São Paulo, terça-feira, 29 de maio de 2007

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choque térmico

Veto à altitude fará Brasil suar mais

Países afetados pela medida da Fifa devem levar seus jogos para cidades quentes, pesadelo dos brasileiros 'europeus'

Cartolas e presidente boliviano, Evo Morales, fazem ataque a "decisão discriminatória" e querem que entidade volte atrás


Dado Galdieri/Associated Press
Vista do estádio do Bolivar, em La Paz, a capital boliviana, que se situa a 3.600 m do nível do mar


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O veto da Fifa para jogos internacionais em cidades com mais de 2.500 m de altitude esquentou as coisas para o Brasil. E isso dentro e fora de campo.
Cartolas e políticos sul-americanos atacaram ontem duramente a decisão, que beneficia, principalmente, argentinos, brasileiros e uruguaios.
Mas, caso a proibição não seja derrubada, os principais jogadores da seleção nacional vão trocar um incômodo por outro.
No lugar da falta de ar e clima ameno de La Paz, Quito e Bogotá, o time nacional vai desafiar nas eliminatórias o calor, que desagrada a quem joga no frio europeu há muitos anos -Ronaldo e outros companheiros reclamaram até dos 30 de um jogo em Goiânia em 2005.
E isso deve ser pouco nas próximas eliminatórias. No caso boliviano, Santa Cruz de la Sierra, onde os termômetros passam fácil dos 30, é a opção mais lógica a La Paz. Pior será no Equador e na Colômbia. No primeiro caso, Guayaquil, com seu clima úmido e calor próximo dos 40, é favorita para ser a nova casa da seleção local. Barranquilla, onde o Brasil jogou com mais de 35 nas eliminatórias passadas, deve ser a escolha colombiana para os jogos.
"Os atletas que vêm do frio da Europa acabam sentindo o cansaço", disse o treinador Carlos Alberto Parreira na disputa das eliminatórias sul-americanas para a Copa da Alemanha.
"O calor pode até trazer um prejuízo atlético, mas é muito melhor do que jogar na altitude, que pode até gerar risco de morte", opina Serafim Borges, médico do time nacional.
Mas não é só dentro de campo que a coisa esquentou.
Os países afetados pela Fifa estão indignados. Na Bolívia, virou até questão de Estado.
O presidente Evo Morales enviou ontem mesmo uma carta a Joseph Blatter, o presidente da Fifa, protestando contra a resolução da entidade. Nela, expressa "explícito rechaço à resolução", que considera "injusta e discriminatória".
Morales também fez um apelo "aos irmãos presidentes da Argentina e do Brasil para que a Bolívia não seja excluída da prática do futebol internacional na altitude".
A federação equatoriana prometeu "defender até a morte o seu direito de jogar em Quito". Com a ajuda dos quase 3.000 m da cidade, o país foi às duas últimas Copas, vencendo o Brasil nos dois qualificatórios.
Luis Bedoya, presidente da federação colombiana, optou pela diplomacia e disse que a Fifa irá reverter sua decisão se a Conmebol, a confederação sul-americana, solicitar.

Com agências internacionais


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