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FUTEBOL
Palavras-chave no futebol
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Uma das palavras mais faladas por técnicos e pela imprensa, antes, durante e após
uma partida, é espaço. Com ela,
os técnicos explicam as derrotas e
as vitórias.
Quando alguns narradores e
comentaristas não têm mais nada interessante para falar durante uma partida, já deram todas as
informações necessárias e desnecessárias e contaram todos os detalhes da história dos dois times
-as informações que não fazem
parte do jogo deveriam somente
ser dadas com a bola parada-,
costumam falar que faltaram ou
sobraram espaços.
Apesar de muitos dizerem que o
campo é pequeno para o veloz futebol atual, os times nunca ocupam todos os espaços.
Se a equipe deixa muitos espaços entre defesa, meio-campo e
ataque, fica pouco compacta, outra palavra que os técnicos adoram. A distância entre os setores
dificulta a troca de passes e facilita para o adversário organizar as
jogadas.
Se os zagueiros e armadores
marcam muito atrás, faltam espaços para os atacantes receberem a bola. Contudo, sobram espaços para o outro time pressionar e tocar a bola até a intermediária. Essa forma de marcar,
atraindo o adversário para contra-atacar, é uma maneira eficiente de uma equipe inferior ganhar de outra muito superior.
Muitas grandes equipes preferem recuar e iniciar a marcação
com os atacantes na linha de
meio-campo. Assim, diminuem
os espaços na defesa. Porém,
quando o time recupera a bola, fica muito longe do outro gol.
Se a equipe marca por pressão,
com os zagueiros e armadores
mais adiantados, sobram espaços
nas costas dos defensores para os
lançamentos longos. Em compensação, o time que pressiona toma
a bola no outro campo e fica próximo do gol. Essa é a principal razão de o Ronaldinho jogar melhor no Barcelona. Na seleção, ele
recua para marcar e receber a bola e fica mais longe da área.
Além de espaço e compacto, há
muitas palavras-chave no futebol
para os técnicos, como atitude,
pegada, equilíbrio, união, foco e
outras. Como muitos técnicos não
gostam de dar explicações técnicas e táticas após as partidas -só
reclamam-, sugiro um texto decorado para eles explicarem as
derrotas: "O time não teve atitude, pegada, equilíbrio, união, não
foi compacto, não estava focado e
não aproveitou os espaços". Em
caso de vitória, é só tirar a palavra não.
Tecnologia no futebol
Apesar de ser um dinossauro, de
nunca ter usado um caixa automático, de utilizar o celular somente para fazer e receber ligações, apóio a tecnologia no futebol, desde que seja para resolver
poucos problemas específicos, como saber se a bola entrou ou não
dentro do gol.
Não vejo necessidade do uso de
pontos eletrônicos pelos árbitros e
auxiliares, já que eles estão próximos, o barulho intenso do estádio
atrapalha a comunicação pelos
microfones e os auxiliares podem
levantar as bandeiras. Além disso, já existem os vibradores que
avisam ao árbitro que o auxiliar
quer lhe dar informações.
A tecnologia existe para auxiliar as pessoas, mas estas não podem ser reféns da máquina.
Há no mundo uma adoração
pela tecnologia e uma ilusão de
que ela será sempre mais importante e mais eficiente do que a interpretação e a subjetividade humana. A vida se passa muitas vezes nas entrelinhas. Não é sempre
isso ou aquilo.
Assim como o aumento do conhecimento e da tecnologia não
produz sempre melhoria na qualidade de vida das pessoas, o uso
da tecnologia no futebol não significa, necessariamente, menos
problemas e mais justiça no resultado das partidas.
Favorito no futebol
O Ipatinga deve repetir hoje
contra o Cruzeiro a estratégia utilizada no Maracanã contra o Botafogo. O time atraiu o adversário
para contra-atacar com os passes
certeiros do Walter Minhoca para
os velozes Diego Silva e Camanducaia.
Apesar de o Ipatinga ser campeão mineiro, ter eliminado com
facilidade o Botafogo, ter a melhor campanha do primeiro turno
e jogar por dois empates ou por
uma vitória e uma derrota pela
mesma diferença de gols, o Cruzeiro é favorito porque tem jogadores muito melhores e não vai
entrar em campo achando que será fácil, como na decisão do ano
passado contra o Ipatinga. Mas
nem sempre vence o favorito.
E-mail - tostao.folha@uol.com.br
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