São Paulo, sábado, 29 de julho de 2006

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Globalizado, Scolari vira grife e fatura milhões

Treinador ganha 50% de reajuste na seleção de Portugal e ainda o direito de negociar os seus contratos publicitários até na China

Sucesso do brasileiro no Mundial alavanca exploração de imagem vencedora


Nicolas Asfouri - 8.jul.2006/France Press
Scolari ainda ganha cerca de R$ 110 mil de contratos publicitários


ALEC DUARTE
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O sucesso na Copa do Mundo da Alemanha transformou o técnico Luiz Felipe Scolari numa máquina de fazer milhões.
Além de acertar uma vantajosa renovação contratual com a seleção portuguesa, que vai lhe pagar cerca de R$ 700 mil por mês até julho de 2008 (um aumento de 50% com relação ao acordo anterior), o brasileiro detém um bem ainda mais valorizado: sua própria imagem.
No contrato com os portugueses, livre de impostos, o treinador exigiu ter o controle absoluto sobre a exploração publicitária. Calcula-se que ele ganhe até 40 mil mensais (R$ 110,9 mil) apenas nesse item.
O estafe do técnico admite que o nome Scolari virou uma marca global, disputada por empresas de todo o planeta.
Parte de seus salários na seleção que alçou ao quarto posto na última Copa é paga pelos patrocinadores da equipe lusa, como a multinacional Nike.
Outra fatia é coberta com patrocínios pessoais, como o do Banco Português de Negócios, que esteve ao lado do treinador desde que ele assumiu a seleção de Portugal, em fevereiro de 2003, e construiu uma trajetória vitoriosa e pontuada por recordes (31 triunfos à frente do time e uma invencibilidade histórica de 19 confrontos).
O fascínio em torno do técnico é tão grande que ao primeiro sinal do BPN, que acenou com o redirecionamento de sua estratégia de marketing e o fim do vínculo com o esporte, outras duas instituições bancárias portuguesas se apressaram a mostrar interesse em fechar contrato (Banco Espírito Santo e Caixa Geral de Depósitos).
No momento, Gilmar Veloz, empresário de Scolari, está na Europa negociando diversos acordos publicitários. "Para nós, deu tudo certo. [A campanha com Portugal no Mundial] foi importante para as estratégias dele", afirmou o agente.
Hoje, o brasileiro vende de tudo, de relógios a serviços bancários, de seguros a empreendimentos imobiliários.
O poder da grife Scolari não se restringe à Europa. Na Ásia, o treinador já possui contatos na China e no Japão, e hoje é cobiçado até pela África -ele estuda propostas de empresas de Angola, ex-colônia lusitana.
Cômodo na posição de garoto-propaganda (segundo Veloz, "é uma atividade que lhe dá muito prazer"), o brasileiro preparou, há 20 dias, o terreno para expandir os tentáculos comerciais em sua própria terra.
Por meio de uma liminar obtida na na 18ª Vara Cível de Porto Alegre, Scolari passou a ser o detentor exclusivo no Brasil dos direitos sobre o próprio sobrenome. Desde abril, ele brigava nos tribunais com um primo distante pela marca.
"A gente não tem nada planejado. No mês de agosto, vamos trabalhar em cima disso", disse Veloz, sobre a decisão.
Pelo que pleiteou na Justiça gaúcha, o treinador tem a intenção de iniciar atividades relacionadas ao segmento esportivo -sobre as quais obteve a exclusividade da grife.
Procurada pela reportagem da Folha, a assessoria de imprensa de Scolari informou ontem que ele não faria declarações a respeito do seu sucesso como fenômeno de marketing.


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