São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 2008

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Cartolas trocam "golpe" por pijama

Poderosos que tentaram tomar poder da CBF no futebol no início da década perdem poder e hoje vivem de criticar rivais

Eduardo José Farah, Alberto Dualib, Mustafá Contursi e Eurico Miranda dizem ter deixado seus cargos apenas porque queriam sair de cena


Danilo Verpa/Folha Imagem
Eduardo José Farah, ex-presidente da Federação Paulista de Futebol, em seu escritório de advocacia, nos Jardins, em São Paulo

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Outubro de 2001. Numa luxuosa casa na avenida Brasil, área nobre da capital paulista, Eduardo José Farah, 74, então presidente da federação paulista, dava o passo considerado por ele como fundamental para dominar o futebol brasileiro.
O objetivo era enfraquecer a CBF e concentrar o poder do futebol nacional nos dois mais importantes Estados do país. Ao lado de Farah, os também poderosos presidentes Alberto Dualib, do Corinthians, Mustafá Contursi, do Palmeiras e Eurico Miranda, do Vasco.
O sonho de Farah, que àquela altura comandava a FPF fazia 12 anos, durou pouco. No ano seguinte, a CBF acabou com o Torneio Rio-SP. Em 2003, ele deixou a FPF e iniciou o processo de derrocada de outros que se perpetuaram no poder.
"Fui eleito para um novo mandato de 3 anos no dia 10 de janeiro de 2003. No dia 12, pedi licença de meu cargo. Nunca mais voltei. Assinei meu pedido de afastamento definitivo em agosto de 2003", declarou ele, negando que saiu por conta de uma manobra engendrada pelo atual presidente da FPF, Marco Polo del Nero, e pelo vice, Reinado Carneiro Bastos.
"Deixei o futebol por pura falta de motivação. Fiz tudo o que um dirigente poderia fazer. Não tinha mais desafios", falou o cartola à Folha.
Em 2005, foi a vez de Contursi, 68, deixar o Palmeiras após 12 anos à frente do clube, fazendo o sucessor, Affonso della Monica, de quem se tornaria inimigo político. "Poderia descansar mais, só que o Della Monica não me deixa", diz Contursi, que ainda participa ativamente da política do clube.
No ano passado, após 14 anos comandando o Corinthians, Alberto Dualib, 89, renunciou à presidência em meio a escândalo envolvendo sua administração e a parceria com a MSI, alvo de processo na Justiça.
"Havia muito tempo eu queria sair, mas o pessoal não deixava. Diziam que se eu saísse, o clube explodiria", diz Dualib.
Neste ano, o vascaíno Eurico Miranda, 64, que deu as cartas no clube nas últimas duas décadas, pressionado, decidiu não concorrer à presidência contra Roberto Dinamite. "Ninguém me tirou do Vasco. Saí de lá só porque quis."


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