São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2006

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COPA 2006

Iniciativa argentina entusiasma Fernando Haddad, da Educação, que julga idéia "genial e pedagógica"

Ministério quer que escolas mostrem as partidas do Brasil

GUSTAVO HOFMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Muitas crianças argentinas irão ver os jogos da Copa do Mundo em sala de aula. A medida, que tem gerado polêmica no país vizinho, já ostenta admiradores no Brasil. Se depender do ministro da Educação, Fernando Haddad, a iniciativa deveria ser copiada pelas escolas brasileiras.
Nesta semana, as Províncias de Córdoba, Mendoza, Santa Fé e Formosa, na Argentina, anunciaram que irão transmitir os jogos da seleção nacional nas salas de aula. A medida tem o apoio do ministro argentino da Educação, Daniel Filmus, que acredita que os jogos devem ser utilizados como uma ferramenta de ensino.
Haddad, ao tomar ciência do fato, disse que a idéia lhe chamou a atenção pelo ineditismo e que já pediu ao seu gabinete para entrar em contato com o ministério do país vizinho e pegar os detalhes do projeto. Quer que os secretários estaduais de Educação recebam o projeto como sugestão.
"Acho a idéia genial, motivadora e pedagógica. A Copa do Mundo é um evento mobilizador para fazer as crianças estudarem. Já pedi ao meu gabinete para recolher todo o material e encaminhar aos secretários estaduais", afirmou.
"Mesmo que essa idéia seja adotada em escala menor, acredito que já valha à pena", acrescentou o ministro, entusiasmado.
Enquanto isso, faltando pouco mais de dois meses para o início da Copa, os alunos das escolas municipais e estaduais de São Paulo ainda não sabem qual será a programação de seus colégios. O Brasil, na primeira fase, entra em campo nos dias 13 (terça, Croácia), 18 (domingo, Austrália) e 22 (quinta, Japão), às 16h, 13h e 16h, respectivamente. Nas fases seguintes, caso a seleção avance, os horários das partidas irão variar entre 12h ou 16h. Nas escolas estaduais, de acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação, a programação será definida só um mês antes da Copa.
A saída do atual secretário, Gabriel Chalita, que deve concorrer a algum cargo nas próximas eleições, é outro fator que ajuda na indefinição, de acordo com seus próprios assessores.
A mesma situação de incertezas acontece na Secretaria Municipal de Educação da capital paulista. Procurada pela reportagem da Folha, a assessoria de imprensa do órgão afirmou que ainda não há definição sobre o assunto.
Caso a idéia de passar os jogos em sala de aula seja aceita por alguns diretores de escolas municipais e estaduais, um problema virá à tona: a falta de televisores.
No antagonismo da burocracia da máquina pública, as escolas particulares de São Paulo estão com sua programação pronta, mas sem muito entrosamento.
O Colégio Bandeirantes já decidiu o que fazer. "Estaremos em época de provas, quando temos aula em dois períodos. Mas nos dias dos jogos do Brasil vamos ter somente um e liberar os alunos antes", disse Pedro Fregoneze, diretor pedagógico da instituição.
O Colégio Rio Branco é o que chega mais perto da idéia do ministro brasileiro. A direção pretende colocar um telão no pátio, para que os alunos assistam aos jogos e depois voltem às aulas.
O Colégio Cervantes não pretende liberar nenhum aluno para ver as partidas. Muito menos em sala de aula. De acordo com a secretaria da diretoria, as aulas vão acontecer normalmente.
Em todas instituições, o calendário letivo reserva o mês de julho para as férias escolares. Como a Copa vai do dia 9 de junho a 9 do mês seguinte, cerca de três semanas de aula ficam "comprometidas" com a realização do maior evento de futebol do mundo.
Se futebol também é cultura, as aulas terão assunto de sobra. Depende da seleção brasileira.


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