que são de Minas no elenco


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Após 32 anos de espera, Minas Gerais pode voltar a ter no domingo, com o Cruzeiro, um time campeão brasileiro de futebol.
Os protagonistas da glória -que será sacramentada com uma vitória diante do Paysandu-, no entanto, não têm o característico sotaque mineiro.
Dos 24 times que disputam o Brasileiro-03, o Cruzeiro é o segundo que usou menos jogadores nascidos no Estado de sua sede (só perde para o Figueirense).
Dos 34 atletas escalados pelo carioca Wanderley Luxemburgo até o momento, só cinco são de Minas Gerais, o segundo Estado mais populoso do Brasil.
O maior time da história do Cruzeiro, montado nos anos 60, era totalmente diferente do atual no aspecto procedência.
Praticamente todos os astros da equipe que derrotou o Santos de Pelé na decisão da Taça Brasil de 1966 eram mineiros.
Tostão nasceu em Belo Horizonte, assim com o atacante Natal. Dirceu Lopes é de Pedro Leopoldo, Piazza, de Ribeirão das Neves, e Procópio, de Salinas.
Agora, o Cruzeiro tem uma verdadeira salada de sotaques.
São dois estrangeiros -o atacante colombiano Aristizábal e o volante chileno Maldonado. Contando só os jogadores que atuaram pelo Nacional, o Cruzeiro teve atletas de 12 Estados diferentes.
O exército maior é de paulistas. Na Toca da Raposa, são nove atletas da unidade da federação mais populosa do país. Do Rio, são cinco atletas, o que significa um empate com os locais. Do Paraná vem o maior astro do time -o meia Alex, nascido em Curitiba.
O clube tem ainda, entre outros Estados, jogadores de Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Tocantins e Santa Catarina.
Tal diversidade acontece pela política de contratações. O Cruzeiro tem um exército de olheiros espalhados pelo país. Os caçadores de talentos levam promessas para Minas com frequência.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com o volante Augusto Recife, titular da equipe. Apesar de pernambucano, ele jogava pelo Juventus, em São Paulo. Em uma temporada de treinos por esse time no interior paulista, foi notado por um treinador do juvenil do Cruzeiro e indicado. Logo, estava de malas prontas para Minas.
"Vim no meio de dez jogadores, todos do Juventus", disse ele, que nasceu em Joaquim Nabuco e garante que não teve dificuldades de adaptação. "Do Nordeste até Minas, passei antes por São Paulo."

Comando carioca
Além dos jogadores, o Cruzeiro atual é bem pouco mineiro na sua comissão técnica. Praticamente todos os auxiliares de Wanderley Luxemburgo são cariocas. A maior parte deles tem pouca experiência em Minas Gerais.
Isso a começar pelo próprio treinador. Antes do Cruzeiro, Luxemburgo teve uma rápida passagem anterior pelo Estado. Foi em 1985, quando dirigiu o Democrata de Governador Valadares.
Na verdade, Luxemburgo fez praticamente toda a sua carreira de treinador em São Paulo, onde dirigiu três (Palmeiras, Corinthians e Santos) dos quatro principais clubes do Estado.


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