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Argentina espera seu messias
Na esteira das coincidências de 86, time torce por surgimento de novo Maradona para deslanchar
Riquelme, Messi e Tevez,
citados pelo ex-craque,
estão entre os mais cotados
para explodir e conduzir
seleção a seu terceiro título
GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A HERZOGENAURACH
O roteiro é idêntico. Um
elenco repleto de talentos, duas
vitórias e um empate na primeira fase, triunfo apertado no
início dos mata-matas e uma
seleção campeã do mundo pela
frente nas quartas-de-final.
Vinte anos atrás, o rival era a
Inglaterra. Amanhã, é a Alemanha. No Mundial de 1986, um
atleta desequilibrou e abriu caminho para a conquista do título. Agora, quem pode fazer o
mesmo pela Argentina?
O próprio herói do último título arriscas respostas. Maradona, que repetiu ontem a rotina de visitar a equipe e manifestar seu apoio, já declarou
que a Copa ainda vai consagrar
Riquelme, Messi e Tevez.
Os próprios jogadores reconhecem, contudo, que até aqui
tiveram altos e baixos. "Todos
podem render mais. O importante é que temos uma nova
chance. É num jogo como esse
que surgem os craques", afirmou Tevez, atleta corintiano.
De fato, o próprio Maradona
não havia dado pistas do que viria a aprontar até enfrentar a
Inglaterra. Nos quatro jogos
iniciais de 1986 (contra Bulgária, Coréia do Sul, Itália e Uruguai), havia feito um único gol.
Nos três últimos, mandou a
bola para as redes em quatro
oportunidades. Na decisão,
contra a Alemanha, deu a assistência para o gol de Burruchaga
que sentenciou os 3 a 2 do placar e o bicampeonato mundial
naquele 29 de junho.
A aposta atual em arroubos
individuais não brota só do ex-craque. José Pekerman, treinador da equipe, tem tido conversas reservadas com seus jogadores mais badalados. "Em alguns momentos, faltou tranqüilidade para que pudessem
brilhar em um jogo", declarou.
Sua maior preocupação parece estar centrada em Riquelme.
Com dribles imprevisíveis e
tentos anotados em momentos
cruciais, o meia conquistou
duas Libertadores e um Mundial interclubes defendendo o
Boca Juniors (Argentina).
Renegado pelo técnico Marcelo Bielsa na última Copa, o
atleta de 28 anos desembarcou
na Alemanha dizendo ser esta a
grande chance de sua carreira.
Só que ainda não despertou.
Em média, finaliza três vez por
jogo -e ainda não marcou.
Sabemos que o Riquelme pode render muito mais, mas isso
não influencia o resto do grupo.
Vamos procurar ajudá-lo", afirmou o atacante Saviola.
Ele crê que a partida contra
os anfitriões vai começar elétrica e acabar motivando todos os
jogadores. "Teremos uma nação inteira contra nós, mas podemos surpreendê-los."
Quem surpreende no elenco
por enquanto é um jogador que
chegou à Copa sem os holofotes
do trio sempre exaltado por
Maradona. Maxi Rodríguez,
campeão com Pekerman no
mundial sub-20 em 2001, marcou dois nos 6 a 0 sobre a Sérvia
e anotou o gol derradeiro contra o México, já na prorrogação.
"Cresço em momentos decisivos e por isso ganhei o respaldo do técnico", disse o meia.
Ele promete chamar a responsabilidade contra a Alemanha e quebrar um longo tabu. A
Argentina não vence uma partida de mata-mata no tempo
normal em Copas desde a edição de 1990, quando Maradona
ainda vestia a camisa celeste.
A falta de um homem de decisão faz gente como Messi, 19,
e Tevez, 21, acostumados a brilhar em seus clubes, pedirem
vaga entre os titulares.
Pekerman, entretanto, parece que vai inicialmente apostar
na experiência. No treino de
ontem, o treinador deixou os
prodígios entre os reservas.
Seus eleitos para o ataque foram Saviola, 24, e Crespo, 30.
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