São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Portugal colonizado

Com muito mais dinheiro, clubes espanhóis se apoderam dos jogadores mais ilustres do futebol português, enquanto Fúria tem elenco com menos rodagem no cenário internacional

DO ENVIADO A DURBAN

A proximidade geográfica e a distância econômica ajudam a explicar o fato de que o futebol espanhol tem colonizado o futebol português.
Com liga e clubes bem mais endinheirados, a Espanha absorve boa parte da nata profissional do vizinho.
Dos 23 jogadores de Portugal nesta Copa do Mundo, nove jogam ou já atuaram no futebol espanhol. O próprio técnico Carlos Queiroz trabalhou no Real Madrid, na temporada 2003/2004.
Bem ao contrário, no elenco da Espanha no Mundial, só um jogador teve passagem, e breve, pelo futebol português: Marchena foi do Benfica, em 2000/2001.
O Real Madrid pagou a cifra recorde de 95 milhões pelo principal astro português, Cristiano Ronaldo.
E o time merengue, que também conta com o zagueiro Pepe, contratou para a próxima temporada o técnico português José Mourinho, que venceu a Copa dos Campeões deste ano pela Inter de Milão. Existe a possibilidade de ele levar Miguel Veloso, do Sporting, para Madri.
Os jogadores portugueses estão muito mais acostumados com a vida no exterior do que os espanhóis.
Enquanto 17 lusos do atual grupo de Portugal já atuaram ao menos uma vez fora de sua terra natal, apenas sete espanhóis experimentaram um clube estrangeiro. E, desses sete, quatro foram para o Liverpool, treinado pelo espanhol Rafael Benítez.
Dentre os 23 de Portugal, já houve atleta nas ligas de Alemanha, Escócia, Espanha, França, Grécia, Inglaterra, Itália e Rússia, além do Brasileiro. Dentre os 23 da Espanha, seis tiveram experiência na Inglaterra, cuja liga é a única que supera a da Espanha na Europa, e Marchena passou pelo Português.
Uma comparação entre os técnicos também deixa claro que, no mundo da bola, os lusitanos são bem mais exploradores e navegantes do que os espanhóis. Carlos Queiroz já atuou nos EUA, no Japão, nos Emirados Árabes Unidos, na África do Sul, na Inglaterra e na Espanha.
Vicente del Bosque, que ganhou espaço como treinador no Real Madrid, tentou a sorte apenas uma temporada no exterior, dirigindo o turco Besiktas em 2004/2005.
A liga espanhola cedeu quase três vezes mais atletas para a Copa do que o Português (59 a 21). São 39 jogadores do Espanhol cedidos para outras seleções e apenas dez da liga portuguesa convocados por outros países para o torneio na África do Sul.
O Barcelona, time que mais forneceu atletas para o Mundial (13), tem exatamente a soma de jogadores de Benfica e Porto na competição. (RODRIGO BUENO)


Texto Anterior: Enzo Palladini: A solução é o passaporte
Próximo Texto: Atacante espanhol usa cirurgia como desculpa para seca de gols
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.