São Paulo, quinta-feira, 29 de junho de 2006

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Argentina espera seu messias

Na esteira das coincidências de 86, time torce por surgimento de novo Maradona para deslanchar

Riquelme, Messi e Tevez, citados pelo ex-craque, estão entre os mais cotados para explodir e conduzir seleção a seu terceiro título


GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A HERZOGENAURACH

O roteiro é idêntico. Um elenco repleto de talentos, duas vitórias e um empate na primeira fase, triunfo apertado no início dos mata-matas e uma seleção campeã do mundo pela frente nas quartas-de-final.
Vinte anos atrás, o rival era a Inglaterra. Amanhã, é a Alemanha. No Mundial de 1986, um atleta desequilibrou e abriu caminho para a conquista do título. Agora, quem pode fazer o mesmo pela Argentina?
O próprio herói do último título arriscas respostas. Maradona, que repetiu ontem a rotina de visitar a equipe e manifestar seu apoio, já declarou que a Copa ainda vai consagrar Riquelme, Messi e Tevez.
Os próprios jogadores reconhecem, contudo, que até aqui tiveram altos e baixos. "Todos podem render mais. O importante é que temos uma nova chance. É num jogo como esse que surgem os craques", afirmou Tevez, atleta corintiano.
De fato, o próprio Maradona não havia dado pistas do que viria a aprontar até enfrentar a Inglaterra. Nos quatro jogos iniciais de 1986 (contra Bulgária, Coréia do Sul, Itália e Uruguai), havia feito um único gol.
Nos três últimos, mandou a bola para as redes em quatro oportunidades. Na decisão, contra a Alemanha, deu a assistência para o gol de Burruchaga que sentenciou os 3 a 2 do placar e o bicampeonato mundial naquele 29 de junho.
A aposta atual em arroubos individuais não brota só do ex-craque. José Pekerman, treinador da equipe, tem tido conversas reservadas com seus jogadores mais badalados. "Em alguns momentos, faltou tranqüilidade para que pudessem brilhar em um jogo", declarou.
Sua maior preocupação parece estar centrada em Riquelme. Com dribles imprevisíveis e tentos anotados em momentos cruciais, o meia conquistou duas Libertadores e um Mundial interclubes defendendo o Boca Juniors (Argentina).
Renegado pelo técnico Marcelo Bielsa na última Copa, o atleta de 28 anos desembarcou na Alemanha dizendo ser esta a grande chance de sua carreira.
Só que ainda não despertou. Em média, finaliza três vez por jogo -e ainda não marcou.
Sabemos que o Riquelme pode render muito mais, mas isso não influencia o resto do grupo. Vamos procurar ajudá-lo", afirmou o atacante Saviola.
Ele crê que a partida contra os anfitriões vai começar elétrica e acabar motivando todos os jogadores. "Teremos uma nação inteira contra nós, mas podemos surpreendê-los."
Quem surpreende no elenco por enquanto é um jogador que chegou à Copa sem os holofotes do trio sempre exaltado por Maradona. Maxi Rodríguez, campeão com Pekerman no mundial sub-20 em 2001, marcou dois nos 6 a 0 sobre a Sérvia e anotou o gol derradeiro contra o México, já na prorrogação.
"Cresço em momentos decisivos e por isso ganhei o respaldo do técnico", disse o meia.
Ele promete chamar a responsabilidade contra a Alemanha e quebrar um longo tabu. A Argentina não vence uma partida de mata-mata no tempo normal em Copas desde a edição de 1990, quando Maradona ainda vestia a camisa celeste.
A falta de um homem de decisão faz gente como Messi, 19, e Tevez, 21, acostumados a brilhar em seus clubes, pedirem vaga entre os titulares.
Pekerman, entretanto, parece que vai inicialmente apostar na experiência. No treino de ontem, o treinador deixou os prodígios entre os reservas. Seus eleitos para o ataque foram Saviola, 24, e Crespo, 30.


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