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COPA 2006
Iniciativa argentina entusiasma Fernando Haddad, da Educação, que julga idéia "genial e pedagógica"
Ministério quer que escolas mostrem as partidas do Brasil
GUSTAVO HOFMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Muitas crianças argentinas irão
ver os jogos da Copa do Mundo
em sala de aula. A medida, que
tem gerado polêmica no país vizinho, já ostenta admiradores no
Brasil. Se depender do ministro
da Educação, Fernando Haddad,
a iniciativa deveria ser copiada
pelas escolas brasileiras.
Nesta semana, as Províncias de
Córdoba, Mendoza, Santa Fé e
Formosa, na Argentina, anunciaram que irão transmitir os jogos
da seleção nacional nas salas de
aula. A medida tem o apoio do
ministro argentino da Educação,
Daniel Filmus, que acredita que
os jogos devem ser utilizados como uma ferramenta de ensino.
Haddad, ao tomar ciência do fato, disse que a idéia lhe chamou a
atenção pelo ineditismo e que já
pediu ao seu gabinete para entrar
em contato com o ministério do
país vizinho e pegar os detalhes
do projeto. Quer que os secretários estaduais de Educação recebam o projeto como sugestão.
"Acho a idéia genial, motivadora e pedagógica. A Copa do Mundo é um evento mobilizador para
fazer as crianças estudarem. Já pedi ao meu gabinete para recolher
todo o material e encaminhar aos
secretários estaduais", afirmou.
"Mesmo que essa idéia seja adotada em escala menor, acredito
que já valha à pena", acrescentou
o ministro, entusiasmado.
Enquanto isso, faltando pouco
mais de dois meses para o início
da Copa, os alunos das escolas
municipais e estaduais de São
Paulo ainda não sabem qual será a
programação de seus colégios. O
Brasil, na primeira fase, entra em
campo nos dias 13 (terça, Croácia), 18 (domingo, Austrália) e 22
(quinta, Japão), às 16h, 13h e 16h,
respectivamente. Nas fases seguintes, caso a seleção avance, os
horários das partidas irão variar
entre 12h ou 16h. Nas escolas estaduais, de acordo com a assessoria
de imprensa da Secretaria de Educação, a programação será definida só um mês antes da Copa.
A saída do atual secretário, Gabriel Chalita, que deve concorrer a
algum cargo nas próximas eleições, é outro fator que ajuda na
indefinição, de acordo com seus
próprios assessores.
A mesma situação de incertezas
acontece na Secretaria Municipal
de Educação da capital paulista.
Procurada pela reportagem da
Folha, a assessoria de imprensa
do órgão afirmou que ainda não
há definição sobre o assunto.
Caso a idéia de passar os jogos
em sala de aula seja aceita por alguns diretores de escolas municipais e estaduais, um problema virá à tona: a falta de televisores.
No antagonismo da burocracia
da máquina pública, as escolas
particulares de São Paulo estão
com sua programação pronta,
mas sem muito entrosamento.
O Colégio Bandeirantes já decidiu o que fazer. "Estaremos em
época de provas, quando temos
aula em dois períodos. Mas nos
dias dos jogos do Brasil vamos ter
somente um e liberar os alunos
antes", disse Pedro Fregoneze, diretor pedagógico da instituição.
O Colégio Rio Branco é o que
chega mais perto da idéia do ministro brasileiro. A direção pretende colocar um telão no pátio,
para que os alunos assistam aos
jogos e depois voltem às aulas.
O Colégio Cervantes não pretende liberar nenhum aluno para
ver as partidas. Muito menos em
sala de aula. De acordo com a secretaria da diretoria, as aulas vão
acontecer normalmente.
Em todas instituições, o calendário letivo reserva o mês de julho
para as férias escolares. Como a
Copa vai do dia 9 de junho a 9 do
mês seguinte, cerca de três semanas de aula ficam "comprometidas" com a realização do maior
evento de futebol do mundo.
Se futebol também é cultura, as
aulas terão assunto de sobra. Depende da seleção brasileira.
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