São Paulo, terça-feira, 29 de maio de 2007

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Conmebol racha e debate Libertadores

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão da Fifa de proibir jogos de futebol acima de 2.500 metros de altitude dividiu os países da América do Sul. Dirigentes discutirão se a norma será aplicada na Libertadores e se haverá um questionamento à medida. O movimento para vetar partidas em lugares altos foi liderada por Brasil e Argentina. Países com estádios acima do limite da Fifa, Bolívia, Equador, Peru e Colômbia tentam anular a decisão.
Haverá uma reunião no dia 15 de junho de cartolas da Conmebol para falar sobre sobre o tema. Já é certo que as eliminatórias da Copa serão afetadas. No encontro será definido se a norma será válida para a Libertadores -cerca de dez sedes do atual torneio excedem o limite.
"A Conmebol tem autonomia na Libertadores. Mas é uma norma da Fifa, que é a entidade maior do futebol", afirmou o porta-voz da entidade, Nestor Benítez. Ainda há a possibilidade de pedir à Fifa que reveja a posição, se houver consenso. Por isso, haverá uma reunião de médicos da Conmebol.
Foi em um encontro como esse que iniciou-se o movimento para implantar o veto. Em março, médicos da CBF e do Flamengo levaram estudo sobre os riscos da altitude a congresso médico na Argentina. O trabalho indicava risco de edemas pulmonares e cerebrais, que podem matar. Isso devido à redução da capacidade de obter oxigênio.
Uma adaptação de cinco semanas evitaria os efeitos. "Não dá para esperar uma morte", falou o médico Serafim Borges, autor do estudo. No trabalho, há imagens e depoimentos de atletas do Flamengo em Potosí (a 4.000 m), em jogo com o time local pela Libertadores. Eles usaram tubos de oxigênio. A diretoria do clube disse que o time se recusaria a jogar de novo na altitude.
No congresso, membros do Comitê Médico da Fifa, Jiri Dvorak (Suíça) e Raul Madero (Argentina), concordaram com o resultado da pesquisa. O médico equatoriano foi contra -não havia bolivianos presentes. A partir disso, o Comitê Executivo da Fifa vetou, anteontem, os jogos acima de 2.500 m. O presidente Joseph Blatter admitiu que haveria oposição. O Peru acusa a Fifa de beneficiar Argentina, Brasil e Uruguai na disputa por vagas no Mundial.
O racha entre cartolas repete-se entre os atletas. "Cada um puxa a sardinha para seu lado. Bolivianos acham um absurdo a proibição", afirmou Rinaldo Martorelli, da Federação Nacional de Atletas do Brasil, que já vinha pedindo à Conmebol o veto à altitude, sem sucesso. Pelé, que participou de evento em São Paulo, elogiou a medida. "Não sei por que levaram tanto tempo."


Colaborou EDUARDO OHATA, da Reportagem Local


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