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Portugal colonizado
Com muito mais dinheiro, clubes espanhóis se apoderam dos jogadores mais ilustres do futebol português, enquanto Fúria tem elenco com menos rodagem
no cenário internacional
DO ENVIADO A DURBAN
A proximidade geográfica
e a distância econômica ajudam a explicar o fato de que o
futebol espanhol tem colonizado o futebol português.
Com liga e clubes bem
mais endinheirados, a Espanha absorve boa parte da nata profissional do vizinho.
Dos 23 jogadores de Portugal nesta Copa do Mundo,
nove jogam ou já atuaram no
futebol espanhol. O próprio
técnico Carlos Queiroz trabalhou no Real Madrid, na temporada 2003/2004.
Bem ao contrário, no elenco da Espanha no Mundial,
só um jogador teve passagem, e breve, pelo futebol
português: Marchena foi do
Benfica, em 2000/2001.
O Real Madrid pagou a cifra recorde de 95 milhões
pelo principal astro português, Cristiano Ronaldo.
E o time merengue, que
também conta com o zagueiro Pepe, contratou para a
próxima temporada o técnico português José Mourinho,
que venceu a Copa dos Campeões deste ano pela Inter de
Milão. Existe a possibilidade
de ele levar Miguel Veloso,
do Sporting, para Madri.
Os jogadores portugueses
estão muito mais acostumados com a vida no exterior do
que os espanhóis.
Enquanto 17 lusos do atual
grupo de Portugal já atuaram
ao menos uma vez fora de
sua terra natal, apenas sete
espanhóis experimentaram
um clube estrangeiro. E, desses sete, quatro foram para o
Liverpool, treinado pelo espanhol Rafael Benítez.
Dentre os 23 de Portugal, já
houve atleta nas ligas de Alemanha, Escócia, Espanha,
França, Grécia, Inglaterra,
Itália e Rússia, além do Brasileiro. Dentre os 23 da Espanha, seis tiveram experiência
na Inglaterra, cuja liga é a
única que supera a da Espanha na Europa, e Marchena
passou pelo Português.
Uma comparação entre os
técnicos também deixa claro
que, no mundo da bola, os
lusitanos são bem mais exploradores e navegantes do
que os espanhóis. Carlos
Queiroz já atuou nos EUA, no
Japão, nos Emirados Árabes
Unidos, na África do Sul, na
Inglaterra e na Espanha.
Vicente del Bosque, que
ganhou espaço como treinador no Real Madrid, tentou a
sorte apenas uma temporada
no exterior, dirigindo o turco
Besiktas em 2004/2005.
A liga espanhola cedeu
quase três vezes mais atletas
para a Copa do que o Português (59 a 21). São 39 jogadores do Espanhol cedidos para
outras seleções e apenas dez
da liga portuguesa convocados por outros países para o
torneio na África do Sul.
O Barcelona, time que
mais forneceu atletas para o
Mundial (13), tem exatamente a soma de jogadores de
Benfica e Porto na competição.
(RODRIGO BUENO)
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