São Paulo, domingo, 29 de março de 2009

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Salvador de Dunga, Júlio César joga hoje por feito

Fora de campo, atitudes e declarações ajudam goleiro a ter confiança do técnico

Se camisa 1 não sofrer gol contra o Equador, seleção pela primeira vez terá meta intacta 6 vezes seguidas em partidas pelas eliminatórias

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A GUAYAQUIL

O paradigma e também o dono das melhores marcas da nova era Dunga na seleção brasileira joga com as mãos.
Aos 29 anos, o goleiro Júlio César virou um líder, mesmo sem a tarja de capitão, e se especializou em salvar o chefe em momentos críticos, como no jogo contra o Uruguai, no Morumbi, pelas eliminatórias.
Performances que o colocam em um patamar inédito. Segundo dados oficiais da Confederação Brasileira de Futebol, Júlio César é, entre os goleiros que defenderam a seleção por pelo menos 20 jogos, o dono da menor média de gols sofridos.
Ele foi vazado só 19 vezes nas 30 em que esteve debaixo das traves nacionais, uma média de 0,63 por partida. Marca que surpreende o próprio atleta e ainda é mais impressionante sob o comando de Dunga.
O jogador da Inter de Milão foi o goleiro brasileiro em 19 partidas com o treinador gaúcho no banco. Nessas ocasiões, ele só levou nove gols, ou média de apenas 0,47 por jogo.
Quando ele não entrou em campo, Dunga viu seu time buscar a bola no fundo do seu gol num ritmo bem maior -sua seleção sofreu 0,82 tento por confronto sem Júlio César.
Hoje, em Quito, o jogador revelado no Flamengo e que nasceu em Duque de Caxias tem a chance de bater outro recorde.
Se o Brasil não for vazado diante do Equador, será a primeira vez na história que o time nacional acumulará seis partidas seguidas por eliminatórias com sua meta intacta.
Nos cinco jogos que compõem a série até agora (contra Argentina, Chile, Bolívia, Venezuela e Colômbia), quem atuou foi Júlio César, que ainda foi o principal responsável pelo Brasil ter batido a Itália em amistoso no mês passado, em Londres, sem sofrer gols.
Mas não é só pelo que faz dentro de campo que o goleiro virou um dos xodós de Dunga. Suas declarações quase sempre encaixam como uma luva com a forma de pensar do técnico.
Antes da Olimpíada, mesmo sem estar cotado para ocupar uma das três vagas destinadas a jogadores com mais de 23 anos, Júlio César dizia que, se convocado, iria lutar até o último momento por sua liberação com a Inter de Milão. Isso enquanto astros como Kaká aceitaram, sem espernear, o veto do clube.
Júlio César, que no tal jogo contra o Uruguai calou a torcida, que pedia Marcos ou Rogério (nomes que nunca foram os de preferência do técnico), ainda atacou o presidente Lula após o petista elogiar a Argentina e criticar o Brasil, coisa que Dunga não fez publicamente com ênfase, mas que era sua forma de pensar sobre o caso.


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