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Globalizado, Scolari vira grife e fatura milhões
Treinador ganha 50% de reajuste na seleção de Portugal e ainda o direito de negociar os seus contratos publicitários até na China
Sucesso do brasileiro no Mundial alavanca exploração de imagem vencedora
Nicolas Asfouri - 8.jul.2006/France Press
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Scolari ainda ganha cerca de R$ 110 mil de contratos publicitários |
ALEC DUARTE
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O sucesso na Copa do Mundo
da Alemanha transformou o
técnico Luiz Felipe Scolari numa máquina de fazer milhões.
Além de acertar uma vantajosa renovação contratual com
a seleção portuguesa, que vai
lhe pagar cerca de R$ 700 mil
por mês até julho de 2008 (um
aumento de 50% com relação
ao acordo anterior), o brasileiro
detém um bem ainda mais valorizado: sua própria imagem.
No contrato com os portugueses, livre de impostos, o
treinador exigiu ter o controle
absoluto sobre a exploração
publicitária. Calcula-se que ele
ganhe até 40 mil mensais (R$
110,9 mil) apenas nesse item.
O estafe do técnico admite
que o nome Scolari virou uma
marca global, disputada por
empresas de todo o planeta.
Parte de seus salários na seleção que alçou ao quarto posto
na última Copa é paga pelos patrocinadores da equipe lusa,
como a multinacional Nike.
Outra fatia é coberta com patrocínios pessoais, como o do
Banco Português de Negócios,
que esteve ao lado do treinador
desde que ele assumiu a seleção de Portugal, em fevereiro
de 2003, e construiu uma trajetória vitoriosa e pontuada por
recordes (31 triunfos à frente
do time e uma invencibilidade
histórica de 19 confrontos).
O fascínio em torno do técnico é tão grande que ao primeiro
sinal do BPN, que acenou com
o redirecionamento de sua estratégia de marketing e o fim
do vínculo com o esporte, outras duas instituições bancárias portuguesas se apressaram
a mostrar interesse em fechar
contrato (Banco Espírito Santo
e Caixa Geral de Depósitos).
No momento, Gilmar Veloz,
empresário de Scolari, está na
Europa negociando diversos
acordos publicitários. "Para
nós, deu tudo certo. [A campanha com Portugal no Mundial]
foi importante para as estratégias dele", afirmou o agente.
Hoje, o brasileiro vende de
tudo, de relógios a serviços
bancários, de seguros a empreendimentos imobiliários.
O poder da grife Scolari não
se restringe à Europa. Na Ásia,
o treinador já possui contatos
na China e no Japão, e hoje é
cobiçado até pela África -ele
estuda propostas de empresas
de Angola, ex-colônia lusitana.
Cômodo na posição de garoto-propaganda (segundo Veloz,
"é uma atividade que lhe dá
muito prazer"), o brasileiro
preparou, há 20 dias, o terreno
para expandir os tentáculos comerciais em sua própria terra.
Por meio de uma liminar obtida na na 18ª Vara Cível de
Porto Alegre, Scolari passou a
ser o detentor exclusivo no
Brasil dos direitos sobre o próprio sobrenome. Desde abril,
ele brigava nos tribunais com
um primo distante pela marca.
"A gente não tem nada planejado. No mês de agosto, vamos trabalhar em cima disso",
disse Veloz, sobre a decisão.
Pelo que pleiteou na Justiça
gaúcha, o treinador tem a intenção de iniciar atividades relacionadas ao segmento esportivo -sobre as quais obteve a
exclusividade da grife.
Procurada pela reportagem
da Folha, a assessoria de imprensa de Scolari informou ontem que ele não faria declarações a respeito do seu sucesso
como fenômeno de marketing.
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