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"Nosso objetivo é o 9 de julho"
Raymond Domenech, treinador francês, diz que time é azarão, mas já projeta "jogo perfeito" na final
"O Brasil é o campeão do mundo, só que isso não quer dizer que não ganharemos", diz ele, que até sábado irá estudar o time de Parreira
FERNANDO VALEIKA DE BARROS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE HAMELN
Contestado até as oitavas-de-final, o técnico da França, Raymond Domenech, agora já projeta sua equipe na final.
PERGUNTA - Até onde seu time pode chegar nesta Copa?
RAYMOND DOMENECH - Desde o
início digo que o nosso projeto
é chegar ao dia 9 de julho [data
da final]. É claro que estou contente com a nossa exibição contra os espanhóis. Mas, para
mim, a Copa não acaba nessa
partida. Para estarmos na final,
teremos de jogar com inteligência contra um rival que é
campeão mundial e tem excelentes atletas. E, para estar à altura, nos próximos dias verei e
estudarei jogos do Brasil, recuperarei meus jogadores, tudo
para ter o melhor time possível.
PERGUNTA - A equipe que jogou
bem contra os espanhóis é a que deve começar a partida contra o Brasil?
DOMENECH - O Brasil joga diferente da Espanha. Nossa estratégia pode variar de jogo para
jogo. O que sei é que queremos
passar para a próxima fase e teremos um adversário difícil.
PERGUNTA - Muitos brasileiros encaram o jogo de Frankfurt como
uma revanche da final da Copa-98.
Vocês sentem algo parecido?
DOMENECH - A maioria dos atletas que entrará em campo não
disputou aquela final. Espero
que essa partida seja uma bela
página da história das Copas.
PERGUNTA - Você está entre os que
acham que o Brasil não joga bem?
DOMENECH - O Brasil ganhou
todos seus jogos. Se os brasileiros não estão satisfeitos, que
me dêem esses resultados, que
ficarei bastante contente.
PERGUNTA - O Brasil é o favorito?
DOMENECH - Os brasileiros são
campeões do mundo, favoritos
há 40 anos, e nós somos azarões há 80. Só que isso não quer
dizer que não ganharemos.
PERGUNTA - Por que o seu trabalho
foi tão contestado na França?
DOMENECH - Não sou eu quem
valida o meu trabalho. Mas é
bom que se diga que muitos dos
que me criticaram não tinham
dados que eu tinha. Quando
chamei Vieira, muita gente
achou ruim. E ele está jogando
muito. O mesmo ocorreu quando fiz amistosos, que eram só
ensaios, nos quais eu fiz observações e tirei conclusões. O
meu objetivo era organizar
uma equipe e levá-la ao melhor
nível possível na Copa.
PERGUNTA - Zidane já anunciou
que encerra a carreira na Copa. Há
uma pressão por conta disso?
DOMENECH - Não. O futebol é
como a vida, na qual a gente
nunca sabe qual será o nosso
último dia. Conheço suas qualidades e, no jogo contra a Espanha, fiquei feliz que ele tenha
marcado um gol aos 34 anos.
Temos que evoluir a cada etapa
para chegarmos à final e fazermos um jogo perfeito.
PERGUNTA - Você acha que provocações de jornais como o "Marca",
que estampou em manchete que a
seleção da Espanha iria aposentar
Zidane, motivaram seus jogadores?
DOMENECH - Não sei espanhol.
PERGUNTA - Sabe sim. Você descende de espanhóis, não?
DOMENECH - Sim, pode ser que
essa manchete tenha estimulado os jogadores. A propósito:
você não tem nenhuma provocação do gênero para fazer em
nome dos brasileiros?
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